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As ruínas do programa espacial soviético

As imagens que o explorador urbano e fotógrafo russo Ralph Mirebs fez em um hangar abandonado na maior base de lançamento de foguetes do mundo é de doer a alma de qualquer cosmonauta. O fotografo conseguiu entrar ilegalmente no complexo e fez uma série de imagens dentro do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, também chamado de Tyuratam, onde expôs os restos em decadência do antigo programa espacial Buran da extinta União Soviética.

Buran, (nevasca, em russo) é o nome de uma série de onze ônibus espaciais construídos pelo programa espacial da URSS, parte do denominado programa Energy-Buran. O primeiro desta série foi inicialmente denominado ônibus espacial 1.01, sendo a primeira nave espacial reutilizável soviética, ou VKK (Vosdushno Kosmicheski Korabl).

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Cosmódromo de Baikonur está em operação desde a década de 1950, sendo a princípio uma base de lançamento de mísseis de longo alcance, entretanto com o florescer da guerra fria tornou-se uma base tecnológica dirigida por interesses da União Soviética para a conquista do espaço. Foi do Cosmódromo de Baikonur que foram lançadas diversas missões espaciais importantes e históricas, como o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, e o voo orbital de Yuri Gagarin, assim como as missões Soyuz.

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Com a dissolução da União Soviética, o Cosmódromo de Baikonur, continuou sendo usado pela Rússia mediante um “empréstimo” da base por 115 milhões de dólares anuais. É também o centro de lançamento de veículos responsáveis pelas operações relativas à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), e usado por astronautas do mundo todo, inclusive os recentes “turistas espaciais”.

O fotografo se esgueirou sem permissão na área de mais de 6 mil quilômetros quadrados e passou um dia inteiro tirando fotos, se concentrando dentro do hangar MZK, para não ser descoberto. A estrutura é a maior edificação do complexo, com 132 metros de comprimento por 62 metros de altura com portas deslizantes com o impressionante tamanho de 42 x 36 metros, sendo a estrutura de aço projetada para que pudessem resistir às explosões causadas por acidentes durante o reabastecimento de ônibus espaciais. No hangar, o fotografo encontrou dois protótipos de ônibus espacial Buran, coberto de poeira, ferrugem e com outras marcas de desgaste do tempo, uma das naves é o OK-1K2, apelidada de “Ptichka” (pequeno passarinho, em russo), que estava com 95% concluída, quando o projeto Energy-Buran foi interrompido em 1993. O outro protótipo se chama OK-MT, construída em Moscou em 1983 e era usado para testar o funcionamento dos sistemas de interfaces Energy.

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O protótipo Ptichka foi o segundo a ser produzido pela União Soviética, sendo o primeiro o ônibus espacial Buran. Formalmente a nave era conhecida como ônibus espacial 1.02. A construção do segundo ônibus espacial soviético começou em 1988. Apesar de ter uma constituição estrutural semelhante ao Buran, o veículo nunca foi concluído. O primeiro lançamento do Ptichka estava previsto para 1992, em modo automático rumo a estação espacial Mir.

O programa de construção de ônibus espaciais foi cancelado oficialmente em 1993, e os veículos reutilizáveis pela Rússia (herdeira da grande parte da União Soviética) havia sido comunicado que seriam desmontados, mas a julgar pelas imagens de Mirebs, as naves estão apenas abandonadas.

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O Hangar, quanto ainda estava operacional
O Hangar, quanto ainda estava operacional

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Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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