Conch Island (Ilha das Conchas), embora não se configure tecnicamente como uma ilha, é, na verdade, uma acumulação de conchas de rainha (Strombus gigas) que foram descartadas por pescadores no mesmo local ao longo de vários séculos.
Situada a leste de Anegada, a segunda maior ilha das Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, Conch Island representa não apenas um ponto turístico notável na região, mas também um símbolo da longa tradição e da alta demanda pela carne de concha nessa área do mundo.
Por séculos, os pescadores da região têm explorado as águas rasas ao redor desta área de Anegada em busca desses caracóis marinhos de crescimento lento, tão apreciados na culinária local. Muitos desses pescadores depositaram suas imensas conchas no mesmo local, resultando na formação da impressionante montanha cor-de-rosa e laranja que hoje é conhecida como Conch Island. Estima-se que a ilha alcance uma altura de aproximadamente 3,6 metros em seu ponto mais elevado, testemunhando a perseverança e a contribuição desses pescadores ao longo do tempo.
As conchas são valiosas tanto por sua carne, um ingrediente fundamental na culinária caribenha, quanto por sua aparência deslumbrante, frequentemente comercializada como lembranças e joias. No entanto, surge a questão: por que os vendedores locais de souvenirs não utilizam diretamente as conchas da ilha em vez de adquiri-las dos pescadores? Aparentemente, apesar do espetáculo impressionante que milhões de conchas proporcionam à distância, elas não mantêm a perfeição esperada quando observadas de perto.
Grande parte delas está danificada ou contaminada por cracas! Após os pescadores coletarem os moluscos do leito marinho, eles param na ilha para extrair a carne, criando um orifício próximo à ‘cabeça’ da concha. Esse processo é realizado para acessar e remover o músculo do caracol, muitas vezes utilizando ferramentas como chave de fenda ou faca, resultando em danos significativos às conchas. Isso torna as conchas inadequadas para comercialização, prejudicando sua qualidade.
Por meio de estudos científicos que envolveram a análise de conchas retiradas do leito marinho próximo à ilha, os pesquisadores empregaram a datação por radiocarbono para determinar suas origens, remontando a centenas de anos, especificamente a partir de 1245 d.C. Esses depósitos de conchas servem como evidência sólida do assentamento prévio do povo indígena Arawak em Anegada, destacando a presença contínua dessa comunidade ao longo de milênios, conforme indicam os especialistas.
Nos últimos 200 anos, os pescadores de conchas têm desempenhado um papel significativo na formação da Ilha da Concha. Porém, enquanto esse fenômeno a tornou uma atração turística mais marcante, também colocou os caramujos na lista de espécies ameaçadas de extinção.
A exploração intensiva da concha-rainha em todo o Caribe tem sido um fator determinante para sua inclusão nessa lista preocupante. Esses caracóis marinhos, apreciados na culinária, têm um ritmo lento de movimentação, reproduzem-se tardiamente e tendem a se reunir em águas rasas para reprodução, tornando-se presas fáceis para os pescadores.
Embora não seja oficialmente considerada a maior ilha artificial do mundo, Conch Island é notável o bastante para ser identificada no Google Earth. Além disso, não é o único ponto rosado que se destaca na costa de Anegada. A ilha é famosa não só pelas suas extensões cor-de-rosa, mas também pela presença de um grupo de flamingos, que parecem ter saído diretamente do universo cor-de-rosa da Barbie.
Artigo publicado originalmente em dezembro de 2018
Leia também:
A Casa das Conchas de Salamanca
Fadiouth, a ilha feita de conchas
Shell Grotto, a misteriosa gruta da Inglaterra
[…] Conch Island, uma ilha sendo construída com conchas […]