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Birgus latro, o caranguejo ladrão

O Birgus latro, conhecido como caranguejo-dos-coqueiros, é um crustáceo eremita gigante. Com sua concha em forma de coco, habita áreas tropicais, destacando-se por seu comportamento e moradia únicos.
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O Caranguejo de Coco, cientificamente conhecido como Birgus latro, ostenta o título de maior artrópode terrestre do planeta. Popularmente chamado também de Caranguejo Ladrão, devido à sua habilidade de escalar coqueiros e adquirir cocos, este magnífico crustáceo possui garras poderosas capazes de abrir fendas nos frutos para desfrutar de seu conteúdo interno. Encontram-se distribuídos desde as regiões do oceano Índico até as zonas oeste do oceano Pacífico.

Além dessa proeza, o Caranguejo de Coco manifesta uma curiosa inclinação para “roubar” objetos reluzentes. Com frequência, são flagrados se apropriando de itens como relógios, joias e porcelanas deixados inadvertidamente por turistas ou residentes em acampamentos e jardins. Por serem criaturas de hábitos noturnos, raramente são surpreendidos em suas atividades furtivas durante o dia. Quanto à alimentação, têm um apetite versátil, consumindo uma ampla gama de itens que conseguem capturar, desde frutas e vegetação até carniça, incluindo aves mortas e outros caranguejos de coco, e até mesmo jovens felinos e aves.

Birgus latro, o caranguejo de coco ladrão

Esses caranguejos, solitários por natureza, estabelecem residência em tocas subterrâneas ou fendas nas rochas, adaptando-se ao terreno local. Com suas poderosas garras, escavam meticulosamente covas na areia ou na terra solta. Durante as horas diurnas, mantêm-se resguardados para minimizar a perda de água devido ao calor excessivo. As tocas desses espécimes exibem uma profusão de fibras provenientes das cascas de coco, as quais servem como confortável leito.

Enquanto repousam em suas tocas, selam as entradas com uma de suas garras, criando assim um microclima úmido que se revela vital para a saúde de seus órgãos respiratórios. Em áreas com uma densa população de caranguejos de coco, alguns indivíduos podem aventurar-se fora durante o dia, possivelmente numa tentativa de ganhar vantagem na busca por alimento. Em outras ocasiões, emergem quando o clima está úmido ou chuvoso, condições que facilitam sua respiração.

Birgus latro, o caranguejo de coco ladrão

Como um artrópode, o caranguejo de coco possui um exoesqueleto que o reveste externamente, o qual necessita trocar periodicamente à medida que cresce. Por isso, anualmente, busca refúgio em uma toca segura para realizar a ecdise. Nesse momento, encontra-se em um estado de extrema vulnerabilidade, já que se despoja de uma carapaça rígida e requer um período para desenvolver sua nova “armadura”. Esta espécie não absorve facilmente cálcio e outros nutrientes, demandando tempo para esse processo, e frequentemente, mesmo com a carapaça delicada, são suscetíveis a perturbações causadas por fatores externos. A maturidade sexual é alcançada após cerca de 5 anos, e a expectativa de vida pode ultrapassar os 60 anos.

O caranguejo de coco localiza alimentos através de seu aguçado sentido do olfato, notável semelhança com o sistema de antenas altamente desenvolvido dos insetos. Este crustáceo dedica considerável inteligência a esse processo. Inicialmente, os caranguejos de coco têm sua origem no ambiente marinho. Após o acasalamento em terra firme, a fêmea libera os ovos fertilizados no oceano, onde se transformam em larvas com cerca de um mês. Posteriormente, entram na fase conhecida como “glaucothoe” e encontram uma concha de caracol para habitar.

Birgus latro, o caranguejo de coco ladrão

Nesse ponto, o caranguejo assemelha-se, em essência, ao caranguejo eremita que é comumente adquirido em lojas de animais. Ambos utilizam um órgão chamado pulmão branchiostegal, que é uma espécie de híbrido entre brânquias e pulmões, para a respiração. No entanto, uma vez que o caranguejo de coco estabelece residência em terra firme, ele jamais retorna ao oceano, a menos para a liberação de seus ovos. Ficar submerso completamente representaria um risco de afogamento para eles.

Os maiores exemplares de caranguejos de coco já documentados exibiam impressionantes 1 metro de envergadura, medida tomada de uma perna à outra, e atingiam a marca de 17 quilos, o que é verdadeiramente notável para um artrópode terrestre. Na verdade, dentre todos os artrópodes do planeta, o caranguejo de coco é apenas superado em tamanho pelo caranguejo-aranha-gigante (Macrocheira kaempferi), uma espécie aquática que pode suportar seu peso médio de quase 20 quilos com mais facilidade no ambiente marinho.

Birgus latro, o caranguejo de coco ladrão

O caranguejo de coco é considerado uma iguaria em algumas regiões e muitos afirmam que possui um sabor semelhante ao da lagosta. Por isso, são caçados sempre que entram em contato com áreas habitadas e, em algumas regiões, estão protegidos por leis específicas. Apesar de não ser naturalmente venenoso, este animal pode adquirir toxinas através da sua alimentação. Existem casos documentados em que ingeriu plantas contaminadas, tornando-se venenoso. É importante notar que o caranguejo não apresenta agressividade em relação aos seres humanos, a menos que se sinta ameaçado.

Apesar de sua peculiaridade em termos de tamanho, com suas imponentes tenazes e armadura robusta, o caranguejo de coco está cada vez mais em perigo. Por milhões de anos, habitou ilhas sem grandes mamíferos predadores, o que lhe permitiu alcançar dimensões impressionantes. No entanto, essa situação está mudando devido à influência humana, que tem desequilibrado as suas cadeias alimentares.

Birgus latro, o caranguejo de coco ladrão

Encontrar caranguejos de coco verdadeiramente imponentes e saudáveis está se tornando cada vez mais raro. Infelizmente, muitos não conseguem sobreviver o suficiente para atingir todo o seu potencial de crescimento. Apesar da sua aparência intimidante, são animais extremamente dóceis. Em lugares como Tóquio, no Japão, podem ser encontrados à venda como animais de estimação, sendo acompanhados por gaiolas robustas o bastante para conter suas poderosas pinças, que são as mais potentes entre todos os crustáceos.

Um grupo de pesquisadores japoneses do Instituto Churashima empreendeu um estudo sobre a força das garras de 29 caranguejos de coco selvagens, variando entre 30 gramas e dois quilos, na ilha de Okinawa. Concluíram que a força das garras aumenta com o peso e supera a dos seres humanos. Um caranguejo de coco de aproximadamente quatro quilos pode exercer uma força esmagadora de mais de 3.000 Newtons (equivalente a 136 kg). Em comparação, as mãos humanas têm uma força de aperto de cerca de 300 Newtons (ou 30,5 kg), enquanto as mandíbulas de um crocodilo podem chegar a 16.000 Newtons (ou 1.631 kg). O estudo completo pode ser acessado aqui (em inglês).

Birgus latro, o caranguejo de coco ladrão
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Artigo publicado originalmente em maio de 2016

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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