Histórias

Wolf’s Lair, a Toca do Lobo nazista

No meio da floresta Gierloz, a cerca de oito quilômetros da pequena cidade de Ketrzyn (antiga Rastenburg), pertencente a Prússia Central e hoje, território da Polônia, encontra-se as ruínas de um dos mais secretos complexos de Adolf Hitler, conhecido como Wolfsschanze ou Wolf’s Lair (Toca do Lobo), que era o nome em código deste lugar durante a Segunda Guerra Mundial.

Wolf's Lair, a toca do Lobo
Maquete do que seria o complexo da Toca do Lobo, excluindo da montagem a floresta circundante

Foi construído no ano de 1941 para a ofensiva alemã sobre a Rússia (Operação Barbarossa). Hitler não tinha uma sede principal e dependendo da situação, se transferia para uma das oito sedes espalhadas pela Alemanha ou pelos territórios ocupados, com exceção de Berlim e Obersalzber. Entre elas, ele passou mais tempo em Wolfsschanze, ficando mais de 800 dias, planejando o movimento do exército alemão para o leste.

Wolf's Lair, a toca do Lobo
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Possuía cerca de 80 edifícios permanentes, dos quais 50 eram bunkers e outros 100 edifícios de madeira, que estavam rodeado de campos minados e arames farpados e escondido dentro de um bosque fechado, e cercado por um série de pântanos. Tinha sua própria central elétrica e recebia mantimentos de uma base aérea próxima e foi construído pela Organização Todt, grupo de engenharia civil e militar do Terceiro Reich.

Wolf's Lair, a toca do Lobo
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No seu apogeu, havia mais de 2.200 soldados e oficiais estacionados neste complexo, bem como cozinheiros, médicos e outros. A construção começou no final de outono de 1940 e mais de 20.000 homens trabalharam na construção.

Nas obras trabalhavam não só alemães, com também poloneses, noruegueses, franceses e russos e acreditasse que para manter o local secreto, todos os estrangeiros após seis meses de trabalho, eram enviados para campos de concentração, onde posteriormente eram mortos.

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Fotografia na Toca do Lobo, onde no lado esquerdo ao lado da pessoa que está cumprimentado Hitler, está o coronel Claus von Stauffenberg

Os materiais como aço, cimento e outros vinham por trem da Alemanha e para não levantar suspeitas da população local, foi dito que estava sendo construído uma fábrica de produtos químicos, de codinome “Askania Nord“.

Na Toca do Lobo foi executado o frustrado atentado de 20 de Julho de 1944, planejado principalmente por Claus von Stauffenberg, um miliciano de alto esclão descendente da nobreza alemã, que foi imediatamente executado, junto com seus familiares próximos.

Além de Stauffenberg e sua família, mais de 5.000 alemães, também foram executados, suspeitos de estarem envolvidos na tentativa de assassinato de Hitler. Esse episódio é retratado no filme Valquíria de 2008, estrelado por Tom Cruise e Kenneth Branagh.

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O plano era detonar uma bomba escondida em uma pasta colocada perto de Adolph Hitler durante uma reunião realizada no bunker. Quatro homens foram mortos na explosão, mas Hitler sobreviveu milagrosamente.

Hitler chegou ao complexo em 23 de junho de 1941, um dia depois das tropas alemãs cruzarem a fronteira russa. Estava tão confiante de que seu refúgio nas florestas da Masúria era impenetrável que ele permaneceu no complexo por 850 dias durante a guerra.

Após sua chegada, ordenou que mais camadas de concreto fossem colocados sobre os bunker para reforça-los. No fim, as obras no complexo nunca ficaram prontas e ainda sendo construído quando Hitler ordenou sua destruição.

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As paredes de alguns bunker foram cobertos com gesso misturado com grama e todo um esforço eram feitos para preservar as árvores existentes. Os telhados dos edifícios eram cobertos com uma camada de terra, cobertos com grama e árvores jovens.

Todas as estradas e caminhos foram encobertos por imensas imensas redes de tecido grosso verde. Muitos arbustos e árvores artificiais foram posicionados estrategicamente e a eficácia na camuflagem era verificada periodicamente com fotografias aéreas.

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As florestas circundantes foram protegidas com barreiras com armas anti aéreas, tanques e minas terrestres. Algumas bunkers, as paredes variavam de dois a três metros de espessura. Nos anos após a guerra, Rochus Misch, guarda-costas pessoal de Hitler comentou a um canal de TV que devido aos pântanos fétidos ao redor da Toca do Lobo, aquele lugar era infestado de mosquitos, fazendo a vida ali, um inferno.

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Gravetos que são colocados sobre as ruínas das lajes pelos visitantes como uma tradição de volta a Polônia novamente | Crédito foto

Hitler era tão paranoico que empregava cerca de quinze mulheres, cujo função era experimentar os alimentos que ele comia, para certificar-se que não estavam envenenados.

Por causa dos constantes rumores que os britânicos queriam envenenar Hitler, essas mulheres eram recrutadas das proximidades e obrigadas e experimentar a comida. “Nós tínhamos que comer tudo e depois tínhamos que esperar uma hora e cada vez era um martírio de não saber se ficaríamos doentes ou morreríamos. Algumas meninas comiam o tempo todo com lágrimas nos olhos. Eu chorava ao final de cada refeição e depois chorávamos de alegria por mais um dia de vida“, lembra, Margot Wölk, única sobrevivente das degustadoras da comida de Hitler.

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Como ficou o interior da sala de imprensa, na época na “cabana Albert Speer”, após a fracassada tentativa de assassinar Hitler.

Perante a proximidade das tropas russas, Hitler abandonou o local a 20 de novembro de 1944, e a 4 de dezembro foi emitida a ordem secreta de destruir todo o complexo, a qual seria posta em prática apenas no dia 24 de janeiro de 1945.

Na sua destruição foram utilizados entre 8 a 10 toneladas de explosivos por cada fortificação, mas essa quantidade não foi suficiente para o destruir completamente. Levou mais de dez anos para que o solo circundante ao complexo, ficasse livre das mais de 54.000 minas terrestres.

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Desde a queda do comunismo em 1990, as ruínas viraram uma atração turística popular e em 1996, o governo alemão mandou colocar um monumento em homenagem aos conspiradores de 20 de julho de 1944, no exato lugar onde Stauffenberg havia colocado sua pasta com os explosivos, na cabana Albert Speer.

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Memorial aos conspiradores na tentativa de assassinado de Hitler em 20 de julho de 1944 | Crédito foto

A alcunha de Hitler, “Wolf” (Lobo), provavelmente surgiu da palavra Adolf no Alto alemão antigo, adal e lobo (“nobre lobo”). Hitler começou a usar o apelido no início dos anos 1920. A alcunha também é utilizada nos nomes das várias sedes de Hitler espalhadas pela Europa continental, que incluem também o Wolfsschlucht, na Bélgica e Wehrwolf, na Ucrânia.

Uma tradição local diz que se a pessoa colocar um graveto sob uma das ruínas na Toca do Lobo, ela voltará um dia novamente a Polônia, e assim os turistas encheram de galhos e gravetos embaixo de uma das estruturas em ruínas.

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Um dos caminhos que vai ao complexo, com a pavimentação original |Crédito foto
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Ruína onde ficava o bunker pessoal de Adolph Hitler | Crédito foto
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Turistas visitando as ruínas da Toca do Lobo após o termino da Segunda Guerra Mundial Crédito foto
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Esquema das estruturas do complexo Wolfsschanze. No nº6 é a cabana Albert Speer, onde ocorreu a tentativa de assassinato de Hitler. O nº 37 seria o bunker de Hitler.

 

Artigo publicado originalmente em fevereiro de 2016

Faça um passeio virtual no local pelo Google Maps

Fontes: 1 2 3 4

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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