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Grande mesquita de Djenné

A Grande Mesquita de Djenné é um templo muçulmano, que fica em Mali no norte da África, é o maior edifício de adobe (barro misturado com palha, fezes de vaca e água) do mundo e impressiona não só pelo tamanho, mas principalmente pelo fato de ser construído com material tão frágil. O monumento mede 150 metros de comprimento, tem 40 metros de largura e outros 20 de altura, o que equivale a um prédio de seis andares.

A mesquita foi construída em 1280 por Kunburu, o 26º sultão de Djenné no lugar de seu antigo palácio e numa época em que a religião islâmica, pregada por comerciantes árabes, que cruzavam o deserto do Saara, chegava à cidade de Djenné, que foi fundada cerca de 300 anos antes de Cristo e exerceu a função do mais importante centro comercial do Saara entre os séculos 9 e 16, além de ter sido o principal polo divulgador do islamismo naquela região africana.

Grande mesquita de Djenné

A referência mais antiga que se tem da mesquita, foi escrito por Abd al-Sadi no século 17 em seu manuscrito Tarikh al-Sudan, que afirma que o sultão tornou-se muçulmano e derrubou seu palácio para transformá-lo em uma mesquita. Ele construiu outro palácio para si no lado leste da mesquita. Seu sucessor construiu as torres da mesquita, enquanto o sultão seguinte, construiu um muro ao redor.

Em 1828, o explorador francês René Caillié visitou a mesquita e escreveu “Em Djenné há uma mesquita construída de terra com duas enormes torres rudimentares, mas não altas. Ela está abandonada, e milhares de andorinhas construiram seus ninhos na mesma. Um cheiro muito forte e desagradável toma o ambiente, assim o costume de fazer orações em um pequeno pátio exterior tornou-se comum.” Dez anos antes, Seku Amadu, líder dos Fulani tinha lançado uma investida e conquistado a cidade e não tinha gostado da mesquita e sob suas ordens, ela caiu em desuso. Seku Amadu ordenou também o fechamento de todas as pequenas mesquitas da região. Entre 1834 e 1836, Seku Amadu construiu uma nova mesquita a leste da mesquita existente no local do palácio. A nova mesquita era um grande prédio baixo sem quaisquer torres ou ornamentação.

Grande mesquita de Djenné

Em 1893, forças francesas lideradas por Louis Archinard ocuparam Djenné e logo depois o jornalista francês Félix Dubois visitou a cidade e descreveu as ruínas da mesquita original. Na época, o interior da mesquita estava arruinado e era usado como um cemitério. Em seu livro de 1897, Tombouctou la Mystérieuse, Dubois descreveu e desenhou de como ele imaginava ser a mesquita antes de ter sido abandonada.

Em 1906 a administração francesa na cidade providenciou a reconstrução da mesquita original, ganhando a forma atual e ao mesmo tempo construiu uma escola no local da mesquita de Seku Amadu. Uma polêmica foi gerada com o arranjo simétrico das três grandes torres da parede qibla (voltada para Meca), devido a influência francesa na reconstrução da mesquita. Dubois revisitou Djenné em 1910 e ficou chocado com o novo edifício. Ele acreditava que a administração colonial francesa foi responsável pela concepção e escreveu que a mesquita mais parecia um cruzamento entre um porco-espinho e um órgão de igreja. Ele achava que as estacas fizeram o edifício se assemelhar a um templo barroco dedicado ao deus dos supositórios. Por outro lado, Jean-Louis Bourgeois argumentou que os franceses tiveram pouca influência exceto talvez pelos arcos internos e que o projeto é “basicamente Africano.”

Grande mesquita de Djenné

As paredes variam de espessura entre 40 a 60 cm, de acordo com a altura da parede e é feita de tijolos de barro cozido ao sol, chamados de Ferey. Feixes de troncos de palma (Borassus aethiopum) chamados toron, que se projetam cerca de 60 cm para fora das paredes, foram incluídas no prédio para reduzir rachaduras causadas por mudanças drásticas frequentes de umidade e temperatura e servir como andaimes para reparos anuais. Os torons também servem como andaime permanente para os reparos anuais.

Para proteger a grande mesquita de danos causados pela água, em particular inundação pelo rio Bani, toda a estrutura foi construída sobre uma plataforma elevada, com 3 metros de altura. Ela é acessada por seis conjuntos de escadas cada uma decorada com pináculos. A entrada principal está no lado norte do edifício. As paredes exteriores da Mesquita não são precisamente perpendiculares entre si de modo que o plano do edifício tem um contorno trapezoidal perceptível. A parede de oração (qibla) da Grande Mesquita é voltada em direção a Meca e tem vista para o mercado da cidade. A Qibla é dominada por três grandes torres ou minaretes que se projetam para fora da parede principal. A torre central tem cerca de 16 metros de altura. No topo de cada minarete existem ovos de avestruz, símbolo tradicional de vida, fertilidade e renovação.

Grande mesquita de Djenné

A sala de oração, medindo 26 por 50 metros ocupa a metade oriental da mesquita atrás da parede da qibla. O telhado de adobe é apoiado por nove paredes interiores que são perfuradas por arcos ogivais que chegam quase até o teto. Este projeto cria uma floresta de noventa maciços pilares retangulares que tomam o interior da sala de oração e reduzem severamente o campo de visão. As pequenas janelas nas paredes norte e sul irregularmente posicionadas permitem que pouca luz natural chegue ao interior do salão. O piso é composto por terra arenosa. Pequenas aberturas no teto são cobertas com tigelas que quando removidas permitem que o ar quente suba e saia do prédio ventilando seu interior em dias quentes. O pátio interior a oeste do salão de orações, medindo 20 por 46 metros está rodeado em três lados por galerias. A galeria ocidental está reservada para uso das mulheres.

Grande mesquita de Djenné

Cerca de 7 mil metros cúbicos de argila foram usados nas obras da grande mesquita. Com essa mesma quantidade de material daria para fazer 15 cristos redentores de barro, do mesmo tamanho do original, que tem 38 metros de altura. A mesquita é danificada todos os anos pelas chuvas que ocorrem de julho a outubro, que levam uma parte do revestimento da mesquita, obrigando à manutenção regular do monumento. A esta manutenção dá-se o nome de “rebocadura” e tem lugar na estação seca, dando origem a uma grande festa.

Nos dias que antecedem o festival, a argila é preparada em poços. O material requer vários dias para estar pronto, mas precisa ser agitado periodicamente, uma tarefa geralmente feita por crianças que brincam, se jogando na mistura, mexendo o conteúdo. Depois que o material estiver pronto, homens sobem pelos andaimes e escadas improvisadas de madeira e rebocam as paredes da mesquita.

Grande mesquita de Djenné

Outro grupo de homens carregam a argilas dos poços para os operários na mesquita. A corrida é realizada no início do festival para ver quem vai ser o primeiro a entregar a argila na mesquita. Mulheres e crianças são encarregadas de levar água para preparação da massa durante o festival e também para os trabalhadores na mesquita. Pessoas idosas da comunidade sentam-se na praça do mercado e assistem o processo. Música e comida são oferecidos durante o festival.

A mesquita costumava acolher não muçulmanos, mas em 1996, foi concedido permissão a revista Vogue francesa para uma sessão de fotos de moda dentro do edifício. As fotografias de mulheres seminuas horrorizaram os mulás e desde então, a entrada de infiéis tem sido negada. As áreas históricas de Djenné, incluindo a Grande Mesquita, foram designadas como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1988, embora existem muitas outras mesquitas mais velhas do que a Grande Mesquita.

Grande mesquita de Djenné

Em 1930, uma réplica da Mesquita Djenné foi construída na cidade de Fréjus no sul da França. A réplica, a Mesquita Missiri, foi construída em cimento e pintada em ocre vermelho para imitar a cor da original. A réplica foi planejada para servir como uma mesquita para os Tirailleurs senegalenses, as tropas coloniais da África Ocidental do exército francês que foram postadas na região durante o inverno. A mesquita original é presidida por um dos centros de ensino islâmicos mais importantes da África com milhares de estudantes que vem para estudar o Alcorão em madrassas (escolas do Alcorão) de Djenné.

Grande mesquita de Djenné

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Fonte: 1

“Tudo o que o homem não conhece não existe para ele. Por isso, o mundo tem para cada um o tamanho que abrange o seu conhecimento”. – Carlos Bernardo González Pecotche

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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