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Sassi di Matera, quando o homem vivia em cavernas na Itália

Matera é uma comuna italiana da região da Basilicata, província de Matera, com cerca de 60.500 habitantes (2015), também conhecida como “La Città Sotterranea” (A Cidade Subterrânea). A cidade é famosa por seu centro histórico, conhecido como Sassi di Matera, classificado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1993, sendo a primeira atração do sul da Itália que recebeu este reconhecimento.

O que a diferencia potencialmente são suas casas escavadas na rocha (Sassi), onde antes as fendas naturais já ofereceram abrigo aos povos nômades, pastores e os que os antecederam. Acredita-se que essas casas nas rochas estão entre os primeiros assentamentos humanos na Itália, que datam da Era Paleolítica, cerca de 9.000 anos atrás, em uma parte do grande canyon, chamado Murgia. Desde então, estas cavernas são continuamente habitadas.

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Os primeiros assentamentos em Matera aproveitaram muitas cavernas naturais da região que definem a paisagem rochosa. Ao longo do tempo, novas cavernas foram escavadas para acomodar a população crescente. À medida que a cidade se desenvolveu, tornou-se um emaranhado de ruas estreitas e escadarias que os residentes cavaram. Gregos e romanos constituíram um povoado e a Idade Média fez de Sassi o centro das atividades agrícolas e pecuárias. Assim, o cenário histórico se confunde e se divide em casas modernas, exemplares barrocos, medievais e abrigos naturais.

O que sobrou da estrutura formada por canais interligados e terminados em cisternas, revela a coleta de água dos períodos chuvosos da árida região e sugere que, pela capacidade populacional do lugar, o excedente imaginado de água só faz sentido se a cidade tivesse, no período da construção desse sistema, uma atividade agrícola regular e irrigada. A água era canalizada e distribuída através de poços encontrados por toda a área. A igreja de Santa Maria de Idris do século 14, talvez a mais antiga, é completamente escavada na rocha, com exceção da fachada. Existem ainda a igreja de San Pietro Barisano do século 12 e a igreja San Pietro Caveoso erguida em 1656 à beira de um precipício.

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A partir do século 18, a organização construída pelo tempo começou a mudar a cidade. Novas ruas e novos prédios obstruíram o engenhoso modo de levar água à população. Deram trânsito aos sedimentos e comprometeram a harmonia da cidade. Em paralelo, os problemas econômicos afetaram a agricultura, levando mais e mais pessoas ao centro populacional, resultando no aumento de doenças.

Até o final do século 20, Matera era uma das regiões mais pobres da Itália. Não havia água, esgoto ou instalações de energia elétrica. As pessoas não tinham bens básicos porque não havia onde comprar. A dieta típica consistia de pão, óleo, tomates esmagados e pimentas. Grandes famílias viviam ao lado de seus animais, e em tais condições de higiene, doenças como a malária eram constantes e a taxa de mortalidade altíssima. A pobreza extrema dessas pessoas durante o regime fascista de Benito Mussolini foi exposto no livro “Cristo Parou em Eboli”, escrito por um médico italiano chamado Carlo Levi e publicado em 1945.

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Após a Segunda Guerra Mundial, a cidade era considerada vergonha nacional, símbolo do atraso do sul do país, por conta da degradação e das condições miseráveis, o governo evacuou 15.000 pessoas da área para habitações mais condizentes. Muitos relutaram em mudar, e então, o governo teve que obrigar os habitantes a se mudarem para uma nova cidade no topo do penhasco. Matera se esvaziou e caiu no esquecimento por 30 anos, até que nos anos 80 uma lei nacional destinou verbas para a recuperação da área.

Muitas das cavernas em ruínas de Matera foram restauradas e transformadas em casas, lojas, hotéis e restaurantes. Por todas as suas peculiaridades, a cidade atrai turistas e produções cinematográficas há alguns anos, como o filme “Evangelho Segundo Mateus” de Pasolini de 1964 e “Paixão de Cristo”, estrelado por Mel Gibson em 2004, que ajudou a despertar o interesse do mundo pela cidade. O turismo, na verdade, tem um papel importante e fundamental em Matera, pois transformou casas decadentes em modernos restaurantes ou residências para artistas nas últimas décadas. Hoje, Sassi é a parte turística da cidade de Matera.

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Muitos dos achados arqueológicos e históricos são conservados no Museu Nazionale Domenico Ridola. Alguns dos Sassi mais bonitos foram revitalizados e utilizados em sugestivas sedes de exposições, com uma especial frequência às importantes mostras de escultura. Pinturas datadas no século IX permanecem na área conhecida como Sasso Caveoso, enquanto no Sasso Barisano ficam as cavernas, igrejas e capelas rupestres. Matera Sé é um importante monumento de Matera. Construído em estilo arquitetônico romano, a igreja tem uma torre com sino de 52 metros. A principal característica da fachada é a rosácea, dividida por dezesseis colunas de pequeno porte. A decoração vem de uma restauração no estilo barroco.

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Fontes: 1 2 3

“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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