Em 1978, um grupo de vinte e quatro pessoas que pertenciam a uma comunidade espiritual chamada Federação de Damanhur, liderada por seu fundador Oberto Airaudi (1950-2013) ou Damanhurian Falco como preferia ser chamado, começaram a escavar sob os pés dos Alpes italianos, em Valchiusella, na região de Piemonte, norte da Itália cerca de 48 km ao norte da cidade de Turim.
Trabalhando somente a noite para não atrair curiosos e usando apenas pás e picaretas, as pessoas se revezaram cavando a montanha. Eles trabalharam com grande fervor e já nas primeiras horas, avançaram bastante dentro da montanha, sempre seguindo os planos visionários de seu líder, que diz ter recebido o projeto para a construção do templo de um objeto esférico vindo do céu nas colinas Monti Pelati na Itália, quando tinha 10 anos de idade em uma vida anterior. O trabalho de escavação e construção continuaram durante quinze anos sob total sigilo. Para ocultar o movimento e sons das escavações, a comunidade costumava fazer festas que duravam horas, mas isso não agradou seus vizinhos.
Em 1991, a polícia italiana se deslocou para o vale de Valchiusella, sob a suspeita de crime de evasão fiscal da comunidade. As acusações eram infundadas, mas ao longo dos anos, a comunidade reclusa tinha atraído diversas suspeitas e atenção negativa da imprensa por suas práticas incomuns. Um ano depois, a polícia voltou novamente ao local, munido de um mapa obtido de um ex membro descontente da comunidade que tinha tentado chantagear o grupo, informando sobre as escavações de templos secretos na montanha, sem as devidas licenças governamentais. O mapa informava uma entrada ao santuário, mas as informações contidas nele, eram ultrapassadas em mais de uma década e assim a polícia não conseguiu encontrar nada, e ameaçou dinamitar toda a encosta até encontrar o que aquela comunidade estranha estava escondendo. Sem muitas opções, o grupo levou os policiais e representantes do Ministério Público aos templos secretos.
Uma vez aberta a porta muito bem escondida, os policiais abismados tiveram acesso ao primeiro templo: uma sala subterrânea de oito metros de diâmetro sustentada por colunas esculpidas, e revestidas com folhas de ouro. As paredes e teto estavam cobertos por pinturas de cores exuberantes; vitrais e uma imensa claraboia central que iluminava o ambiente com uma luz multicolorida por todos os lados. Esta câmara chamada Sala da Terra (Hall of Earth), era apenas a primeira de um complexo arquitetônico de 8.500 m³, com nove espaços interligados em cinco níveis, situados a trinta metros abaixo da superfície, que compõem Damanhur. São sete salas principais: Hall of Water, Hall of the Earth, Hall of Metals, Hall of Mirrors, Hall of Spheres, Labyrinth e Blue Temple.
Em outubro de 1992, uma conferência de imprensa foi realizada em Damanhur para anunciar a existência dos Templos da Humanidade, mas os problemas da comunidade ainda não haviam acabado. O magnifico refúgio construído dentro de uma montanha foi apelidada de 8ª maravilha do mundo pela imprensa enquanto a Igreja Católica instigava as autoridades locais para que destruíssem os templos. A construção foi condenada por infringir diversas leis e se iniciou uma longa batalha judicial com grande repercussão da mídia.
A comunidade recebeu apoio internacional que pressionou governo italiano a voltar atrás em sua decisão de destruir os templos e assim deu permissão retroativa a comunidade para a escavação e continuação na construção templo, não antes de multar a comunidade. Atualmente, os Templos da Humanidade são um tesouro nacional e abertos ao público. Em 2001, o templo recebeu do Guinness World Record o certificado como sendo o maior templo subterrâneo do mundo. A comunidade em Piemonte tem 1.200 membros local e atividades espalhadas pela Europa, Japão e Estados Unidos, que colaboram com organizações internacionais empenhadas no desenvolvimento social, cívico e espiritual do planeta.
Damanhur é auto sustentável com uma estrutura social e política, com constituição, atividades econômicas, jornal diário, uma revista, estúdio de arte, centro de pesquisa, escolas para as crianças e inclusive, com moeda própria. Mas a comunidade é de difícil definição: Alguns site definem ela como uma escola mística que recusa os limites e constrangimentos que os seres humanos, por tradição e convenção impõem neles mesmos. Cada membro escolhe um caminho onde irá desenvolver o seu crescimento espiritual de acordo com as suas aspirações, preferências ou capacidades. A base filosófica eclética da comunidade mescla crenças neo pagãs e da nova era. O seu nome foi inspirado da antiga cidade egípcia de Damanhur, onde está localizado um templo de culto ao deus Hórus, significando literalmente “Cidade da Luz”.
Site oficial: www.damanhur.org
Magnifico, isto é possível quando os humanos não perdem a sua energia a ganhar dinheiro mas investem em seus talentos e expressões espirituais! E uma honra ver tal lindeza!