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Naghol, o ritual do pulo para a morte

Na sociedade moderna, os homens tem desenvolvido abordagens mais sofisticadas e sutis em relação a demonstração de sua virilidade em comparação aos antepassados, como aumentar os músculos e o tórax em dezenas de horas em academias, mas para os homens da tribo Sa, da parte sul da Ilha de Pentecostes, no Arquipélago de Vanuatu, no Oceano Pacífico, um mergulho no vazio em direção a terra é um milenar ritual de masculinidade e um rito de passagem para meninos acima de sete anos de idade.

Durante este ritual, chamado Naghol ou N’gol, que significa ‘salto no vazio‘ que ocorre todos os sábados entre abril e junho, homens e meninos saltam de torres improvisadas de madeira com cerca de 20 a 30 metros de altura, com um tipo de cipó enrolado nos tornozelos, chegando a atingir uma velocidade de cerca de 72 quilômetros por hora, um costume que inspirou a criação do bungee jumping. De acordo com o Guinness Book, o livro de recordes, a força G experimentada pelo mergulhador em seu ponto mais baixo do salto, é a maior do mundo, experimentada por seres humanos não industrializados.

Naghol, o ritual do pulo para a morte
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Sem qualquer tipo de equipamento de segurança ou cálculo mais apurado, os saltadores menos experientes começam nas plataformas inferiores e o ritual termina com homens mais experientes saltando das plataformas mais altas – um mergulhador morreu em 1974, durante a visita da Rainha Elizabeth IIª ao país. Já os meninos, a altura do salto varia bastante, aos sete anos é de alguns metros, e vai aumentando conforme a idade, treinando assim as crianças desde cedo.

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Os saltos são realizados nessa época do ano, pois os cipós se tornam mais elásticos, devido ao clima e ao tratamento recebido. Cada mergulhador constrói sua própria plataforma, sob a supervisão de um chefe local e confecciona seu próprio cipó, para que ninguém possa ser culpado se morrer. As torres de madeira levam até sete semanas para serem concluídas e são construídas em colinas íngremes e, de acordo com a tradição, apenas o ombro (o solo é molhado na noite anterior para torna-lo o mais suave possível e assim amortecer melhor o choque) do mergulhador deve tocar o solo, pois acredita-se que isso fecundará a cultura de inhame.

Superstições e crenças são levadas a sério durante os dias de saltos – os participantes passam a noite debaixo da torre para afastar os maus espíritos e são recebidos na manhã seguinte com cantos e danças. Antes do salto, a pessoa faz uma prece, limpando sua alma, de modo que se ele morrer, estará limpo dos pecados que cometeu em vida.

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Um bom mergulho não só demonstra a masculinidade e a coragem do mergulhador, mas também garante uma colheita de inhame abundante para o ano, e remove as doenças associadas com a estação chuvosa. Uma lenda local diz que a tradição começou quando uma mulher fugiu de seu marido violento e se refugiou em uma árvore alta. O marido, Tamalie ordenou-lhe que descesse. Ela se recusou, foi então que ele subiu a árvore atrás dela e aos gritos, ela dizia que ele era um covarde e quando ele alcançou o topo, ela pulou.

Tomado por uma raiva insana, Tamalie pulou atrás dela e morreu ao chegar ao solo. Ela sobreviveu, pois havia amarrado seus calcanhares com um cipó de videira, enquanto ele saltou no vazio para a morte. Até hoje, os homens saltam da torre como uma demonstração de força para as mulheres da aldeia e como uma declaração de que eles não poderão ser enganados novamente. Mesmo que a lenda diz que foi uma mulher que fez o primeiro salto, só os homens são autorizados a saltar.

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Fontes: 1 2 3

“Aprenda com o ontem, viva para o hoje, acredite no amanhã. O importante é não parar de questionar!”. – Albert Einstein

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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