Acidentes de aviões geralmente acabam em tragédias, onde centenas de pessoas perdem a vida e são poucas as quedas, onde alguém sobreviveu para contar a história. O fotógrafo alemão Dietmar Eckell em seu projeto “Happy End”, pretendem descrever e fotografar os raros milagres da aviação, onde na queda da aeronave, todos sobreviveram.
Por quase três anos, Dietmar, com sede em Dusseldorf, Alemanha, viajou para locais extremamente isolados em todo o mundo – nove países em quatro continentes – da Austrália à Islândia a procura de restos abandonados de destroços de aviões. Estes aviões permaneceram abandonados entre 10 a 70 anos e tornaram-se parte da paisagem.
Nas florestas, as árvores crescem através das janelas quebradas. No deserto, dunas de areias começam a engolir a fuselagem. Nas montanhas, as entranhas de metal começam a se assemelhar às rochas circundantes. De acordo com Dietmar, dos 15 aviões fotografados até o momento, todos envolvem histórias de sobrevivência e pura sorte.
Dietmar se interessou em documentar acidentes com finais felizes, onde todos sobreviveram depois dele ter sobrevivido também de um acidente aéreo quando pilotava um parapente com motor sobre o deserto de Mojave na Califórnia, quando estava tirando fotografias e o parapente entrou em parafuso, mas ele conseguiu controlar a aeronave e pousa-la, saindo do acidente com apenas um tornozelo quebrado. Enquanto ele se recuperava de uma cirurgia, teve tempo para fazer pesquisas e encontrar outros acidentes aéreos onde pessoas saíram vivas.
Para achar os destroços, Dietmar vasculhou fóruns na internet e pesquisou o Google Earth. Uma vez que encontrava alguma evidência, começou a pesquisar por pilotos locais para conseguir com eles, detalhes da queda do avião, o que acabou sendo uma viagem pela história.
Em Papua Nova Guiné, ele teve que atravessar comunidades que ainda se agarram a tradições seculares, sem eletricidade e água corrente. Noutra ocasião, no norte da África, teve que negociar com um grupo rebelde local, para que fosse guiado através da fronteira da Mauritânia para o Saara Ocidental. Em lugares mais remotos, como a Antártica e Groenlândia, ele não pode ir devido aos altos custos, mas pretende arrecadar dinheiro para ir a esses locais e continuar com o seu projeto.
O fotógrafo rastreou destroços de avião onde até mesmo moradores locais não sabiam do acidente e ele conta: “Uma vez precisei de um hidroplano para chegar a um lago a 400 quilômetros de distância, mas não tinha dinheiro para o transporte.
Foi então que encontrou um piloto aposentado disposto a leva-lo pois não acreditava que existia destroço de um avião, onde ele dizia que tinha caído, pois nos trinta anos que ele era piloto local, nunca havia escutado sobre o acidente e ficou surpreso após encontrar os destroços do avião, abandonado ao lado do lago desde 1956. “Happy End” é apenas uma parte de um projeto maior chamado “Restwert”, onde Dietmar documenta através de fotografias navios, parque de diversões, hotéis e outras estruturas abandonadas pelo mundo afora.
Fairchild C-82A Packet, Alasca
Em janeiro de 1965, um Fairchild C-82 sobrevoava o Círculo Polar Ártico no Alaska quando apresentou problemas. O sistema elétrico do avião falhou e eles tiveram que fazer uma aterrissagem de emergência sobre a floresta de tundra a noite, derrubando muitas árvores.
Para sobreviver ao frio de -45 graus, tiveram que fazer fogueiras e tiveram muita sorte, quando outro avião viu a fumaça das fogueiras, três dias depois. Quando pesquisava sobre o acidente, o piloto sobrevivente do Fairchild C-82 lhe enviou um email, agradecendo por contar a história de seu acidente, quase cinquenta anos depois.
Crédito das fotos: Dietmar Eckell
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