Histórias

As máquinas de banho do século 19

No século 18 e 19, havia uma certa etiqueta no comportamento das mulheres a beira mar, e criou-se uma geringonça chamada de “Bathing Machines” (máquinas de banho), que seriam pequenas cabines de madeira sobre rodas altas, que cabiam uma pessoa e que eram empurradas ou puxadas com cavalo até o mar, e assim as mulheres poderiam ter privacidade em seu banho de mar, ou ao menos chegar na água, sem precisar se exibir as pessoas que estavam na praia.

Essas cabines eram alugadas e as mulheres entravam nelas e na sua privacidade, mudavam suas roupas, colocando algo mais apropriado para banhar-se e então a cabine era movida até a água, onde se banhavam e depois puxadas de volta a praia. Tudo isso para manter o decoro e não ser observadas por outras pessoas, principalmente os homens.

As máquinas de banho do século 19
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Algumas dessas cabines eram equipadas com um toldo de lona na parte traseira, que eram abaixados até a água e assim, formava uma tenda, e criava uma pequena área privada para que a pessoa pudesse ser banhar sem ser observada. Um benefício adicional ao toldo, era que também protegia o banhista do sol.

Muitas empresas que alugavam as máquinas de banho, disponibilizava um ajudante, geralmente uma mulher forte chamada de “dipper“, cujo trabalho era mover a máquina, baixar a lona e ajudar a banhista a entrar e sair da máquina. Se a pessoa não soubesse nadar, uma corda era amarrada em sua cintura e num suporte da cabine, para garantir que o banhista não fosse puxado pelas correntes marítimas. Quando estivesse satisfeita, ela sinalizava com uma bandeira, chamando a ajudante para que a máquina fosse trazida de volta a praia.

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Essas máquinas começaram a serem usadas em Margate, um balneário em Kent, na Inglaterra por volta de 1750, e se espalhou para os Estados Unidos, França, Alemanha e outros. Essa invenção muitas vezes é creditada a Benjamin Beale, um devoto quaker e fabricante de luva e calças, estabelecido em Margate, mas no site da cidade, eles relatam que ele apenas foi o inventor do toldo traseiro e também há evidências do uso das máquinas de banho, pelo menos quinze anos antes.

Durante os séculos 18 e 19, as pessoas não tomavam banhos de mar apenas por prazer, mas também pela sua saúde. Após a publicação de um artigo intitulado “Uso da água do mar nas doenças das glândulas” pelo médico Richard Russell em 1752, o banho de mar tornou-se constante, e entrou em moda, nas sociedade de classe média e alta da época.

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Ilustração “Mermaids at Brighton” de William Heath (1795 – 1840). Ilustra mulheres em 1829, se banhando e utilizando as máquinas de banho, em Brighton, Inglaterra

Há relatos de que até 1862 as pessoas ainda nadavam nuas, principalmente os homens, pois os trajes de banho ainda não tinham sido inventados. No Reino Unido até meados do século 19, não havia leis contra o nado nu e cada região era livre para fazer suas próprias leis. Em 1737, a cidade de Bath, em Somerset, decretou que nenhum homem acima de dez anos poderia nadar nu e somente em 1860, os homens em geral foram proibidos de nadarem nus, pois os valores morais se tornaram outros e nadar nu e até mesmo banho misto, se tornou indecente. Mesmo nas primeiras versões dos trajes de banho, a sociedade decidira que a mulher da classe média e alta não deveria ser vista na praia usando esse tipo de traje e as máquinas de banho se tornaram muito populares.

Em meados de 1901, a segregação legal em zonas balneárias terminou e as máquinas de banho foram deixadas de lado, estacionadas na praia e usadas apenas para trocar de roupa e começaram a serem extintas a partir de 1920. Em muitas praias americanas e europeia ainda existem cabines nas praias que podem ser alugadas e assim utilizadas para se trocar de roupa ou outra finalidade que as pessoas queiram alguma privacidade.

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“The Costume of Yorkshire”, de George Walker, 1814, onde ilustra uma mulher e suas acompanhantes num banho de mar | Crédito da foto
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Mulher sentada, numa máquina de banho estacionada na praia de Ostend, Bélgica em julho de 1911 | Crédito da foto: Getty Images
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Praia de Ostend, na Bélgica por volta de 1900 | Crédito da foto: Getty Images
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Jovem saindo da máquina de banho em 1911 | Crédito da foto: Getty Images
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Máquina de banho pessoal da rainha Victoria, restaurada e exibida na Osborne House, onde ela e sua família passavam as férias de verão | Crédito da foto
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Máquina de banho pessoal da rainha Victoria, restaurada e exibida na Osborne House, onde ela e sua família passavam as férias de verão | Crédito da foto
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A concorrência no aluguel das máquinas de banho era grande, e cada empresa distribuía panfletos mostrado as vantagens de cada. Neste, John & Merey Sayer, ex parceiro de Benjamin Beale, inventor dos toldos que ficavam na parte traseira das cabines em 1790 | Crédito da foto
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A realeza da época não se contentava apenas com uma simples cabine de banho, e tinham verdadeiros palácios movidos até a água por meio de trilhos. Na foto, a casa de banho do rei Alfonso XIII e de sua esposa Vitória Eugénia de Battenberg, na praia de St. Sebastien, Espanha em 1908 | Crédito da foto
As máquinas de banho do século 19
Claro que se existia máquinas de banho para dar privacidade para as pessoas, também existiam carroças altas, para levar pessoas ao mar sem se molharem e poderem apreciar a paisagem e as pessoas se banhando | Crédito da foto
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Uma máquina de banho restaurada, que mostra em detalhes, como funcionava os toldos traseiros para dar privacidade ao banhista | Crédito da foto

Fontes: 1 2 3 4

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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