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Castelo de Corais, um misterioso monumento ao amor

O Coral Castle, também conhecido como Gate Park Rock, é uma impressionante estrutura localizada em Homestead, Miami, nos Estados Unidos. Construído ao longo de 28 anos por Edward Leedskalnin, o castelo é feito de pedras de coral esculpidas, pesando toneladas cada uma.

A impressionante estrutura conhecida como Coral Castle, popularmente chamada de Gate Park Rock, localizada em Homestead, Miami, nos Estados Unidos, é verdadeiramente um enigma da engenharia. Este exuberante jardim de pedras é uma obra-prima única, composta por blocos maciços de coral esculpidos, cada um pesando dezenas de toneladas. O verdadeiro mistério não reside apenas na magnitude dos blocos, mas sim na forma meticulosa como foram talhados e dispostos.

O criador por trás dessa façanha notável foi motivado por um desgosto amoroso, acrescentando uma camada intrigante à história do Coral Castle. Ao longo dos anos, o local tem atraído a atenção não apenas pela sua grandiosidade arquitetônica, mas também pela narrativa romântica que o envolve.

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Edward Leedskalnin

À primeira vista, o local não revela imediatamente sua natureza surpreendente. Alguns enxergam o castelo como um monumento histórico de eras passadas, construído por civilizações antigas para rituais religiosos, enquanto outros o veem como uma construção pós-moderna peculiar, criada por algum arquiteto excêntrico.

Entretanto, a verdadeira singularidade dessa proeza arquitetônica emerge quando se compreende que foi concebida por apenas um homem: Edward Leedskalnin. Ele esculpiu, transportou e instalou todas as lajes e blocos por conta própria, sem depender de ajuda ou do auxílio de máquinas modernas. Utilizando apenas ferramentas manuais adquiridas em um ferro-velho, Leedskalnin executou um trabalho notável.

É ainda mais impressionante considerar que os blocos foram cortados e assentados com extrema precisão, muitos deles fixados sem o uso de argamassa. A habilidade meticulosa de Leedskalnin e sua abordagem única para criar o Coral Castle adicionam camadas de mistério e admiração à já intrigante narrativa por trás desse fenômeno arquitetônico.

A história conta que Edward, nascido em 1887, enfrentou um golpe doloroso aos 26 anos, quando sua noiva, Agnes Scuffs, dez anos mais jovem, cancelou o casamento um dia antes da cerimônia, alegando a diferença de idade e a falta de recursos financeiros de Edward. Inconformado com essa reviravolta, o jovem decidiu deixar sua terra natal na Letônia, inicialmente partindo para Londres e, pouco tempo depois, para o Canadá, onde trabalhou em uma madeireira.

Em 1912, Edward chegou aos Estados Unidos, percorrendo vários estados e trabalhando em fazendas. Mais tarde, estabeleceu residência na Flórida devido ao clima ameno e ao fato de estar lidando com os primeiros sintomas de tuberculose. Com recursos limitados e incapaz de esquecer a mulher que um dia fora o grande amor de sua vida, ele embarcou na construção de um extraordinário castelo para impressionar “Sweet Sixteen”, como carinhosamente chamava sua noiva. A matéria-prima escolhida para essa obra singular foram as rochas de coral.

A busca por redenção e a expressão do amor perdido permearam a jornada de Edward, dando à criação do Coral Castle uma dimensão emocional que transcende a mera arquitetura, transformando-a em um testemunho notável de perseverança e devoção.

Castelo de Corais, um monumento ao amor

Durante incríveis 28 anos, Edward, um homem franzino, com pouco mais de 1,60 metro de altura e 50 quilos, dedicou-se incansavelmente à construção do Coral Castle com as próprias mãos. De maneira surpreendente, ele esculpiu toneladas de pedras de coral, utilizando apenas um tripé de madeira, um trator emprestado e um caminhão velho para assentá-las.

Todo o trabalho ocorria durante a noite, entre a meia-noite e 6h, conforme relatado no documentário “O Mistério do Castelo de Corais“. Quando alguém tentava espiar seu trabalho, Edward logo aparecia, anunciando: “Assim que você sair, vou continuar meu trabalho“. Apesar de os blocos serem vistos sendo transportados pela estrada, ninguém jamais testemunhou Edward movendo, elevando ou assentando qualquer bloco. A única exceção são duas crianças que afirmam ter visto Edward fazer um bloco “flutuar” até o local, como se fosse um balão.

Esse homem misterioso também é reconhecido por seus estudos e teorias sobre magnetismo, acrescentando uma camada ainda mais intrigante à sua persona e ao enigma que envolve o Coral Castle. Sua habilidade singular e métodos inexplicáveis continuam a fascinar e desafiar a compreensão convencional da engenharia e da física.

Castelo de Corais, um monumento ao amor

As paredes desta notável estrutura impressionam com um peso de duas toneladas por metro cúbico, cada seção medindo 2.4 metros de altura, 1.2 metros de largura e aproximadamente 1 metro de espessura. Destaca-se que a maior pedra do castelo, pesando cerca de 30 toneladas, é o dobro do tamanho de qualquer pedra utilizada nas pirâmides do Egito.

O conjunto de características extraordinárias inclui um obelisco com 8 metros de altura, sendo dois metros enterrados no solo e pesando 28 toneladas. No topo, há uma espécie de telescópio que se alinha com a estrela do Norte. Outros elementos notáveis compreendem uma pedra esculpida em forma de lua crescente sobre um muro de 6 metros de altura, uma mesa de coral com o formato do estado da Flórida, uma fonte que retrata as fases da lua e um relógio solar, tudo projetado para deixar os visitantes completamente perplexos.

Uma das peças mais surpreendentes é o portal giratório, conhecido como “Nine ton Gate”, feito a partir de um único bloco de pedra de coral com 2 metros de largura, 2.3 metros de altura e 50 centímetros de espessura, totalizando nove toneladas. O fato de estar perfeitamente balanceado permite que até mesmo uma criança o gire sem esforço. Esta façanha intriga engenheiros e cientistas, levando-os a questionar como Edward conseguiu encontrar exatamente o centro de gravidade nesse enorme bloco de pedra. O Castelo de Corais continua a desafiar as explicações convencionais e a inspirar a imaginação daqueles que o exploram.

Castelo de Corais, um monumento ao amor
O portão com nove tonrladas

Em 1986, um grupo de cientistas desmontou o portal do Coral Castle com o intuito de compreender seu funcionamento intricado. A tarefa exigiu a colaboração de seis homens e o uso de um guindaste de 50 toneladas para remover a pedra superior e, finalmente, a pedra principal. Durante a desmontagem, os cientistas revelaram que no centro deste bloco, Edward havia criado um furo de 2.3 metros de altura, percorrendo de cima a baixo do bloco. Por esse furo, uma barra de ferro passava, repousando sobre um sistema de rolamentos, permitindo que o portal girasse facilmente sobre seu eixo.

A precisão desse furo era tal que, na época da construção, somente uma perfuradora de alta velocidade a laser teria a capacidade técnica necessária para executar tal tarefa. Antes da desmontagem, a pedra podia ser girada por horas com apenas um toque manual. No entanto, após os cientistas restaurarem a peça e substituírem os rolamentos, ela nunca mais funcionou corretamente.

As pedras utilizadas no Coral Castle foram originalmente extraídas de uma área próxima à casa de Edward, na pequena cidade de Florida City. Em 1936, a privacidade de Edward foi ameaçada por um vizinho que estava construindo um edifício de vários andares. Diante desse desafio, Edward tomou a decisão de comprar um terreno localizado a 16 quilômetros dali, em Homestead. Durante três anos, ele transferiu todas as pedras e blocos para o novo local, continuando sua notável obra até sua morte em dezembro de 1951. O enigma em torno do Coral Castle persiste, desafiando a compreensão convencional da engenharia e do trabalho manual.

Castelo de Corais, um monumento ao amor

“Ed Sombrio”, como era conhecido pelos vizinhos, sentiu-se mal e, decidindo enfrentar a situação sozinho, dirigiu-se ao hospital. Antes de partir, deixou um bilhete na entrada de sua propriedade com a mensagem otimista “Em breve estarei de volta!”, uma promessa que, infelizmente, nunca foi cumprida. Ed faleceu de insuficiência renal, deixando para trás uma notável herança.

Na torre que servia como sua moradia, foram encontrados uma caixa contendo 3.500 dólares, alguns manuscritos escritos por Ed sobre suas descobertas no campo do magnetismo terrestre e energia cósmica, além de suas ferramentas rudimentares. Ao longo de sua vida, Ed cortou, esculpiu e movimentou aproximadamente 1.100 toneladas de pedra de coral, criando o magnífico Coral Castle.

Após a morte de Ed, a propriedade passou para as mãos de seu sobrinho Harry, que residia em Michigan. Em 1953, Harry vendeu o castelo para o joalheiro Julius Levin, cuja empresa permanece como proprietária até hoje. Levin transformou o Coral Castle em um museu e atração turística, recebendo cerca de 100.000 visitantes todos os anos. O castelo foi inscrito no Registro Nacional de Lugares Históricos e Interessantes, preservando assim a memória do notável trabalho de Ed Sombrio e seu intrigante legado para as gerações futuras.

Castelo de Corais, um monumento ao amor

Mesmo mais de cinquenta anos após a conclusão do Coral Castle, a incerteza persiste: como Edward deslocou toneladas de rochas de coral sozinho e as esculpiu em blocos sem o uso de equipamentos especializados? Anos após a morte de Edward, a Sociedade Americana de Engenharia tentou desvendar o mistério realizando um experimento, utilizando a escavadeira mais potente da época na tentativa de mover um bloco de 30 toneladas do Castelo de Corais. Contudo, o esforço foi infrutífero. Essa e outras tentativas malsucedidas alimentam a crença de que Edward possuía poderes sobrenaturais.

Algumas teorias sugerem a possibilidade de Edward ter empregado poderes de levitação, enquanto outros argumentam que ele poderia ter utilizado técnicas semelhantes às empregadas na construção das pirâmides do Egito. No entanto, para a maioria, o enigma permanece sem solução definitiva. Em uma ocasião, Edward expressou: “Eu descobri os segredos das pirâmides. Eu descobri como os egípcios e os antigos construtores do Peru, Yucatan e da Ásia, com ferramentas primitivas, conseguiam cortar, transportar e erguer blocos de pedra pesados, de várias toneladas.”

O legado de Edward Leedskalnin e o Coral Castle continuam a intrigar, desafiando as explicações convencionais e inspirando debates sobre as habilidades e métodos extraordinários empregados por esse homem singular.

Castelo de Corais, um monumento ao amor

Apesar do esplendor da obra que encanta homens e mulheres, a amada de Edward nunca chegou a visitar o castelo construído em sua homenagem, mesmo após receber vários convites. Em 1980, Agnes Scuffs, então com 83 anos, foi convidada pela empresa proprietária do castelo para visitá-lo, mas recusou-se categoricamente, afirmando: “Eu neguei isso a vida inteira, então, eu não quero saber disso agora!” Após a partida de Edward, Agnes casou-se com um próspero comerciante, teve três filhos e viveu o restante de sua vida na Letônia.

O Castelo de Corais, como um grandioso monumento de amor dedicado a uma mulher, só encontra paralelo no famoso mausoléu Taj Mahal, erguido pelo indiano Shah Jahan em homenagem à sua amada esposa Mumtaz, após sua morte. Shah Jahan empregou dezenas de milhares de escravos e dedicou 12 anos de trabalho para eternizar seu amor. Em contraste, Edward, um homem simples sem tesouros ou escravos, construiu com suas próprias mãos um monumento ao seu eterno amor não correspondido, sacrificando um quarto de século de sua vida nesse esforço singular. O Coral Castle permanece como uma testemunha duradoura do poder transformador do amor e da devoção.

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Publicado originalmente em agosto de 2016

Site Oficial: www.coralcastle.com

Fontes: 1 2 3 4

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Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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