A majestosa árvore ‘El Gigante’ encontra-se no município de Santa María del Tule, a apenas 20 minutos da vibrante cidade de Oaxaca de Juárez, no estado de Oaxaca, México. Com uma idade estimada em mais de dois mil anos, esta árvore é uma verdadeira testemunha viva da história. Conhecida por diversos nomes, como Ahuehuete, cipreste mexicano, cipreste-Moctezuma, El Gigante, El Árbol del Tule ou El Sabino del Tule, ela representa não apenas uma maravilha natural, mas também uma conexão profunda com a cultura e a tradição mexicanas.
“Ahuehuete” é uma palavra náhuatl que significa “arbol velho das águas“, refletindo sua propensão a crescer em ambientes pantanosos. Sua classificação científica como Taxodium mucronatum, da família Taxodiacea, indica sua proximidade com os ciprestes, embora sua grandiosidade seja comparável até mesmo às sequoias. Com um tronco impressionante de 58 metros de circunferência e 14 metros de diâmetro, abraçá-la requer até trinta pessoas com os braços estendidos, tornando-a indiscutivelmente a árvore mais larga do mundo.
Além de sua imponência horizontal, a El Gigante se eleva a uma altura de 42 metros, com um volume estimado de 817 m³ e um peso colossal de 636 toneladas. Sua presença imponente e sua longevidade transcendem as simples medidas físicas, representando um símbolo de resistência, sabedoria e conexão com a natureza que encanta visitantes de todo o mundo.
A imponência da El Gigante transcende até mesmo os marcos mais emblemáticos da cidade, como a igreja principal e suas torres. Sua fama é tão grandiosa que parece eclipsar tudo o mais que a cidade representa. De fato, toda a localidade parece ter se erguido em torno desta singular e imensa árvore de cipreste, com seu mercado de artesanato, igreja e praça, todos situados ao seu redor. No entanto, mesmo com essa concentração de importância em torno da árvore El Gigante, a cidade abriga ainda outras sete árvores igualmente notáveis, evidenciando a profunda conexão que os habitantes têm com a natureza e sua magnificência.
A vida e a subsistência da comunidade giram em torno dessa árvore monumental, cujo tronco apresenta nódulos que, com um pouco de imaginação, revelam figuras de animais. Ao examiná-los, é possível vislumbrar a forma de um crocodilo, urso, elefante, lebre, esquilo, patos e outros seres da fauna. Essas características únicas não apenas enriquecem a beleza da El Gigante, mas também aprofundam o vínculo entre a população e sua preciosa herança natural, enriquecendo a experiência dos visitantes que contemplam essa maravilha da natureza.
Tradicionalmente, os habitantes de Tule sustentavam-se pela extração e processamento de cal, destinada à venda na cidade de Oaxaca. Entretanto, ao longo do século XX, uma parte significativa da população converteu-se à agricultura, cultivando milho, feijão, grão-de-bico e alfafa. Com o advento da industrialização, a economia de Santa María del Tule diversificou-se e a árvore tornou-se o epicentro do turismo local. Aproximadamente três quartos dos residentes dependem diretamente da árvore para sua subsistência.
Antigamente, Santa María del Tule repousava às margens de um lago, rodeado por extensos pântanos onde prosperavam numerosos ciprestes. Contudo, ao longo do tempo, o lago secou e os pântanos desapareceram. Recentemente, o avanço da urbanização e a intensificação da agricultura irrigada comprometeram o lençol freático, ameaçando a sobrevivência da árvore. Em resposta a essa ameaça, foram implementadas medidas de proteção, como a construção de um sistema de irrigação para mantê-la saudável e uma cerca de ferro para resguardá-la de danos.
Anualmente, em 7 de outubro, os moradores locais celebram a famosa Árvore de Tule com uma festa, honrando não apenas sua beleza e imponência, mas também sua importância vital para a comunidade. Essa tradição não só mantém viva a conexão entre os habitantes e sua árvore emblemática, mas também destaca a necessidade contínua de preservar e proteger esse tesouro natural para as gerações futuras.
Sobre a origem da Árvore de Tule, uma lenda popular narra a história de Rey Condoy, um homem de força invencível que dominava os picos de Zempoaltépetl, na Serra Mixe. Diz-se que ele dirigiu-se a Mitla para construir seu palácio, temendo que outro rei planejasse erguer uma grande cidade no mesmo local. Trabalhando incansavelmente durante a noite, o canto de um galo ao amanhecer o surpreendeu, levando-o a suspender sua obra. Segundo a crença popular, os palácios inacabados de Mitla são testemunhos dessas intenções frustradas.
Ao deixar Mitla e seguir para Oaxaca, Rey Condoy sentiu-se exausto e decidiu descansar ao chegar a um lugar chamado Tule. Fincou no solo seu bastão de comando, que pesava 62 kg, e dele brotou a maior árvore do mundo. De acordo com a lenda, enquanto a Árvore de Tule permanecer viva, Rey Condoy também estará, e seu destino estará entrelaçado com o dela.
Para os Mixes, Rey Condoy continua a viver nas alturas da Sierra Madre Oriental, simbolizando uma ligação eterna entre o homem e a natureza, entre o passado e o presente. Essa narrativa mítica não apenas enriquece a compreensão da importância da Árvore de Tule, mas também realça a profundidade da cultura e da espiritualidade que permeiam a região.
Artigo publicado originalmente em março de 2016
Fontes: 1
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