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Campanópolis, a vila medieval na Argentina

Campanópolis, uma encantadora vila medieval situada na Argentina, deslumbra seus visitantes com castelos imponentes, torres majestosas, ruas de paralelepípedos, moinhos pitorescos e casas que evocam a magia dos contos dos irmãos Grimm. Surpreendentemente, esse pequeno paraíso permaneceu desconhecido para muitos residentes locais, pois era fechado ao público em geral, sendo exclusivamente reservado para cerimônias de casamento e eventos especiais.

Os herdeiros do visionário fundador da vila enfrentam um mistério intrigante, desconhecendo a exata quantidade de objetos, quartos e ambientes que compõem este lugar extraordinário. Detentores de um impressionante molho com 836 chaves, correspondendo ao mesmo número de locais a serem explorados, eles se deparam com um desafio fascinante. Estima-se que apenas 20 hectares dos originais 200, adquiridos por Antonio Campana, filho de imigrantes, em 1977, tenham sido ocupados. Inicialmente destinadas à criação de gado, essas terras foram desapropriadas em 1980, transformando-se em um vasto aterro sanitário.

Após uma batalha legal que se estendeu até 1985, Antonio recuperou as terras, porém, sua natureza havia sido irrevogavelmente alterada pela presença do aterro. Determinado, ele restaurou o local, removendo o lixo acumulado ao longo de cinco anos e plantando mais de 10.000 árvores, transformando o ambiente em um cenário mágico que agora encanta os visitantes de Campanópolis.

Assim, a construção da vila de Campanópolis revela-se como um feito notável, erguida a partir de materiais de demolição e peças antigas, sem a intervenção de um arquiteto profissional, sendo o projeto concebido inteiramente por Antonio. O início desse empreendimento coincidiu com um momento desafiador em sua vida, quando seu médico prescreveu repouso absoluto devido à sua delicada saúde, prevendo apenas mais alguns anos de vida. Contrariando as expectativas, a construção da vila tornou-se um propósito de vida para Antonio, estendendo sua existência por incríveis 24 anos.

Embora Antonio fosse um empresário de sucesso, sua falta de conhecimento em construção, aliada à sua educação até a sexta série, não o impediu de dar vida à sua visão. Ele improvisava seus desenhos em qualquer pedaço de papel disponível, inclusive sobre o capô de um carro, e mergulhava em leilões de antiguidades em busca de peças e empresas de desmonte em busca de materiais reciclados. Com uma incrível dose de imaginação, ele transformou esses elementos em sua própria aldeia.

Localizada a aproximadamente 30 quilômetros de Buenos Aires, na província de Gonzalez Catan, no meio de La Matanza, uma das áreas mais desfavorecidas da região, Campanópolis destaca-se não apenas pela criatividade ilimitada de seu idealizador, mas também por preservar parte do patrimônio arquitetônico argentino do século 19 e início do século 20. Esse feito levou à declaração de Campanópolis como um local de interesse cultural para o país.

Aqueles que acompanharam Antonio desde o início de seu projeto sabem que ele não tinha a menor intenção de transformar o local em uma atração turística; era, antes de tudo, um empreendimento pessoal. No entanto, o destino reservou outros desdobramentos, pois Antonio faleceu em 2008, vítima de câncer, sem ver seu sonho completamente realizado. Muitas das construções ficaram inacabadas, e o local permaneceu abandonado por algum tempo.

Oscar Campana, filho do visionário fundador, revelou que, dada a extensão da propriedade e sua proximidade com o aeroporto de Ezeiza, não descarta a possibilidade de transformar a aldeia em um clube campestre. A ideia de preservar e revitalizar o legado deixado por seu pai ganha força, e a perspectiva de dar um novo propósito à Campanópolis parece promissora. Este potencial redirecionamento do destino do local revela uma reviravolta imprevista, transformando o projeto inicialmente pessoal de Antonio em uma possível herança para a comunidade local e visitantes.

Antonio Campana, Fundador de Campanópolis

O início

O Legado

 

Site Oficial: www.campanopolis.com.br

Artigo publicado originalmente em maio de 2015

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