O vale de Kauaeranga, na Ilha do Norte na Nova Zelândia, já foi coberto por vastas florestas de kauri (Agathis australis), uma árvore da família das araucariáceas e consideradas uma das maiores árvores do mundo, podendo atingir de 40 a 50 metros de altura. Tais árvores eram imensas, com tronco grossos e retos.
Quando os primeiros europeus chegaram à Nova Zelândia, descobriram que os troncos kauri davam excelentes mastros para suas embarcações, além de fornecer madeira para o reparo dos cascos dos antigos veleiros. Rapidamente, a kauri se tornou a madeira local preferida por carpinteiros e construtores de navios, por ser durável, forte, reta e uniformemente granulada. Elas tinham poucos nós e eram fáceis de pregar, trabalhar e manusear.
O primeiro corte que se tem registro de uma kauri para ser usado como mastro, foi em 1772 no navio Marion du Fresne. Kauri também era valorizada pela goma que produzia, usada na produção de tintas e vernizes de alta qualidade, linóleo e joias. A goma era extraída na base da árvore, que sangrava do tronco, o que causava a morte precoce de muitas árvores.
Inicialmente, os colonos cortaram as árvores kauri que cresciam isoladas perto do litoral, mas devido a crescendo demanda pela madeira, equipes de lenhadores se deslocaram para o interior das florestas atrás das grandes árvores, para assim abastecerem os mercados locais e exportando, sendo a primeira mercadoria que o país enviou para o mundo.
Registros afirmam que primeiro carregamento de madeira kauri deixou a Nova Zelândia em 1794, levando 200 troncos pelo navio da Marinha Real britânica Fancy, 25 anos após a redescoberta da Nova Zelândia, pelo capitão James Cook em 1769.
As florestas de kauri estavam localizadas no interior da ilha e não havia uma maneira fácil de tiram os pesados troncos das florestas para as serrarias devido ao terreno irregular e extremamente difícil. Uma maneira de transportá-los era flutuando os troncos pelos rios e córregos. Porém os troncos eram imensos, alguns com vários metros de diâmetro, enquanto que os córregos eram rasos, cheios de pedras, dificultando o escoamento das árvores.
Os lenhadores então construíram pequenos diques de madeira, chamados de barragens de condução nos riachos e rios, a fim de aumentar o volume de água. Quanto havia uma boa quantidade de água, a barragem era desmanchada abruptamente, fazendo os troncos serem levados pela força da água. Na década de 1920, cerca de 28 mil árvores foram transportadas pelos os navios ou serrarias desta forma.
Muitas vezes, várias barragens eram construídas em afluentes adjacentes e liberados ao mesmo tempo para aumentar a força da água e assim aumentar a eficácia no transporte dos troncos pelos rios. Tal sistema de transporte causou uma enorme destruição nos córregos e nas florestas, causando a erosão do solo, mas resultou num eficaz meio de transportar dos troncos das montanhas e terrenos irregulares. As barragens também eram impressionantes feitos de engenharia, construídas sem desenhos ou cálculos detalhados, mas foram capazes de suportar a pressão de toneladas de água.
Cerca de 3.000 barragens de condução foram construídas por toda a Nova Zelândia no século 19 e início do século 20. À medida que a atividade madeireira diminuiu, gradualmente as barragens foram sendo abandonadas, deteriorando-se e desaparecendo em seguida. Atualmente apenas algumas ainda permanecem como relíquias desta indústria destrutiva. As magníficas florestas de kauri cobriram na época 1.6 milhões de hectares da Ilha do Norte. A exploração madeireira, o fogo e o desmatamento para a agricultura acabaram deixando apenas 7.000 hectares de floresta nativa hoje em dia.
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