A Toscana italiana é um dos lugares mais bonitos, tanto por sua natureza quando por seus monumentos artísticos. No entanto, um lugar que muitas vezes escapa aos visitantes é a cidade de Vaglia, à 12 quilômetros ao norte de Florença. Ela tem apenas 5.000 habitantes, mas preserva um tesouro que é considerado Patrimônio da Humanidade desde 2013.
Na vila e dentro dos jardins da antiga Villa Medicea di Pratolino, mais tarde nomeado para Villa Demidoff, se localiza uma gigantesca escultura épica de um homem coberto de lama e líquens de dez metros e meio de altura, construído na metade do século 16 e chamada de Colosso dell’ Appennino, ou Colosso de Apeninos.
Segundo os historiadores, a estátua é a representação do deus Apenino, um símbolo que representa a magnitude da cordilheira dos Apeninos, que se estende ao longo da costa leste e parte central da Itália.
A enorme estrutura foi erguida entre 1579 a 1583 pelo escultor italiano Jean de Boulogne, conhecido como Giambologna. A escultura do homem, como se recentemente tivesse saído da lagoa, ainda escorrendo lama e algas, sendo o guardião da mesma, está numa posição vigilante e serena, empoleirado no topo de uma formação de pedras, com uma das mãos apoiada sobre a cabeça de um dragão, demonstrando uma conexão entre o homem e a natureza. O Dragão foi acrescentado na escultura pelo artista Giovan Battista Foggini no século 17.
Originalmente, a figura colossal estava no meio a uma série de outras estátuas de bronze, muitas das quais foram perdidas ou roubadas no decorrer dos anos. A estrutura do colosso construído de tijolo e pedra resistiu por séculos, bem como, o parque que a escultura está localizada.
A construção do parque foi um presente de casamento para a amante e futura esposa, a veneziana Bianca Capello, pelo duque italiano Francesco I de Médici. O parque foi concebido para que fosse um imenso cenário de contos de fadas.
A colossal estátua traz um segredo em seu interior. O artista projetou uma series de túneis e cavernas em seu interior. Para fazê-las, o arquiteto aproveitou uma caverna natural, que tem acesso através das “costas” do gigante. O escultor criou várias salas espalhadas por três andares, com janelas sob a barba e as axilas.
No passado, na cabeça da estátua havia uma sala com lareira, onde a fumaça expelida sai pelas narinas do gigante. Também existiam alçapões camuflados que lançavam jatos inesperados de água nos visitantes.
Quando Francisco de Médici morreu, o lugar ficou abandonado. Muitas das esculturas que decoravam o local acabaram por ser doadas a museus e jardins em Florença.
A vila original dos Médici foi demolida em 1822, sendo a propriedade adquirida em 1872, pelo príncipe russo Paolo II Demidoff, daí a mudança no nome do parque. Demidoff restaurou os edifícios dentro da propriedade e ampliou algumas das estruturas no parque e em 1981, o Conselho da Província de Florença comprou o imóvel e a transformou em um parque público.
Atualmente o Parque do Pratolino é um dos mais bonitos dos arredores de Florença. Embora a antiga vila e o parque dos Mediceanos tenham sido destruídos, com apenas alguns monumentos restantes, é fácil imaginar sua beleza e charme de outrora.
Artigo publicado originalmente em janeiro de 2016
Postagens por esse mundo afora
Leia também:
The Kelpies, o monumento aos espíritos da água
Völkerschlachtdenkmal, o Monumento da Batalha das Nações
Victoria Way, o jardim das esculturas