A intrigante Flor-cadáver, cientificamente conhecida como Amorphophallus titanum, recebe seu nome significativo de “pênis gigante disforme”, destacando-se como uma espécie vegetal que produz uma das maiores inflorescências do mundo. Em raros momentos de desabrochar, essa inflorescência alcança impressionantes três metros de altura e pode atingir até 100 quilos em peso.
Além do seu nome científico, a flor é reconhecida por outras designações, como Amorfófalo, Titan Arum, Corpse Flower ou Jarro Titã. É comum, porém equivocado, classificá-la como a maior flor do mundo, quando, na realidade, trata-se de uma inflorescência, uma composição de várias flores agrupadas numa espiga. A verdadeira detentora do título de maior flor do mundo é a Rafflesia arnoldii, também nativa do mesmo continente da flor-cadáver. Uma lenda fascinante relacionada a essa planta sugere que o apelido “flor-cadáver” surgiu devido à crença de que, ao desabrochar, ela devoraria quem a cultivou.
A Flor-cadáver é uma verdadeira raridade, florescendo apenas duas ou três vezes durante seus quarenta anos de vida. Seu odor desagradável é um chamariz para moscas e besouros que se alimentam de carniça, sendo essenciais para a polinização da flor. Uma de suas estratégias notáveis para intensificar esse odor é sua capacidade de gerar calor, alcançando temperaturas internas de até 36,6 graus Celsius. Esse calor consome a maior parte da energia armazenada no caule subterrâneo, o “rizoma”.
A planta só floresce quando acumula energia suficiente, tornando o intervalo entre as florações imprevisível, variando de alguns anos a mais de uma década. Quando a inflorescência se abre, emana um odor peculiar e atrativo. Na flor-cadáver, esse aroma costuma ser notavelmente desagradável, evocando sensações de morte, deterioração e putrefação. Análises químicas do espádice revelaram a presença de odores como chulé, peixe em decomposição, um toque doce floral e até mesmo nuances de fezes humanas.
Após o espetáculo da floração, a vida da flor-cadáver segue um curso rápido em direção à morte, retornando à sua forma habitual, bastante simples. Durante a maior parte de sua existência, essa planta exibe uma aparência discreta, repetindo ciclos. Nos primeiros dezoito meses, enquanto sua raiz se desenvolve, apenas uma pequena folha é visível na superfície. Após a morte de cada folha, a planta entra em um período de dormência por seis meses, até que uma nova folha surja. Este ciclo continua até que a primeira flor desabroche, um evento imprevisível que, segundo registros, pode levar até uma década para ocorrer.
A Flor-cadáver exige condições extremamente específicas, incluindo temperaturas quentes durante o dia e a noite, além de alta umidade, tornando os jardins botânicos ambientes ideais para seu cultivo. Desde 1889 até 2008, apenas 157 florescimentos desse tipo de planta foram registrados em jardins botânicos. Descoberta pelo botânico italiano Odoardo Beccari em 1879, essa flor é nativa das florestas tropicais de Sumatra, uma ilha da Indonésia, e é extremamente rara, considerada uma espécie ameaçada de extinção devido ao desmatamento das florestas tropicais.
O gênero Amorphophallus abrange cerca de 170 espécies, encontradas desde a África Ocidental até a Polinésia. Fora da Indonésia, o primeiro florescimento da flor-cadáver ocorreu em onze anos, em 1889, no Royal Botanic Garden na Grã-Bretanha, causando grande sensação a ponto de a polícia ter que controlar a multidão. Desde então, os jardins botânicos competem para exibir a flor mais alta. Em 2005, em Stuttgart, na Alemanha, uma flor-cadáver alcançou o recorde de 2,94 metros. O recorde anterior remontava a maio de 2003, em Bona, quando a flor atingiu 2,74 metros.
A Flor-cadáver conquistou notoriedade nos EUA depois de aparecer no desenho animado “The Simpsons”, onde a planta supostamente envenenava a cidade de Springfield com gases venenosos. Quando a flor floresceu pela primeira vez no país, em 2005, na Universidade de Madison, provocou longas filas de visitantes interessados em vê-la. O público demonstrou tanto interesse que a universidade instalou um sistema com atualizações em tempo real sobre a condição da planta. Além disso, fotos da flor foram comercializadas, gerando um total de 50 mil dólares em vendas.
Artigo publicado pela primeira vez em 6 de agosto de 2016
[…] Flor-cadáver, a imensa flor rara e fedorenta […]