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Kamilo Beach, a praia de plástico do Havaí

Os oceanos cobrem 71% da superfície do nosso planeta, e nessa imensidão de água, muitas áreas não são monitoradas, por não serem de interesse econômico ou mesmo turístico, o que as tornam uma fonte preocupante no crescente problema da poluição dos oceanos. Mesmo áreas onde há uma presença constante do ser humano, também existe um grande acumulo de lixo flutuado na superfície ou no fundo do mar.

Devido a tudo isso, se torna muito difícil, determinar a quantidade de detrito marinho que já se acumulou nos oceanos. Especulasse que cerca de 5,25 trilhões de micro peças de plásticos estejam boiando, ou em grande parte, no fundo do mar. Como diz o ditado, o que está fora de vista, está fora da mente! Mas há um lugar onde toda essa poluição do mar se torna dolorosamente óbvia. Trata-se da praia de Kamilo Beach, na ponta sul do Havaí, onde todos os anos toneladas de lixo são trazidas pelas ondas, encobrindo praticamente toda a extensão da areia e se acumulando em certos lugares. Numa época onde voluntários não faziam a limpeza da costa, o lixo acumulado chegava a três metros de altura.

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O fluxo de nossos oceanos passa por uma região conhecida como “Giro do Pacífico Norte”, que forma uma espécie de redemoinho entre as várias correntes marítimas vindas da Ásia e da América do Norte e o Havaí situa-se no caminho desse giro. A praia de Kamilo Beach fica a cerca de um quilômetro desde redemoinho. Esse fluxo envolve, nos últimos anos, uma imensa quantidade de plástico – um lixo não deixa de se mover e, em alguns casos, chega a viajar até a costa. No passado, devido a esse giro, eram trazidos a praia, grandes troncos de árvores que vagavam pelo oceano e os nativos havaianos recolhiam esses troncos e os utilizavam para fazerem canoas.

A maior parte do lixo que chega à Kamilo Beach, quase 90% é material plástico. A grande maioria é lixo doméstico: sacos plásticos, embalagens, brinquedos e outros, que podem ser encontrados empilhados na praia. Mas há também uma grande quantidade de resíduos de plástico industrial, incluindo redes de pesca, cordas, boias, etc… Este tipo de lixo é particularmente perigoso porque pode servir de armadilha a vida animal, tanto na água como em terra. Anualmente, a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) envia mergulhadores para retirar esses detritos dos recifes de corais em torno do Havaí, e apesar do esforço, o lixo continua se acumulando.

Todo esse lixo que acaba indo parar no Havaí vem de todas as partes do mundo – é soprado para o mar a partir de aterros costeiros, despejados de barcos, ou varridos para fora da costa com a maré. A estudos que indicam que o oceano retarda a decomposição do plástico e pode levar mais de 400 anos para se decomporem. E todas essas garrafas de plástico e redes de pesca podem viajar em correntes oceânicas durante décadas antes de acabarem sendo depositados nas praias. Só para se ter uma ideia, no ano 2000, pesquisadores do Atol de Midway encontraram um pedaço de plástico no estômago de um albatroz que eles rastrearam sendo parte de um avião abatido durante a Segunda Guerra Mundial: o plástico tinha vagado pelas correntes oceânicas durante 50 anos antes de parar no estômago da ave.

Em 2014, a artista inglesa Sophie Thomas visitou Kamilo Beach e relatou que em meia hora de caminhada pela praia, recolheu 18 escovas de dentes. Ela fez uma exposição, entitulada “Never Turn Your Back on the Ocean” em Londres, com o materiais recolhidos na praia, para conscientizar as pessoas sobre o problema da poluição dos mares.

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Escovas de dentes recolhidas em Kamilo Beach por Sophie Thomas | Crédito da foto

Fontes: 1 2 3

“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)

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