A ilha Sainte Marie (que significa Santa Maria) é uma pequena ilha de clima tropical em Madagáscar, situada a leste da ilha principal. A ilha tem 49 quilômetros de comprimento e menos de cinco quilômetros de largura e é administrada pela província de Toamasina e atualmente tem cerca de 22.000 habitantes. A igreja de Santa Maria, situada perto de Ambodifotatra e construída em 1857, é a igreja mais antiga de Madagáscar. Sainte Marie é cercada por outras pequenas ilhas, como L’lle Aux Nattes, L’lle Madame e L’lle Aux Forbans.
Uma história conta que um homem chamado Abraão desembarcou na ilha e foi atacado por um grupo de mulheres, e desde então, ela também é chamada de Nosy Boraha (Ilha das Mulheres). No passado a ilha foi o lar de mais de 1.000 piratas que no século 17 e 18 atacavam navios carregados de especiarias, marfim, seda e outras riquezas que retornavam das Índias Orientais.
O nome da ilha foi atribuído aos primeiros navegadores portugueses por volta do século 15, que descobriram a ilha no dia de Santa Maria, ao procurar abrigo durante uma tempestade e posteriormente Sainte Marie tornou-se uma base popular para os piratas, principalmente britânicos e franceses que encontraram na ilha abrigo seguro para seus navios nas inúmeras baías e enseadas. Frutos abundantes e as mulheres locais, satisfaziam a fome e luxúria dos piratas.
O estabelecimento dos piratas em Sainte Marie iniciou-se pelo pirata inglês Adam Baldridge, que veio para a ilha em 1685, depois de fugir da Jamaica onde era procurado por assassinato. Em pouco tempo, Baldridge tinha o controle sobre as vias navegáveis no interior da ilha e de seu porto. Ele subjugou as tribos locais e forçou os chefes dos nativos a lhe pagar um imposto na forma de alimentos, gado e mulheres.
Baldridge fez uma parceria com um rico comerciante de Nova Iorque e que tinha uma bem sucedida empresa, graças as negociações ilícitas com Baldridge e outros piratas, que saqueavam os navios e enviavam as mercadorias para Nova Iorque e em troca recebiam suprimentos básicos, rum, ferramentas e munições. Baldridge também vendia aos piratas os recursos obtidos da ilha, tais como frutas, verduras, gado, frango e peixes. Ele tinha dezenas de armazéns na ilha, com tesouros e mercadorias negociadas com outros piratas, tornando-se extremamente rico.
No auge, na ilha viviam cerca de 1.000 piratas, incluindo personagens lendários e infames como o Capitão William Kidd, Robert Culliford, Olivier Levasseur, Henry Every, Abraham Samuel e Thomas Tew. Baldridge viveu na ilha, uma vida de conforto e extravagâncias, construindo uma mansão que servia de fortaleza numa colina com vista para o mar e tinha seu próprio harém de mulheres.
Baldridge começou a fazer tráfico de escravos, comprando-os barato na costa leste e vendendo-os aos navios que passavam ou enviava-os para a América e para as Índias Ocidentais. A coisa desandou quando a população local descobriu que ele havia vendido como escravos alguns nativos da ilha e então se revoltaram e destruíram sua fortaleza e armazéns, forçando-o a fugir da ilha em 1697. Após a sua saída, a colônia pirata entrou em declínio, pois com o passar dos anos, não conseguiam suprimentos necessários para sustentar uma população crescente de piratas. Pouco se sabia da vida de Adam Baldridge antes dele chegar a ilha e também não se sabe que fim levou. Dado o fato dele ser um bem sucedido comerciante, com muito ouro consigo, provavelmente deve ter comprado uma nova identidade e se estabelecido em algum lugar nas Índias Orientais ou em qualquer parte do mundo.
Por volta de 1700, a era de ouro dos bucaneiros tinha chegado ao fim. Muitos piratas se renderam, usufruindo a condição de clemência e se estabeleceram em Madagascar, onde casavam com meninas locais, criavam famílias e morriam velhos. Seus restos mortais foram enterrados no agora chamado cemitério dos piratas, na ilha de L’lle Aux Forbans, na baía ao sul da Ambodifotatra, a principal cidade da ilha. Sainte Marie foi tomada pela Real Marinha francesa e ocupada pelos franceses desde 1750, tornando-se colônia francesa a partir de 1820/1822.
Atualmente, Sainte Marie recebe turistas atraídos pelo paraíso tropical idílico, onde o mergulho e a observação de baleias são os principais atrativos. O cemitério de piratas, está coberta de mato e descuidado, mas continua sendo uma atração muito procurada.
“Tudo o que o homem não conhece não existe para ele. Por isso, o mundo tem para cada um o tamanho que abrange o seu conhecimento”. – Carlos Bernardo González Pecotche
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