No enigma envolvendo a extinção dos mamutes, um capítulo intrigante emerge das brumas do tempo, mergulhando estudiosos em um mistério fascinante. Há cerca de 10.000 anos, a grande maioria dessas majestosas criaturas sucumbiu à última era glacial.
No entanto, um grupo resiliente de mamutes, concentrado principalmente na remota ilha de Wrangel, situada nas gélidas águas do Oceano Ártico entre a Sibéria russa e o Alasca americano, desafiou as probabilidades, prolongando sua existência por cerca de 6 mil anos além do previsto.
Nessa região inóspita, vestígios abundantes testemunham a presença dos chamados “mamutes recentes”, cuja sobrevivência, em grande parte, se deve à preservação pelo congelamento. As enormes e cobiçadas presas desses gigantes pré-históricos, fonte valiosa de marfim, movimentam a economia local, impulsionando tanto o comércio legal quanto o mercado negro.
Surpreendentemente, o comércio dessas preciosidades é legalizado, embora o mercado clandestino, não regulamentado, também floresça. A crescente demanda por essas presas, exacerbada pelo aquecimento global, que provoca o derretimento das camadas de tundra na Sibéria, expõe esqueletos e presas dos mamutes extintos.
O comércio desses achados arqueológicos é respaldado até mesmo por ambientalistas e conservacionistas, pois o marfim dos mamutes siberianos atende significativamente à demanda global por marfim, aliviando a pressão sobre os elefantes, que enfrentam ameaça de extinção. Estima-se que as reservas desse valioso material na Rússia alcancem centenas de milhares de toneladas, com uma produção anual estimada em dezenas de toneladas.
As presas desse tesouro paleontológico, que a Rússia descarta, são habilmente esculpidas e transformadas em objetos de arte e decoração por artesãos chineses, antes de serem oferecidas no mercado a preços exorbitantes. Assim, o legado dos mamutes continua a deslumbrar e a enriquecer, apesar dos milênios que se passaram desde sua extinção.
Autora de trabalhos fotográficos bastante originais, a fotógrafa Eugênia Abrugaeva, nascida na cidade siberiana de Tiski, perto desta terra encantada de mamutes tardios, acompanhou a ação destes caçadores de presas. O resultado é um interessante ensaio, publicado pelo site da revista National Geographic. Abaixo, uma seleção destas fotografias:
Artigo publicado originalmente em maio de 2015
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