Karni Mata, o templo dos ratos na Índia

A Índia é um país incomum, onde as pessoas veneram cerca de 33 milhões de deuses, e que podem estar encarnados em pedras, flores, animais ou em qualquer outro objeto em que as lendas indianas dizem conter um deus. O templo Karni Mata, na pequena vila de Deshnoke, a cerca de 30 quilômetros ao sul de Bikaner no Rajastão, é um dos templos mais estranhos do mundo, um lugar que é o lar de mais de 20.000 ratos, que são chamados pelos indianos de “Kabbas“, e são adorados pelos devotos que fazem fila e tiram os sapatos para entrar no lugar, vindos de lugares distantes para visita-lo, rezar e fazer oferendas.

Devido a serem deixados em paz há décadas, os ratos em Karni Mata, não tem medo dos humanos e estão por todos os lados do templo. Eles podem ser vistos dormindo solitários em qualquer canto, ou dezenas deles juntos ao redor de bacias contendo leite, cascas de coco e outros alimentos que as pessoas trazem diariamente. No templo, as pessoas andam com muito cuidado, para não pisar em algum rato e ser responsável pela sua morte, pois pagará caro pelo incidente e terá que substitui-lo por um feito totalmente em ouro maciço, caso contrário, será amaldiçoado pelo resto da vida. Para manter os ratos salvos de predadores, há grades e uma imensa tela aramada sobre as áreas a céu aberto do templo impedindo a entrada de aves. Um zelador com sua família moram no templo, para cuidar dos bichos e na manutenção do templo.

A lenda diz que Karni Mata, foi uma mulher hindu do século 14, nascida na casta Charan e venerada como encarnação da divindade Durga, deusa do poder e da vitória pelos seus devotos seguidores, sendo uma divindade oficial das famílias reais de Jodhpur e Bikaner. Ela viveu uma vida ascética e em algum momento de sua vida, o filho de um membro de seu clã morreu. Ela tentou trazer a criança de volta à vida, mas foi informada por Yama, o deus da morte que isso era impossível, uma vez que a criança já havia reencarnado, e então ela fez um acordo com Yama, que desse momento em diante, todas as pessoas de sua tribo iriam renascer como ratos até que pudessem ser trazidos de volta para o clã.

No hinduísmo, a morte marca o fim de um capítulo e o início de um novo caminho para uma eventual união da alma com o universo. Este ciclo de transmigração é conhecido como samsara e é por isso que os ratos de Karni Mata são tratados como sagrados. A construção do templo foi por ordem do marajá Ganga Singh, de Bikaner e criado na sequência do misterioso desaparecimento de Karni Mata. O templo é decorado com mármore branco, esculpido em alto e baixo relevo e suas portas são revestidas de prata trabalhadas também em relevo.

É considerado auspicioso se um rato atravessar os pés de uma pessoa, especialmente se ele for um rato branco, que é considerado sagrado, pois acreditam serem as manifestações de Karni Mata e de seus quatro filhos. Os visitantes fazem grandes esforços para se aproximarem dos ratos brancos e lhe trazem um alimento doce, que é benzido e considerado sagrado, chamado Prasad. Estima-se que existem apenas 10 ratos brancos entre os milhares que vivem no templo.

Comer alimentos que tenham sido mordiscado por um rato é considerado uma bênção. Os visitantes muitas vezes comem doces e bebem o leite que tenha sido experimentado pelos ratos e surpreendentemente, nunca houve nenhum indício de peste na região o que é considerado um milagre de Karni Mata. Já os ratos sofrem de várias doenças relacionadas ao estômago e diabetes devido a dieta pouco saudável de doces e leite. De tempos em tempos, epidemias dizimam a população de ratos, mas pouco tempo depois, os sobreviventes voltam a se multiplicar, tornando se ratos saudáveis. É cobrado uma entrada ao templo, desde 1999.

Fontes: 1 2

“Tudo o que o homem não conhece não existe para ele. Por isso, o mundo tem para cada um o tamanho que abrange o seu conhecimento”. – Carlos Bernardo González Pecotche

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