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As casas de barro decoradas de Tiebele

O povo Kassena, pertencente ao grupo étnico Gourounsi, é um dos mais antigos grupos étnicos que se estabeleceu no século 15, no território de Burkina Faso na África Ocidental, e que hoje representa cerca de 6% da população daquele país podre e que já sofreu muitas secas e golpes militares. Sendo ex-colônia francesa, já foi chamada de Alto Volta e conquistou sua independência em 1960. Em 1984, o nome do país foi mudado para o atual, um ano após o terceiro golpe militar desde a independência. Mas é na província de Nahouri, no centro-sul deste país que não está nas listas de destinos turísticos mundiais e próximo a fronteira com Gana, que está localizada a vila de Tiebele, conhecida pela sua extraordinária arquitetura gourounsi e pelas suas casas, com uma decoração extremamente elaborada.

As casas de barro decoradas de Tiebele

No passado, esse grupo étnico lutava constantemente contra povos vizinhos e também contra invasores em busca de escravos e por isso a cautela do povo Kassenas em relação a visitantes e sua vila se mantém isolada e fechada para pessoas de fora, apesar de ter um interesse do governo, em transformar o local em destino turístico para gerar recursos financeiros para a sua conservação. Os Kassenas são um povo criativo e se pode ver isso em suas máscaras feitas em madeira, bem como figuras antropomórficas esculpidas em argila e madeira, e outros objetos, tais como: joias, cestas de palha, objetos de cozinha e móveis de madeira. A grande maioria desses objetos, são criados para honrar os espíritos. Mas é na construção e decoração de suas casas que se pode observar a magnífica arte deste povo.

As casas de barro decoradas de Tiebele

No passado, as casas eram construídas com terra, madeira e palha. A terra misturada com palha e estrume de gado era molhada até formar uma pasta, e com isso eles conseguiam moldar superfícies verticais e telhados planos. Atualmente, eles utilizam tijolos de barro nas paredes, com a fundação da casa feitas com pedras. As casas de Tiebele foram feitas para defesa, seja contra o clima, quanto para os inimigos. As paredes tem cerca de 30 centímetros de largura e são construídas sem janelas, exceto por uma ou duas pequenas aberturas que permitem a entrada da luz o suficiente para se enxergar em seu interior. A porta de entrada têm apenas cerca de 70 centímetros de altura, o que bloqueia o sol e dificulta a entrada de inimigos em caso de ataques.

Depois de construídas, as mulheres fazem murais esculpidos ou pintados nas paredes usando lama colorida e giz branco. Os temas e símbolos, tem como inspiração, o ambiente ao redor, animais e suas crenças religiosas, mas em sua grande maioria, compostos de figuras geométricas. Depois de concluída, as paredes são cuidadosamente polidas com pedras, onde cada cor é polida separadamente para que as cores não borrem umas as outras. E depois, toda a superfície é revestida com um verniz natural feito de vagens fervidas de neré, a alfarrobeira africana. A decoração é geralmente feita bem antes da estação chuvosa e todo esse trabalho feito nas paredes, protege também o exterior contra as intempéries do tempo. Adicionando estrume de gado, comprimindo camadas de lama, polindo a última camada e envernizando com néré, faz com que as paredes resistam ao tempo úmido, permitindo que a estrutura dure mais. Algumas das casas com decoração mais elaboradas, não são residências, mas sim mausoléus onde repousam os mortos.

As casas de barro decoradas de Tiebele

A crença do povo Kassena é de um criador supremo, e um altar a esse deus ocupa o centro de todas as vilas. Um elemento deste deus criador é “Su“, um espírito que habita uma máscara o qual é reverenciado na mais antiga e sagrada máscara da comunidade. Esse espírito pode ser utilizado para o benefício de todos ou para prejudicar seus inimigos. Quando esse espírito está satisfeito com as oferendas recebidas, a harmonia na comunidade é alcançada. Esse espírito também é responsável pela fertilidade humana e é reconhecido pelo seu papel na continuidade da vida. Cada família extensa mantém sua própria cabana, na qual os objetos mágicos da linhagem são mantidos. Os objetos permitem que a família mantenha contato com as forças vitais da natureza. Esses objetos são de propriedade comunal da linhagem, proporcionando proteção e coesão entre todos os membros da família. Dentro do palácio ao lado da casa do chefe da vila, também tem um altar para as oferendas as suas crenças religiosas, conhecido como “animista“.

As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

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As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

As casas de barro decoradas de Tiebele

Crédito das fotos: Rita Willaer

Fontes: 1 2

“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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