Construída entre rochedos no seco e árido condado de Dogon, no Mali, ao pé de uma incrível escarpa de 500 metros de altura, encontra-se uma pequena aldeia chamada Bamba. Tudo aqui está ressecado quando a estação seca atinge seu pico, deixando apenas um lago sagrado cheio de bagres.
Todos os anos, um antigo ritual de pesca chamado Antogo é realizado no lago – um espetáculo que vale a pena ver. A pesca no lago é estritamente proibida durante todo o ano, mas no dia em que se comemora o Antogo, centenas de homens saltam para o lago agarrando os peixes com as próprias mãos. O frenesi dura apenas cerca de 15 minutos. A intensidade do momento é extrema, enorme e avassaladora.
No dia de Antogo, centenas de Dogon vêm de todas as partes do país para o lago Bamba, um lago do tamanho de uma piscina olímpica. Eles se aglomeram ao redor do lago – crianças, jovens e velhos – armados com cestas de pesca em forma de cone e outras ferramentas feitas à mão para pegar os peixes. As mulheres não podem participar do ritual, pois são consideradas impuras devido ao seu ciclo menstrual. O resto se ocupa se preparando para a celebração, trançando seus cabelos e socando milho para o grande banquete.
De repente, 400 homens sem camisa pulam descontroladamente no lago agarrando tudo o que podem. Muitos nativos, tentam pegar os peixes somente com as mãos e outros, usando um covo, uma espécie de cesto trançado em forma de cone e aberto em ambos os lados, feito de galhos finos de árvores. Cerca de 15 minutos depois, um tiro marca o fim do ritual. Todos os peixes capturados são colocados em uma bolsa de couro e entregues ao homem mais velho de Bamba, que garantirá a distribuição adequada entre todas as aldeias.
No passado, a região era coberta com uma exuberante floresta e o lago considerado sagrado por oferecer uma abundância de peixes que os nativos diziam que era devido aos bons espíritos que habitavam as águas do lago. Mas como o tempo, a desertificação da região aumentou e o clima mudou, transformando todo o local numa zona árida, seca e inférteis. O pequeno lago é o último vestígio de uma terra que não existe mais.
Artigo publicado originalmente em agosto de 2015
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