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Ilhas Astronautas, as ilhas camufladas da Califórnia

Não muito longe da costa de Long Beach, na Califórnia, nos Estados Unidos, há um conjunto de quatro ilhas artificiais que contém edifícios brancos imponentes entre palmeiras, arbustos e cachoeiras, todos iluminados por luzes coloridas à noite. Da costa próxima, as ilhas artificiais parecem estar ocupadas por algum tipo de condomínio ou resort de luxo.

Mas na verdade, elas são apenas uma fachada que camufla enormes operações na perfuração e extração de petróleo na baía, sendo o quarto maior campo petrolífero do país. A camuflagem é tão bem feita, que a maioria das pessoas não percebe que as ilhas são instalações de produção de petróleo.

Disfarçar infraestruturas industrial para que elas se misturem com o meio ambiente não é novidade. A cidade de Toronto vem disfarçando subestações elétricas em pequenas casas por mais de um século. Da mesma forma, cidades como Nova York, Paris e Londres escondem poços de ventilação e trilhos de trens atrás de paredes ou edificações falsas. Tais disfarces são raramente divulgados, sendo descobertos muitas vezes por cidadãos curiosos.

Ilhas Astronautas, as ilhas camufladas da Califórnia
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Conhecidas por THUMS, que é a combinação da primeira letra dos nomes das empresas Texaco, Humble (agora Exxon), Union Oil, Mobil e Shell – as cinco empresas que formaram um consórcio para supervisionar as operações na extração de petróleo na Baía de San Pedro. As ilhas foram construídas em 1965 a um custo estimado de 22 milhões de dólares, na construção de quatro ilhas, com áreas entre 10 e 12 acres.

Mais de 640.000 toneladas de pedras, algumas com até cinco toneladas cada, sendo trazidas da Ilha de Catalina foram usadas para construir os perímetros das ilhas, começando pelo área do cais, com cerca de 30 a 40 metros de profundidade. As ilhas foram então preenchidas com 3,2 milhões de metros cúbicos de material dragado da baía. O próximo passo foi o paisagismo e a instalação de equipamentos.

Ilhas Astronautas, as ilhas camufladas da Califórnia

Quando os moradores de Long Beach em 1962 num referendo deram sinal verde ao ambicioso plano de explorar os recursos petrolíferos localizados no mar, parte do acordo era que as ilhas deveriam ser projetadas para se parecerem com locais tropicais e que deveriam esconder as operações de perfuração. “As ilhas eram obrigadas a se misturar ao ambiente e paisagem local.

O principio orientador era que as ilhas melhorariam ao invés de prejudicar a beleza natural da baía.“, disse Frank Komin, vice-presidente executivo de operações do sul da Califórnia Resources Corporation, a companhia que atualmente é a proprietária das ilhas.

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As ilhas foram projetadas por Joseph Linesch, que também ajudou a projetar o paisagismo na Disneylândia. Palmeiras foram plantadas no exterior. Fachadas de concreto que escondiam os guindastes também serviam ao propósito de afastar o ruído industrial dos moradores que residiam nas proximidades. Uma delas é chamada The Condo, pois é confundida com um hotel elegante.

As ilhas THUMS também são conhecidas por Ilhas Astronautas desde 1967, tendo sido nomeadas em homenagem aos quatro astronautas americanos que perderam suas vidas a serviço da Nasa – Theodore C. Freeman, Gus Grissom, Ed White e Roger B. Chaffee. Os últimos três eram astronautas da Apollo 1 que haviam morrido na explosão da nave na rampa de lançamento.

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A ilha à direita é a Island Grissom, uma das plataformas de petróleo offshore da THUMS. | Crédito da foto

Fontes: 1 2

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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