Histórias

Os destemidos das Cataratas do Niágara

As Cataratas do Niágara são de uma beleza e poder impressionantes e tem atraído visitantes há séculos. Mas algumas pessoas não só as visitam como também pulam em suas águas, seja por quererem acabar com suas vidas, ou aventureiros a procura de fama e dinheiro. Dizem que elas exercem uma atração hipnótica que faz certas pessoas terem uma compulsão incontrolável de pular e se juntar aquelas águas turbulentas. Talvez seja a mesma atração que faz às pessoas quererem escalar o monte Evereste, mesmo com às centenas de mortes já ocorridas na montanha.

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As autoridades alegam que resgatam uma média de 20 pessoas por ano das águas do Rio Niágara, perto das quedas. Uma estimativa aponta que cerca de 5.000 corpos foram encontrados no pé das quedas desde 1850,  e que cerca de 40 pessoas são mortas todo ano, afogando-se nas cataratas, a maioria por suicídio. Desde 1901, 16 pessoas desceram as Cataratas em nome da aventura. Destas 16 pessoas, 11 sobreviveram, sendo que duas delas desceram duas vezes as Cataratas do Niágara.

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As Cataratas do Niágara são três quedas d’água que ficam no rio Niágara, entre o Canadá e o Estado americano de Nova York. Na parte canadense, é somente uma, chamada de Catarata de Ferradura e nas Cataratas Americanas com 253 metros de largura e 55 metros de queda vertical, o rio é dividido por uma pequena ilha, a ilha Luna, criando um terceira catarata menor, conhecida por Véu de Noiva, com 17 metros de largura. Estima-se que 10% da água do Rio Niágara vão para as Cataratas Americanas, enquanto 90% vão para a Catarata da Ferradura, todas desaguando no lago Maid of the Mist abaixo. As Cataratas de Ferradura, no lado canadense, têm o maior volume d’água e uma queda vertical de 52 metros até o nível da água, mais 55 metros até a base das Cataratas.

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A palavra inglesa daredevil é o termo usado para descrever pessoas que adoram correr riscos e se aventurar em atividades perigosas. Em português dizemos “destemido“, “audaz“, “intrépido“, “valente“, “corajoso“, “ousado“. Veja alguns dos ‘daredevil’ que desafiaram as Cataratas do Niágara.

Sam Patch – 1829

A série de aventureiros que desafiaram as Cataratas do Niágara começou em 1829, com Sam Patch de 22 anos, mais conhecido com seu nome artístico de “The Yankee Leaper“, que mergulhou de uma plataforma localizada na Goat Island, entre as cataratas americanas e canadenses. Meses mais tarde, ele pulou novamente, para um público maior, porém seu nome raramente consta em lista de pessoas que desafiaram a cataratas, uma vez que ele pulou na lateral da queda d’água, sem enfrentar realmente o turbilhão das cataratas. No mesmo ano, Sam Patch morreu afogado quando mergulhava no rio Genesee em Rochester, Nova York.

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Annie Edson Taylor – 1901

Já em 1901, foi a vez de Annie Edson Taylor, uma viúva, professora de educação física e dança aposentada de 63 anos, mas que dizia que tinha 43 anos, de Bay City, Michigan. Annie estava atrás de dinheiro e fama. Ela modificou um barril usado em salmoura em seu pulo nas traiçoeiras águas e contratou Frank Russell, um agente e promotor para divulgar o evento, e para isso ele colocou em exposição uns dias antes dela descer as cataratas, o barril que seria usado por Annie, numa loja central da cidade de Buffalo, e aquilo chamou a atenção dos jornais na época, que estampavam nas capas, a manchete sobre a misteriosa mulher que decidiu cometer suicídio em frente a uma multidão de pessoas.

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E no dia de seu aniversário, 24 de outubro, Annie entrou no barril, e desceu as Cataratas com vários reportares e milhares de espectadores assistindo. Ela comprimiu o ar do barril para 30 psi com uma bomba de encher pneus de bicicleta e assim acreditando ter 50 minutos de ar dentro do barril, amarrou vários travesseiros em seu corpo e usou uma bigorna de 200 quilos no fundo do barril para mantê-lo na vertical no momento da queda.

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Dezessete minutos depois, ela foi retirado com vida de dentro do barril. Annie tinha apenas uma contusão na cabeça e estava muito traumatizada, e após se recuperar da façanha, disse aos jornalistas: “Cada segundo que passei dentro do barril, eu orei, exceto por alguns segundos quando perdi a consciência após a queda. E até o meu último suspiro, vou desencorajar outros a fazerem o que fiz hoje! Eu preferiria andar até a boca de um canhão, sabendo que ia me explodir em pedaços do que fazer outra viagem através das cataratas” Annie havia feito dois testes dentro do barril, enfrentando o rio Niágara, antes da queda nas cataratas. No primeiro teste no dia 18 de outubro, seu gato de estimação, Lagara não sobreviveu, e a causa da morte provavelmente foi de asfixia, já o segundo teste foi quatro dias antes da queda, porém foi cancelado devido aos ventos.

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Ela ganhou algum dinheiro posando para fotos ao lado de seu barril e vendendo cartões postais. Annie e Frank, seu agente tiveram uma discussão financeira, e ele acabou fugiu com seu barril, querendo usa-lo como resgate e a “A Heroína das Cataratas do Niágara” como Annie ficou conhecida, gastou com investigadores tentando encontrá-lo, depois conseguiu seu barril de volta, quando o caso foi parar nos tribunais. Em relação ao seu barril, Annie não teve sorte, pois contratou um novo agente, William A. Banks, que também acabou roubando o barril e vendo por 500 dólares, uma pequena fortuna na época para uma empresa teatral e Annie nunca mais conseguiu seu barril de volta.

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No fim, ela morreu em abril de 1921, sem dinheiro, na Enfermaria Municipal do Condado de Niágara em Lockport, Nova York. Para que não fosse enterrada como indigente, os amigos levantaram fundos e a enterraram no histórico Oakwood Cemetery, onde estão enterrados outros destemidos das Cataratas do Niágara. Mas apesar de Annie morrer pobre, ela entrou para a história como a primeira pessoa a sobreviver a queda das Cataratas do Niágara, com direito a uma estátua no museu de cera de Madame Tussauds, bem como uma réplica de seu barril.

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Robby Leach – 1911

Robby Leach era um dublê do circo Barnum & Bailey Circus, de Cornwell, Inglaterra e queria realizar três desafios no rio Niágara: viajar de barril pelas correntezas conhecidas como Whirlpool Rapids, saltar de paraquedas da ponte Upper Suspension para o lago Maid of the Mist, ponte essa que fica depois das Cataratas do Niágara e descer as cataratas dentro de um barril. Ele completou os dois primeiros desafios em 1908 e 1910 e em 25 de julho de 1911, entrou em seu barril de aço de 2,4 metros nas correntezas do rio Niágara na Navy Island em direção as Cataratas Canadenses. Levou 18 minutos para chegar às cataratas e outros 22 minutos para ser resgatado, uma vez que seu barril ficou preso entre as pedras. Ele sobreviveu a queda, mas quebrou o maxilar e as duas rótulas do joelho e ficou seis meses no hospital.

Depois de recuperado, começou a viajar o mundo acompanhado de seu barril e falando de sua façanha. Em 1926 na Nova Zelândia, ele escorregou numa casca de laranja e fraturou a perna, que infeccionou causado gangrena e teve que ser amputada. Bobby Leach morreu devido a complicações dois meses depois.

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Charles Stevens – 1920

Charles Stevens era um barbeiro de 58 anos de Bristol, Inglaterra. Era pai de onze filhos e ganhou reputação na Europa, numa série de altos mergulhos e saltos de paraquedas e era conhecido como “O barbeiro demônio de Bristol”. Ele foi para as Cataratas do Niágara no verão de 1920 para descê-las em um barril muito pesado, feito de carvalho russo. Bobby Leach e William Hill, um homem local que havia resgatado muitas pessoas das águas turbulentas do Niágara, tentaram convencer Charles de que aperfeiçoasse e testasse o barril antes, mas ele se recusou. William Hill sugeriu que ele deixasse o barril desocupado descer as cataratas antes para testar sua durabilidade, mas foi em vão. Sua teimosia causou sua morte.

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Ele tornou-se a terceira pessoa a descer as Cataratas de barril e a primeira a morrer. O seu barril era grande e pesado, com tiras para os seus braços. Ele amarrou uma bigorna nos pés para ter equilíbrio, colocou os braços nas tiras e, relutantemente concordou em levar um pequeno tanque de oxigênio. Quando o barril atingiu a água na base das Cataratas, a bigorna quebrou o fundo do barril, levando Charles com ela. Tudo o que se conseguiu recuperar foi seu braço direito ainda amarrado nas tiras. No braço estava tatuado a frase “Forget Me Not Annie“. Sua história foi contada no documentário da Discovery Channel: As Mais Estranhas Formas de Morrer (Capítulo: O Ator, o aventureiro e a banhista).

Jean Albert Lussier – 1928

Jean A. Lussier de 36 anos em vez de enfrentar as Cataratas de Ferradura em barris de madeira ou ferro, como os anteriores, construiu uma grande bola de borracha, que o protegeria durante a queda e contra as pedras abaixo, gastando cerca de 1.500 dólares. Jean nasceu nos Estados Unidos, porém seus pais franceses, voltaram para o Canadá assim que ele nasceu e ele viveu em Quebec até os 16 anos, quando se mudou para New Hampshire para aprender a falar inglês.

Com a ajuda da empresa Akron Rubber Company, ele construiu uma bola de borracha de 1,8 metros de diâmetro que era ligada por ataduras de aço e 32 câmaras de ar que serviam para absorver o choque. Na parte central aberta onde Jean tinha que ficar, havia um travesseiro de ar e válvulas atadas a tanques de ar que forneceriam a ela 40 horas de oxigênio no caso dele ficar preso embaixo d’água. “A Bola”, como era chamada tinha 68 quilos de borracha pesada em sua parte inferior para dar equilíbrio.

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No dia 4 de julho de 1928, Jean conseguiu enganar a polícia e entrou no rio Niágara a cerca de três quilômetros das cataratas e remou sua bola até lá. A parte inferior para dar equilíbrio foi arrancada da bola, antes mesmo dele chegar as cataratas e três câmaras de ar estouraram na queda, mas Jean conseguiu sair ileso da façanha.

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A fim de lucrar com seu sucesso, Jean começou a vender pedaços de borracha de sua bola para os turistas como lembrança e até lançou mão de vender pedaços de pneus de borracha quando a bola real havia acabado. Em 1952, com a idade de 61 anos, ele tinha o sonho de ser o único homem a enfrentar as duas Cataratas e começou a fazer planos para outra bola de borracha, desta vez com o dobro de tamanho da original. Esta bola teria 550 quilos incluindo ele e teria três camadas feitas de cortiça, de alumínio e de borracha com uma série de cintas de aço em volta, porém seu sonho nunca foi concretizado.

George Stathakis – 1930

O grego George Stathakis de 46 anos era chef de cozinha na cidade de Buffalo, em Nova Iorque. Se considerava um místico religioso e queria levantar dinheiro para publicar seus livros sobre experiências metafísicas. Em um de seus livros não publicados, ele dizia que havia nascido há mil anos atrás nas margens do rio Abraham, na África Central e falava das Cataratas do Niágara em um sentido místico.

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George sempre remava no rio Niágara, chegando cada vez mais perto das cataratas a cada viagem. Após estudar as façanhas de Charles Stephens e Jean Lussier, George decidiu descer as cataratas com um barril mais pesado, usando muita madeira e aço. Ele e seus amigos construiram tal barril que ficou com o peso de 907 quilos, uma geringonça com certeza indestrutível.

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No dia de sua façanha, 5 de julho de 1930, George trouxe Sonny Boy, sua tartaruga de estimação, que tinha mais de 100 anos de idade, como um amuleto de boa sorte (e para contar a história no caso dele não sobreviver). Infelizmente o barril ficou preso atrás da cortina d’água e não pode ser removido durante 18 horas. Embora acredita-se que ele tenha sobrevivido ao mergulho, ele só tinha ar suficiente para oito horas e acabou morrendo asfixiado. Sua tartaruga de estimação sobreviveu, mas nunca falou muito no assunto. Seu barril foi recuperado intacto.

William Red Hill Jr. – 1951

Até 1951, Wiliam “Red” Hill Junior havia vivido na sombra de seu pai, William Hill, um homem dos rios que tinha nadado e navegado pelas correntezas do Niágara e resgatando várias pessoas. O jovem “Red” Hill tinha ajudado seu pai num total de 28 resgates e também na retirada do rio de 117 cadáveres, mas nunca fez fortuna nem teve reconhecimento, apesar de merecê-lo. Por duas vezes, ele nadou nas perigosas águas a partir da base das Cataratas Americanas para a costa canadense, mas não conseguiu igualar o mesmo tempo de seu pai de onze minutos e também por duas vezes, conquistou Great Gorge Rapids and Whirlpool em um barril.

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Então ele decidiu que tinha que descer as cataratas para fazer seu nome. Ele não tinha muito dinheiro, o que o impediu de construir um barril pesado como os usados anteriormente para descer as cataratas. Em vez disso, ele construiu uma frágil embarcação feita de treze câmaras de ar unidas por tiras de material reciclado de propaganda eleitoral e envolvidos por uma rede de pescaria. Ele apelidou sua embarcação de “The Thing” (A Coisa).

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Em 5 de agosto de 1951, aos 38 anos ele entrou no rio. Após duas horas ele desceu as cataratas, mas ‘A Coisa’ não era forte o bastante para enfrentar o Niágara. Ela quebrou quando foi atingida pela queda d’água. Dois minutos depois começaram a aparecer pedaços da “Coisa” na superfície e não havia nenhum sinal de William. Uma grande multidão estava silenciosa aguardando o desfecho e o silêncio foi quebrado, com a mãe de William, desesperada começou a chamar por ele. Ela, a esposa e filha fizeram vigília durante a noite toda, enquanto seus três irmãos procuravam pelo seu corpo, que só foi encontrado na manhã seguinte. Após a morte de William Hill Jr. houve um clamor popular para que tornasse ilegais as descidas nas Cataratas do Niágara.

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Nathan Boya – 1961

Nathan T. Boya, um afro-americano de 30 anos, do Bronx, Nova York talvez tenha sido o único a descer as cataratas sem esperar por fama ou dinheiro. Em 1961, ele fez isso, simplesmente porque precisava fazer aquilo. Ele utilizou uma esfera de aço embrulhada em seis camadas de borracha, sobre as quais havia uma folha de metal e outra camada de borracha com 1,8 metros de diâmetro e pesando 550 quilos, com ele incluído. Reconhecendo que a bola teria pouco ar, Nathan incluiu um tanque de ar que forneceria oxigênio por 30 horas. Ele até se encontrou com Jean Lussier, que recomendou que levasse ar adicional, bem como um dispositivo chamado rebreather, que remove o dióxido de carbono.

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No dia 15 de julho, sua aventura nas cataratas podia ter acabado mal porque, uma vez no rio, a corrente começou a levá-lo para as Cataratas Americanas em vez da Catarata de Ferradura. Após ser rebocado para a catarata canadense, a embarcação de Nathan, desceu a Catarata de Ferradura. Dentro da esfera, ele carregava uma bandeira que dizia “Plunge-O-Sphere, Step from your PIT OF DARKNESS, into the light – Dell” (algo como Esfera O de Mergulho, Passo do seu poço de escuridão, para a luz – Dell) e se negou a revelar o significado de sua bandeira. Exceto por uma forte pancada nas pedras que amassou “A Bola”, Nathan e sua embarcação emergiram ilesos.

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Ele foi multado em 100 dólares e teve que pagar mais 13 dólares de custas judiciais no tribunal por violar a Lei dos Parques do Niágara, que determinava que a descida sem permissão das Cataratas era ilegal, lei essa implantada após a morte de William Hill Jr. Nathan era um homem misterioso e se recusou a dar qualquer informação sobre sua ocupação, informando apenas que trabalhava por conta própria. Vários jornalistas investigaram sua pessoa e disseram que ele na realidade se chamava William A. Fitzgerald, e que trabalhava na IBM em Nova York. Nathan negou essas informações, no entanto, uma verificação do endereço que ele dera no Bronx revelou que ninguém com aquele nome viveu por lá. Mais tarde, ele se tornou médico e  ganhou um doutorado em sociologia e pós-doutorado em comportamento médico. Se tornou membro de uma faculdade de medicina da cidade de Nova York.

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Karel Soucek – 1984

Em 11 de junho de 1977, Karel Soucek com 37 anos, nascido na Tchecoslováquia, fez uma aventura bem sucedida pelas corredeiras Rapids Whirlpool em um barril. Na Whirlpool, Soucek ficou preso nas pedras por três horas. Após seu resgate, ele foi preso pela polícia e acusado de transgredir as leis do Parque Niágara. Isso não impedia de realizar seu sonho em descer as Cataratas e anunciou publicamente suas intenções durante pelo menos um ano antes da proeza.

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Seu barril foi construído com uma madeira leve e plástico pesado no fundo, de forma que ele tivesse certeza de que seus pés fossem os primeiros a descer. Ele tinha um rádio de duas vias para poder se comunicar durante o mergulho e particularmente durante o tumulto que o esperava lá no fundo. Relatos dizem que ele desceu as cataratas a 120 km/h e ficou rodando e se debatendo na água e nas pedras durante 45 minutos. Ele só teve alguns cortes no rosto devido ao seu relógio de pulso. Uma vez levado para a margem, seu barril foi confiscado pela polícia e ele foi multado em 500 dólares, por descer as Cataratas sem permissão. No ano seguinte, Karel morreu na frente de 45 mil espectadores, durante uma queda livre de um barril do topo do Astrodome de Houston em um tanque de água com 3 metros de diâmetro.

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John David Munday – 1985 e 1993

John Dave Munday decidiu tentar o Niágara em 1985. Ele era um mecânico de 48 anos e desceu as cataratas num barril de aço, tornando-se a décima pessoa a sobreviver a descida nas cataratas. Ele também era um instrutor de paraquedismo, com 1.400 saltos em seu currículo. Em 1990 ele tentou novamente, e seu barril ficou preso bem na beirada das Cataratas e teve que ser removido por um guindaste da Polícia dos Parques Niágara. Não sendo de desistir fácil, Dave tentou descer as cataratas novamente em 1993. Desta vez ele foi num barril de aço, pintado de branco e vermelho, com as palavras “Dave Munday desafia as Cataratas do Niágara pela última vez“. Ele levou um rádio de duas vias, mas não levou tanques de ar.

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Ele iniciou do mesmo lugar que em 1985 e desceu as Cataratas em menos de seis minutos, utilizando um sino de mergulho convertido comprado da Guarda Costeira Canadense. O resgate demorou 45 minutos, entretanto, somente para tirar os quatro parafusos do barril, abri-lo e tirá-lo de lá. Dave sobreviveu mais uma vez e se tornou a primeira pessoa a descer as Cataratas do Niágara duas vezes. Curiosamente, ele não sabia nadar e pelo seu relato, odiava água e também dizia que asfixia era a forma mais terrível de morrer.

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Steve Trotter e Lori Martin – 1985 e 1995

Em 12 de novembro de 1984, Steven Trotter fez sua primeira tentativa de descer as Cataratas do Niágara em um barril. Foi uma tentativa frustrada quando seu barril ficou preso nas pedras antes das quedas. Steve estava dentro de um barril chamado de “Rig” que custou 6.200 dólares para ser construído. Ele foi multado em 500 dólares por violar a Lei dos Parques do Niágara.

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Durante o verão de 1985, Steve então com 22 anos trabalhava meio período como barman, quando decidiu desceu as Cataratas numa engenhoca feita de dois barris de conservas gregos, reforçando-o com fibra de vidro e madeira, rodeados de grandes câmaras de ar e cobertos por uma lona azul. Internamente ele preencheu com o mesmo material usado pelo exército americano para embalar mísseis nucleares. Também levou consigo um rádio de duas vias e um tanque de ar de mergulho. Após ser empurrado para o rio por alguns amigos, ele desceu as Cataratas e sobreviveu, tornando-se o mais jovem homem a conquistar as Cataratas.

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Dez anos depois, no Dia dos Pais de ano de 1995, Steve desceu novamente as Cataratas, tornando-se a segunda pessoa a descer e sobreviver à descida das Cataratas por duas vezes. Desta vez, Lori Martin de 29 anos, sua namorada ocupou o lugar na última hora, entrando no lugar de uma outra pessoa que era para ter ido com ele. Este barril foi feito de dois aquecedores d’água soldados, revestidos com Kevlar e eles tinham tanques de ar que forneceriam ar para os dois durante uma hora de vinte minutos. O barril havia sido pago por um banqueiro da Flórida e custou 19.000 dólares.

Exceto pelo fato de seu barril ter ficado preso na fenda de uma pedra perto de uma passarela, o mergulho não teve ocorrências especiais. O pessoal do serviço de emergência tiveram que arriscar suas vidas, ultrapassando as cercas de proteção num dos túneis de observação para fixar um cabo no barril e assim poder ser içado. O barril permaneceu na água por nove dias até ser removido dali por um guindaste. Steve ficou duas semanas preso e pagou uma multa de 5.000 dólares e sua companheira, Lori Martin, pagou uma multa de 2.000 dólares.

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Peter Debernardi e Jeffrey (Clyde) Petkovich – 1988

Em 1989, Peter Debernardi (42 anos) piloto de stock car e desempregado e Jeffrey (Clyde) Petkovich (25 anos), se tornaram a primeira dupla a descer as Cataratas juntos em um barril. Lembre-se que Steve Trotter e Lori Martin não tinham ido juntos até 1995, mas eles não foram os dois primeiros a tentar descer as Cataratas juntos num barril: em 1988 Michael Viscosi e Harry Kallet tentaram, mas o seu barril começou a vazar e eles tiveram que abandoná-lo e tiveram de pagar 20.000 dólares entre multas e taxas legais, e o barril confiscado. Peter estava planejando descer as quedas com um outro amigo que decidiu não ir mais e assim, ele conheceu Jeffrey, oito semanas antes da descida.

Os destemidos das Cataratas do Niágara

Sentados frente a frente e usando capacetes de hockey, os dois canadenses desceram as Cataratas num barril de 1,5  x 3 metros, pesando 680 quilos. O barril tinha uma quilha para dar direção e tanques de oxigênio para noventa minutos com controle de lastro e duas escotilhas para visualização externa. O barril também tinha um sistema de rádio de duas vias. Eles terminaram a façanha relativamente ilesos. No casco havia uma frase dizendo: Don’t put yourself on the edge. Drugs kill! O objetivo da descida era fazer uma campanha contra as drogas tentando mostrar para as crianças que existiam coisas melhores para se fazer. Ao serem resgatados, Jeffrey estava bêbado e nu, vestindo apenas uma gravata e um par de botas de cowboy. Em 1990, Peter e Jeffrey tentaram novamente descer as Cataratas numa engenhoca redonda amarela, porém foram pegas antes mesmo de conseguirem colocar a bola dentro da água.

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Jesse W. Sharp – 1990

Em 1990, Jesse Sharp com 28 anos de Ocoee, Tennessee, estava desempregado, mas tinha experiência com caiaques. Ele tinha treinado em Cataratas nas Montanhas Smokey e queria ter uma carreira. Aparentemente descer as Cataratas do Niágara no seu caiaque de 3,6 metros seria o caminho para chegar lá (as correntezas do Niágara são consideradas de classe VI). Ele tinha tentado fazer isto dez anos antes, mas seus pais chamaram a polícia, que o impediu.

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Desta vez, isto não aconteceu. Em 05 de junho de 1990, ele trouxe três pessoas para gravar sua façanha e não quis usar capacete porque seu rosto não apareceria no vídeo. Ele também não usou um salva-vidas, achando que isto dificultaria sua saída do caiaque no caso dele ficar preso sob as Cataratas. Seu plano era ganhar velocidade suficiente em seu caiaque para projetar-se sobre as quedas, passando as pedras abaixo e se tudo corresse bem, ele iria remar até Lewiston em Nova York, onde havia feito uma reserva para jantar num restaurante da cidade. Seu caiaque caiu sobre a borda e desapareceu nas águas turbulentas abaixo e seu corpo nunca foi encontrado. Seu caiaque vermelho foi encontrado mais tarde com apenas um pequeno amassado.

Robert Overacker – 1995

Talvez as pessoas não ouçam o noticiário ou, se ouvem, não acreditam no que ouviram. Em 1995, cinco anos após Jesse Sharp morrer descendo as Cataratas num caiaque, Robert Overacker de Camarillo, Califórnia decidiu tentar o mesmo num jet ski. Ele tinha 39 anos e era formado numa escola da Califórnia que fornecia carros para a Ventura Raceway. Ele também vendia carros ingleses clássicos. Amigos disseram que ele planejou a proeza durante sete anos. Sua razão para isso? Chamar atenção para os desabrigados. Seu jet ski estava decorado com adesivos que diziam “Salvem os desabrigados“.

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Seu plano parecia simples: ele tinha um paraquedas com impulsão amarrado nas suas costas, que poderia ser ativado assim que ele chegasse na beirada das Cataratas. Ele abandonaria o jet ski e flutuaria com segurança para o Lago Maid of the Mist.

Mas o paraquedas não funcionou e Robert caiu os 55 metros água abaixo. A polícia que estava lá no momento disse que bater na água daquela forma seria como bater em cimento. Seu corpo foi resgatado por trabalhadores do barco de turismo. Casado, sem filhos, ele se tornou a 15º pessoa a descer intencionalmente as Cataratas e a 5ª pessoa a morrer.

Kirk Jones – 2003

A descida mais chocante pelas Cataratas aconteceu em 3 de outubro de 2003. Os planos de Kirk Jones de 40 anos, não envolviam um barril, nem mesmo um salva-vidas. Ele simplesmente escalou a barreira e entrou no rio com suas roupas. Ele flutuou de costas e desceu sem nenhuma forma de proteção. Milagrosamente ele sobreviveu, sem ferimentos, a não ser por algumas costelas machucadas. Ele disse que foi como estar “num túnel gigante, em queda livre, cercado por água“.

Existem pessoas que acreditam que Jones estava deprimido e que pulou com a intenção de se suicidar. Outras pessoas dizem que Kirk havia falado sobre descer as Cataratas durante anos, dizendo que ele achava que havia um ponto pelo qual você pudesse descer e sobreviver. Jones nunca esclareceu os rumores. Ele havia chegado a cidade de Niagara Falls com Bob Krueger, um amigo e tinha comprado uma câmara de vídeo para que esse amigo pudesse filmar sua aventura, mas na hora da descida, Bob não conseguiu fazer a filmadora funcionar corretamente, e não gravou nada do evento.

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Algumas testemunhas dizem que após descer as Cataratas ele nadou em direção a algumas pedras (rejeitando uma oferta de ajuda de um barco de turistas) e conseguiu subir uma das pedras até ser resgatado pelo pessoal da segurança e levado para o hospital. A polícia o levou para fazer uma avaliação psiquiátrica, onde ele afirmou que desceu as Cataratas numa tentativa fracassada de suicídio por estar há muito tempo desempregado e sem dinheiro. Porém seus amigos e familiares contradizerem suas palavras, alegando que Kirk tinha planejado aquilo para conseguir fama e fortuna e um emprego que ele acreditava que iria conseguir depois daquilo. Kirk foi preso após sair do hospital e multado em 3.000 dólares e teve que pagar mais 1.400 dólares de indenização ao parque que teve que fechar os portões por 45 minutos para que ele fosse resgatado. Após sua proeza, Toby Tyler Circus, um circo do Texas ofereceu a Kirk Jones um emprego como “o maior dublê do mundo“, e ele ficou rico falando sobre a sua triunfante viagem pelas Cataratas do Niágara com apenas as roupas do corpo.

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Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

1 comentário

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  • sem duvida e sem exitaçoes que foram mostradas as melhores paisagens das cataratas do NIAGARA.Como tambem estam bem documemtadas,so as paisagens falam por si.
    Um grande abraço comtinuaçao de um bom trabalho.r