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Narcotumbas, os mausoléus faraônicos dos criminosos mexicanos

Os luxos dos criminosos mexicanos não conhecem limites, quer na vida ou na morte. Um dos cemitérios em Culiacán, capital do estado de Sinaloa, no México é o lugar de descanso final não oficial de muitos narcotraficantes do Cartel de Sinaloa, onde famílias ligadas ao cartel construiram mausoléus luxuosos e faraônicos, conhecidos por lá como “narcotumbas”. O cemitério é chamado Panteón Jardines del Humaya e muitas câmaras funerárias são equipadas com todas as comodidades modernas, e que a grande maioria dos mexicanos não tem e só podem sonhar com isso.

Muitos desses mausoléus também guardam os itens mais estimados pelos falecidos barões das drogas, tais como: armas banhadas a ouro, joias e até carros. Outros tem grandes fotos dos falecidos com mensagem dos parentes ou fotos de seus carros, barcos ou aviões decorando as paredes. Estátuas de São Judas Tadeu, Jesus Malverde ou Santa Muerte também fazem parte da decoração.

Narcotumbas, os mausoléus faraônicos dos criminosos mexicanos

Neste cemitério em particular, construído em 1966, é normal encontrar santuários fúnebres de dois ou três andares, com sala de estar equipados com ar condicionado ligado 24 horas, wi-fi, suítes nupciais, sistema de alarme, televisão por satélite, vidros à prova de bolas e caixões banhados a ouro. Alguns mausoléus são construídos inteiramente de mármore e se parecem com pequenas catedrais. Outros são modernos e contemporâneos. Quase todos têm cruzes ou torres no topo. Tudo isso, para que os membros da família do falecido possam visitá-lo e terem o maior conforto possível.

Os valores das tumbas vão de 7.000 dólares, feitas para os capangas dos chefões vivos ou mortos, a outros que custaram mais de um milhão de dólares, para os próprios chefões. Se criou uma verdadeira indústria da morte, pois além das tumbas e mausoléus, os pedreiros e carpinteiros já trabalharam em mais de 200 cenotáfios, que são altares erguidos para lembrar os mortos no local onde morreram.

O mais famosos desses cenotáfios fica no meio de um imenso estacionamento de um shopping center em Culiacán, onde Edgar Guzman, filho do chefão El Chapo Guzman, foi morto a tiros em maio de 2008. A quantidade desses memoriais é tanto, que a cidade é conhecida por alguns, como a “cidade das cruzes“. Já a fama do cemitério começou na década de oitenta, quando foi enterrado nele, Lamberto Quintero, famoso traficante de maconha e sendo um dos primeiros narcotraficantes mexicanos.

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Nas primeiras quadras do cemitério, os túmulos são simples, muitas vezes apenas um cruz de madeira marca o local da sepultura de uma pessoa pobre, mas a medida que se aproxima da parte de trás do cemitério, a suntuosidade dos mausoléus impressionam. Os nomes dos proprietários, datas ou epitáfios de alguns deles são omitidos de propósito, para evitar que grupos rivais vandalizem às sepulturas.

Diariamente após as dezessete horas, o cemitério se torna um lugar de festas e excessos. Comboios de carros e caminhões trazendo “parentes e amigos” chegam ao anoitecer e as festas duram a noite toda, regatas a bebidas e drogas e com direito a disparos de armas durante a madrugada. As festas são tão frequentes, que a administração do cemitério tem uma relação de mais de 135 bandas de músicos em seus registros que podem ser contratadas a qualquer momento. Serenatas para os mortos, feitas em frente aos mausoléus, são o serviço de música mais contratado.

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Os narcotraficantes mexicanos sabem que suas vivas são curtas, a maioria não passa dos quarenta anos e assim, muitos deles mandam construir os mausoléus ainda em vida. Praticamente todos os chefões no narcotráfico foram mortos, apenas um permanece vivo, sendo mantido em uma prisão federal dos estados Unidos.

Conheça alguns dos extravagantes mausoléus e seus falecidos ocupantes.

Manuel Torres Felix – The Crazy One

Do Cartel de Sinaloa, morto em 2012, era conhecido como “The Crazy One“. Manuel Torres Felix era famoso pelas alterações de humor imprevisíveis e violência extrema, e tendência a perder as estribeiras na menor das provocações. Seu mausoléu custou 340.000 dólares e é relativamente simples, comparados com alguns mais contemporâneos, no entanto, foi construído no estilo ateniense antigo, com colunas gregas dentro e fora, com uma câmara funerária em mármore, cozinha e sala de jantar

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Arturo Beltrán Leyva – Boss of the Bosses

O “chefe dos chefes” e fundador do Beltran Layva Cartel, que controla hoje grande parte do sudeste do México foi morto em 2009 numa luta com o exército mexicano que enviou 200 soldados, dois tanques e dois helicópteros para derrubar Arturo e seus três capangas. Arturo foi um dos traficantes mais ricos de todos os tempos e seu mausoléu com 250 metros quadrados custou 650.000 dólares. Ele tem Wi-Fi, televisão por satélite, sistema de alarme, ar condicionado ligado 24 horas, dois quartos, sala de estar, área de recreação para crianças, terraço, cozinha e estacionamento.

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Ignacio Coronel (Nacho Coronel el Capo) – The King of Cristal

Um dos quatro fundadores do Cartel de Sinaloa, Ignacio Coronel morto em 2010, controlava todas as operações com metanfetamina da organização criminosa, desde a produção, contrabando pela fronteira, até a sua venda no mercado dos EUA. Ele foi tão bem sucedido, que ganhou o apelido de “Rei do Cristal”. Seu mausoléu custou 450.000 dólares e é equipado com um sistema de música integrado, que detecta onde os visitantes estão localizados e muda o volume em conformidade. Também possui Wi-Fi e sistema de alarme que envia o vídeo do intruso diretamente aos celulares dos chefes do Cartel.

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Ines Calderon – The Engineer

Morto em 1988, Ines Calderon é conhecido como “O Engenheiro”, por seus métodos criativos de contrabandos e foi um dos pioneiros no tráfico de cocaína e heroína para os Estados Unidos, nos anos 70 e 80. Começou sendo um assassino freelance em Sinaloa, e ficou por anos no topo da lista dos mais procurados do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, depois de torturar e matar um agente da DEA, que estava investigando ele.

Seu mausoléu custou 550.000 dólares, e tem teto abobadado, ar condicionado, segurança 24 horas e uma das mais cobiçadas salas de reuniões de Sinaloa, no segundo piso de seu mausoléu. As flores que compõem a tumba são trocadas de cinco em cinco dias religiosamente.

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Hector Luis Palma Salazar – El Guero

Hector, o El Guero foi um dos chefes mais brutais e temidos do Cartel de Sinaloa. Ele era famoso pelo seu controle sobre as autoridades mexicanas, em subornar e ameaçar juízes e manter a polícia em sua folha de pagamento. Após uma temporada em uma prisão mexicana, ele descobriu que sua esposa havia fugido com o amante. Hector mandou alguns capangas atrás dela, que enviaram uma semana depois, a cabeça de sua esposa pelos correios.

No momento, quem ocupa o mausoléu é sua esposa, enquanto ele está encarcerado numa prisão federal dos Estados Unidos. O mausoléu construído para ele tem uma escada espiral que leva a uma suíte nupcial com ar condicionado e uma visão de 360 graus das colinas circundantes. Bem como Wi-Fi, quartos, uma grande sala de estar e cozinha anexa. Conta também com um sistema que libera o perfume preferido de sua esposa pelo ambiente.

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Amado Carrilo – The Lord of the Skies

Amado Carrilo, O Senhor dos Céus morreu em 1997 e era chefe do Cartel de Juarez, e foi um dos mais poderosos senhores das drogas em sua época. Ele acumulou uma fortuna de mais de 25 bilhões de dólares, e construiu palácios por todo o estado de Chichuahua, no norte do México. O mais extravagante deles é conhecido como “Palácio das Mil e uma Noites”. Ficou famoso por assassinar brutalmente todos os guardas que o tratou mal, quando estava preso.

Morreu em 1997, numa mesa de operações, durante uma cirurgia plástica facial que iria modificar completamente sua aparência. Sua tumba custou 490.000 dólares e é em estilo neo-gótico de acordo com o gosto pela arquitetura clássica do falecido, e tem uma capela com capacidade para 50 pessoas. Seu mausoléu não fica no cemitério em Culiacán, mas sim em uma de suas propriedades no norte do México.

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Arturo Guzman Loera – The Chicken (El Pollo)

O irmão de El Chapo, Arturo Guzman Loera foi assassinato em 2004 dentro da prisão, enquanto se reunia com seu advogado. Suspeito por passar informações as autoridades, os guardas da prisão o deixaram sozinho com os guardas costas que acompanhavam o advogado e foi encontrado morto com várias facadas.

O complexo de mausoléus em que esta enterrado, foi construído pelo seu irmão, chefe do narcotráfico, Joaquian ‘El Chapo Guzman’ e custou 1.200 milhões de dólares. São cinco edifícios separados em estilo moderno, um para cada um dos irmãos Guzman, do qual ele era o mais velho e único ainda vivo. Os mausoléus tem ar condicionado, vigilância 24 horas, quartos no andar de cima para as visitas dos familiares.

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Mais fotos do cemitério Panteón Jardines del Humaya

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Fontes: 1 2 3

Publicado originalmente em dezembro de 2016

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