A cidade de Kiruna, a 145 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico, já foi a maior cidade em área do mundo, mas em 1970, depois de uma reforma entre os municípios na Suécia, perdeu o posto para Mount Isa, na Austrália. A cidade foi fundada a partir de um assentamento próxima a uma mina de ferro em 1990.
Sua população sempre viveu em função da mina, que produz o minério de ferro mais puro do planeta. Em 2004, a mineradora estatal Luossavaara-Kiirunavaara AB devido a escassez do minério, teve que fazer a população da cidade tomar uma decisão: ou fechava as portas da mina e os 23.000 mil habitantes enfrentaria uma demissão em massa ou mudava a cidade inteira de lugar para que a mina possa ser escavada mais profundamente, o que deixaria o terreno muito instável.
Diante de tanto desemprego, a cidade decidiu se mudar, e desde o início de 2015, edificações mais próximas à mina começaram a ser demolidas e transferidas para uma área a 3,2 quilômetros ao leste, o mais distante possível da mina de ferro. Na época, a prefeitura fez um concurso de arquitetura, para encontrar a melhor solução para o novo centro da cidade e a empresa vencedora foi a White Architects, em 2012, e acredita que a mudança completa da cidade vai até o final do século.
O novo plano deixa o centro de Kiruna mais atraente. Lojas, cafés e a câmara municipal serão reagrupados em torno de uma praça compacta, com ruas mais estreitas, pensadas para proteger os pedestres do vento. As novas ruas residenciais da cidade também serão surpreendentemente metropolitanas. Moradores serão concentrados em prédios de apartamentos ultra isolados (e em alguns casos sem espaços abertos) em ruas arranjadas ao longo do eixo leste-oeste.
Este projeto estica a cidade numa configuração que facilita o transporte a pé, com os moradores a alguns da floresta. Esse esforço todo é uma tentativa de manter a identidade da cidade, apesar da mudança radical. A prefeitura contratou até mesmo uma antropóloga social, que funciona como mediadora entre a população e os arquitetos e engenheiros. O objetivo é fazer a transformação urbana mais democrática do mundo.
Algumas das construções da cidade vão ser erguidas por guindastes e transportadas peça por peça. É o caso da Igreja de Kiruna, inaugurada em 1912 e eleita a construção mais bonita de toda a Suécia. O relógio da cidade também vai ser rebocado da forma como está para o outro lado do município. A prefeitura é o primeiro edifício grande afetado pelas escavações e será o ponto central no novo centro da cidade e está planejado para ser inaugurado no final de 2016. Um total de 2,500 apartamentos e 200.000m² de comércio, escritórios, escolas e hospitais serão movidos ou construídos até 2035.
A mineradora, que está financiando toda a mudança, oferece duas opções aos moradores: compram a casa em que moram pelo valor de mercado + 25% ou oferecem uma casa de mesmo valor na área expandida na cidade. Todo esse custo só consegue ser bancado porque ela é a maior exportadora de ferro da Europa – ou seja, é mais barato mover toda essa gente do que fechar a mina.
Como será a nova Kiruna
Artigo publicado originalmente em maio de 2016
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