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Almas do Purgatório: Quando os mortos falam

Católicos e protestantes divergem a respeito da existência do Purgatório. Como a Bíblia não é explicita, inexiste uma concordância sobre a questão. De acordo com a doutrina católica romana, purgatório é o lugar ou a condição em que permanece a alma de uma pessoa que morreu em estado de graça, mas não está totalmente purificada dos pecados.

É necessária uma etapa intermediária de purificação antes de se chegar ao céu. Segundo os católicos, essas almas podem ser auxiliadas pelos fiéis vivos, por meio de orações, indulgências (perdões), sacrifícios e outros atos piedosos. A ideia de Purgatório, no entanto, é negada pelas igrejas protestantes e parte das ortodoxas, que afirmam que não há na Bíblia menções sobre o tema.

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Igreja do Sagrado Coração do Sufrágio

Uma das imagens mais famosas de Purgatório na literatura é o da Divina Comédia, de Dante Alighieri. No cenário descrito na obra do poeta italiano, que trata também do inferno e do paraíso, o Purgatório é constituído de uma montanha altíssima, que surge do mar. Nessa montanha, estão encravados terraços circulares, onde as almas cumprem suas penas e suas provações, correspondentes aos pecados praticados em vida.

Só depois disso são admitidos no paraíso. O primeiro terraço é o dos orgulhosos; o segundo, dos invejosos; o terceiro, dos iracundos, ou irados; o quarto, dos preguiçosos; o quinto, dos avaros e pródigos (mesquinhos e gastadores); o sexto, dos gulosos; e o sétimo, dos luxuriosos.

A obra de Dante foi escrita durante a Idade Média. Nesse período, a ideia de Purgatório ganhou força dentro da Igreja Católica. Foi com base nos concílios de Lyon, em 1274, de Florença, em 1439, e de Trento, no período da Reforma, que a existência do Purgatório passou a ser pregada pelo Catolicismo.

O Museu

Localizada às margens do rio Tibre, não muito longe do Vaticano, existe uma igreja que contém um pequeno museu com um propósito único: convencer as pessoas de que o Purgatório existe e de que seus entes queridos precisam de suas orações.

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Em 1897, após o incêndio, uma imagem ficou impressa na parede da capela.

O Museu das Almas do Purgatório não é um museu comum. Foi criado não apenas para edificar e inspirar, mas para defender um caso, assim como um promotor faria perante um júri. Sua coleção é feita não de arte sacra, mas de evidências físicas reais que pretendem provar a existência do Purgatório – ou seja, as marcas físicas que as almas do Purgatório deixaram para convencer seus entes queridos a orar por elas.

São papéis e roupas com marcas exibidos na sacristia da Igreja do Sagrado Coração do Sufrágio (Sacro Cuore del Suffragio) localizada em Prati que testemunham os julgamentos daqueles que conseguiram evitar de ir para o inferno, e procuraram buscar consolo do fogo purificador do Purgatório.

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam

A história do museu começou em 1897, quando um incêndio eclodiu na pequena capela onde é hoje a igreja. Os fiéis, ao apagarem o fogo, perceberam do surgimento das chamas um rosto desenhado pelos resíduos da fumaça que se encontravam no mármore.

O curioso é que não havia nada de combustível no local. Concluíram, juntamente com o ex engenheiro que virou padre Victor Jouët (1839-1912), que a materialização daquele rosto, cujos resíduos estão intactos até hoje, se tratava de um fenômeno paranormal insólito.

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
O interior da igreja

O padre Victor Jouët, pertencia à Ordem do Sagrado Coração de Jesus, fundada em 1854 pelo padre Chevalier, com a finalidade de proferir missa e orações em sufrágio das almas em sofrimento. Esta organização se desenvolveu em Roma a partir do trabalho de Jouët que se transformou numa das maiores personalidades de sua época. Foi procurador de Roma, amigo pessoal e de extrema confiança do Papa Pio X.

Em 15 de novembro de 1897, quando se havia adornado o altar para uma festa, em comemoração às conquistas para construção do grande santuário, que é hoje a igreja, aconteceu o incêndio misterioso. Victor Jouët e os fiéis deduziram que seriam almas do purgatório pedindo preces para aliviar seus sofrimentos no além, uma vez que a igreja estava sendo construída para isso, além de uma demonstração real de que a igreja seria necessária.

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Acervo inusitado da igreja

A partir daí, o padre, impressionado, comunicou ao papa e às autoridades eclesiásticas, empreendeu muitas viagens pelos países europeus, buscando testemunhos, provas e sempre investigando para inserir outras comunicações semelhantes.

Depois de algum tempo e de uma grande quantidade de material selecionado ele fundou o museu com o nome original de Museu Cristão de Além Túmulo, que após a morte do padre, o nome foi mudado para Museu das Almas do Purgatório.

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam

O papa na época deu a autorização na criação do museu, e assim, legitimou todas as peças que registravam aparições de comunicação espiritual entre padres e freiras. Atualmente o acervo do museu tem poucas peças, as mais importantes, que são o registro das aparições durante muitos anos em diversas igrejas, em diversas partes do mundo. A igreja teoricamente admite, através do museu, a comunicação entre os vivos e os mortos.

A Coleção dos Sinais do Além

Essa evidência inclui relíquias que testemunham a existência de almas no Purgatório. Além da imagem original queimada na parede da alma sofredora no Purgatório, a coleção inclui:

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Marca deixada na camisa do filho, que teve a visão de mãe Leleux falecida, 27 anos depois de sua morte
Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Livro com uma marca queimada de uma mão

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam

Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Uma das três marcas deixadas na madeira pelo frei Panzini, ex-abade da Ordem Beneditina Olivetana, em Mantova, em novembro de 1731
Almas do Purgatório: Quando os mortos falam
Marcas de fogo no avental de Sóror Margarida Maria Herendorps, beneditina do mosteiro de Winnenberg, Alemanha.

Comunicação com espíritos

Atualmente muitos padres estão envolvidos com transcomunicação. O padre suíço Léo Schmid publicou o livro Quando os Mortos Falam, resumindo cerca de 12 mil comunicações de espíritos por vozes paranormais, registradas em gravador por fita cassete. O padre Karl Pfleger foi liberado de suas obrigações tradicionais da igreja para pesquisar o assunto e resultou em opiniões claras e definidas de que a comunicação era uma realidade.

Na França, o padre François Brune escreveu o livro Os Mortos nos Falam, traduzido em 11 idiomas e vendido em livrarias católicas. Em parceria com um pesquisador da Universidade de Sourbone, escreveu o livro Linha Direta com o Além. Na Bélgica, Jean Martan escreveu o livro Milhares de Sinais, que resume evidências de comunicação e faz conferências legitimando estas possibilidades.

Fontes: 1 2 3

Artigo escrito originalmente em maio de 2015

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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