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China Ghost City, um fantasma no deserto

Quando se pensa em cidade fantasmas, se costuma pensar em lugares decrépitos, com saloons abandonados, casas velhas caindo aos pedaços em ruas poeirentas, mas a China é um dos paises que mudaram esse conceito. Atualmente por lá existem dezenas de cidades fantasmas construídas para milhares de pessoas, mas por um motivo ou outro, acabam vazias.

A cidade de Ordos foi fundada em 2001, e um distrito na cidade, chamado Kangbashi New Area, tem avenidas amplas, edifícios enormes, parques muito limpos e centros comerciais e esportivos gigantescos. No entanto, nota-se uma diferença marcante em relação a outras cidades chinesas: falta gente. Situada no deserto de mesmo nome, na Mongólia Interior, território no norte da China, a cidade foi construída para um milhão de pessoas, mas abriga apenas 55 mil: o vazio a transformou em uma das “cidades fantasma” do país. Enquanto o resto dos moradores esperados não chega, os habitantes de Ordos têm benefícios impensáveis em outras cidades, como transporte público gratuito e contas de gás subsidiadas.

China Ghost City

Segundo o economista Alistair Chan, que trabalha na consultoria Moody’s Analytics e é autor do livro O efeito de um colapso no mercado imobiliário na China, Kangbashi é um exemplo extremo da explosão da bolha imobiliária chinesa. “As cidades fantasma foram um dos mecanismos mais básicos da modernização da China”, disse à BBC Mundo. “O problema com Kangbashi foi um mal planejamento em termos da demanda que existiria para um lugar tão isolado. É uma amostra clara dos problemas deste tipo de urbanização planificada.”

Um fantasma no deserto

Ordos está no meio das estepes da Mongólia, a cerca de 23 km de Dongsheng, norte da China. Apelidada de “Texas chinesa“, Ordos despertou interesse na região no início do século, com o descobrimento de carvão, gás natural e dos metais conhecidos como terras raras, cruciais para a indústria. Graças a esta riqueza, a região passou a ser uma das mais prósperas do país, com um PIB superior ao da Coreia do Sul. Com a bonança, as autoridades decidiram em 2003 pela construção de uma nova cidade, Kangbashi, a um custo superior a US$ 160 bilhões (R$ 640 bilhões).

China Ghost City

A cidade tem reservas abundantes de água, um recurso escasso em Donsheng, a capital regional. Por isso, calculou-se que Kangbashi serviria como uma cidade-satélite que atrairia moradores da capital e de outras regiões, em um país que tem mais de 200 milhões de migrantes internos. A diferença entre os atuais 50 mil e o milhão de pessoas que podem viver na cidade mostram um cálculo exageradamente otimista, que se reflete no ambiente fantasmagórico das avenidas longas e vazias. No entanto, o encarregado de relações públicas da cidade, Chai Jiliang, disse ao jornal China Daily que tudo é parte de um plano estratégico. “Quando começamos a construção em 2006, calculamos que a cidade teria cerca de 300 mil habitantes até o fim de 2020. Estamos no caminho. O problema é que os meios de comunicação não têm muita paciência“, disse.

Construir primeiro, povoar depois

Ordos está longe de ser a única cidade fantasma da China. Em 2013, foram construídos cerca de 20 cidades e distritos semelhantes, sob o lema “vamos construir primeiro e virão morar aqui depois“. As zonas econômicas especiais que o líder chinês Deng Xiao Ping criou há mais de 30 anos no processo de de abertura econômica foram, em um primeiro momento, lugares pouco habitados como Shenzhen, uma cidade de pescadores que em poucos anos se transformou em um enorme centro urbano exportador e importador. Desde então, teve início uma urbanização acelerada na qual cerca de 500 milhões de pessoas passaram a viver em cidades.

China Ghost City

O distrito de Pudong, em Xangai, que tem hoje mais de cinco milhões de pessoas, foi construído nos anos 1990 e ficou vazio como Ordos antes de tornar-se um polo financeiro e comercial. Algo semelhante aconteceu com o novo distrito de Zhengdou, com uma área equivalente à de San Francisco, nos Estados Unidos, que atualmente têm mais de dois milhões de pessoas. Mas ao lado destes projetos aparecem caprichos arquitetônicos como a “Manhattan chinesa”, uma réplica do distrito de Nova York em uma região pantanosa de Tianjin, no norte do país. Ou ainda a “Thames Town” de Xangai, imitação de uma típica cidade inglesa, ambas semi desertas hoje.

China Ghost City

Rafael Olivier é um fotografo urbano irrequieto, sempre a procura de algum assunto interessante para tirar fotos e depois de ouvir falar das cidades fantasmas da China, resolveu procura-las na internet, mas não encontrou informações detalhadas sobre o assunto e por isso resolveu ir lá pessoalmente em 2013 e ver com seus próprios olhos e comentou: “Há alguns táxis no “centro”, mas fora nas áreas circundantes não há transporte, e também não tem pessoas. Eu, principalmente, teve que caminhar horas e horas todos os dias, geralmente em estradas vazias, abandonadas, mesmo por vezes através de dunas de areia. Tive sorte algumas vezes e poderia pegar carona de caminhões de construção que passavam“.

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Fontes: 1 2

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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