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Las Pozas: O Jardim do Éden surreal

Las Pozas, cujo nome se traduz como “as Piscinas”, emerge como uma obra surrealista de proporções magníficas, concebida pelo poeta britânico Edward James em meio à exuberância de uma floresta tropical subtropical nas montanhas de Sierra Gorda, no México, a mais de 610 metros acima do nível do mar. Este santuário abrange mais de 80 acres (32 ha) de pura maravilha natural, onde cachoeiras e piscinas naturais se entrelaçam harmoniosamente com imponentes esculturas surrealistas em concreto, criando um cenário que desafia a imaginação.

Situada nas proximidades da vila de Xilitla, San Luis Potosí, esta joia surreal está a sete horas de carro ao norte da buliçosa Cidade do México. Na virada da década de 1940, Edward James, após uma temporada em Los Angeles, Califórnia, sentiu um chamado interior para criar seu próprio “Jardim do Éden”. Ele percebeu que o México, com sua atmosfera romântica e vastos espaços, oferecia o cenário perfeito, distante das multidões da sulista Califórnia.

Imerso na busca por um local surreal que pudesse expressar seus diversos interesses esotéricos, James, encorajado por sua prima, a pintora Bridget Bate Tichenor, aventurou-se em terras mexicanas. Em Cuernavaca, contratou Plutarco Gastelum como guia, e foi durante uma exploração que eles descobriram Xilitla em novembro de 1945.

O encontro com esse paraíso subtropical se transformou em uma conexão duradoura, ao ponto de Plutarco se casar e construir, posteriormente, um castelo de cimento falso gótico, agora transformado em um hotel chamado La Posada El Castillo. James, carinhosamente chamado de “tio Edward” pelas crianças de Plutarco, frequentemente se hospedava nessa casa, contribuindo para a construção de laços profundos com a comunidade local.

Ao longo dos anos, Las Pozas tornou-se a materialização viva dos sonhos de Edward James, uma sinfonia surrealista que continua a encantar visitantes. As esculturas em concreto, algumas alcançando alturas extraordinárias, se fundem com a paisagem exuberante, desafiando a distinção entre o criado e o natural. A cada passo, os exploradores se deparam com uma nova manifestação da criatividade singular de James, enquanto as cachoeiras e piscinas adicionam uma dimensão mágica ao ambiente.

A jornada até Las Pozas não é apenas uma viagem física, mas uma incursão nos domínios da imaginação e da arte surrealista. Este enclave transcende o convencional, proporcionando uma experiência única que ecoa a visão única de Edward James, perpetuando sua marca indelével na paisagem cultural do México.

Construção

Entre 1949 e 1984, o visionário Edward James moldou Las Pozas com dezenas de estruturas surreais de concreto, cada uma delas com nomes tão evocativos quanto a própria obra: “A casa de três Andares que de fato terá cinco, quatro ou seis“, “A casa com telhado como uma baleia” e “A escada para o céu“.

O local também abrigava plantações exuberantes e canteiros repletos de mais de 29.000 orquídeas, desenhando uma paisagem tropical deslumbrante. Além disso, diversas pequenas casas, nichos e currais foram criados para acolher pássaros exóticos e animais selvagens de várias partes do mundo, refletindo a paixão de James por animais exóticos, evidenciada até mesmo pelo episódio curioso em que levou suas jiboias de estimação para o Hotel Francis, na Cidade do México.

O local é marcado por esculturas monumentais que se estendem até quatro andares, adornando o cenário surreal de Las Pozas. As trilhas serpenteantes pelo jardim são verdadeiras obras de arte por si só, constituídas por degraus, rampas, pontes e passarelas estreitas, integrando-se de maneira harmônica nas paredes do vale.

O investimento monumental na construção de Las Pozas ultrapassou os US$ 5 milhões, um testemunho do comprometimento de James com a realização de seu sonho surrealista. Para financiar esse empreendimento extraordinário, ele vendeu sua valiosa coleção de arte surrealista em um leilão, sacrificando preciosas peças para dar vida à sua visão única.

A construção dessas estruturas surreais sempre demandou grandes contingentes de trabalhadores, com mais de 40 profissionais, incluindo pedreiros, carpinteiros e ferreiros, necessários para um projeto médio. Ao longo do período de La Pozas, estima-se que Edward James tenha empregado mais de 100 trabalhadores locais, contribuindo significativamente para a economia da região.

No entanto, com a notícia da morte de James, Plutarco Gastélum interrompeu abruptamente a construção de Las Pozas, deixando várias estruturas inacabadas como testemunhos silenciosos de um projeto interrompido, mas que continua a encantar os visitantes com sua beleza surreal e inacabada.

Surrealismo

Edward James, um devoto do surrealismo, não só adotou esse estilo artístico, mas também acreditava ser intrinsecamente um surrealista nato. Sua paixão pela expressão artística o levou a criar Las Pozas, um santuário surreal em harmonia com a exuberante natureza surreal do México. James destacava a inerente natureza surreal do país, buscando incorporar essa essência nas estruturas de Las Pozas, aspirando que cada construção fosse uma peça viva de um cenário onde a imaginação se desdobrava sem restrições.

Na busca pela expressão surrealista perfeita, James investiu não apenas recursos financeiros, mas também uma dedicação incansável, ultrapassando os limites convencionais e desafiando a lógica nas formas de suas esculturas. Ao conectar Las Pozas a Xilitla, ele trouxe eletricidade para iluminar a floresta, simbolizando sua vontade de infundir vida e energia em seu reino surreal.

A jornada de James em Las Pozas não foi apenas um empreendimento artístico, mas uma exploração profunda de sua conexão com o surrealismo, tornando-se o maestro de um jardim onde as leis da física e da realidade eram desafiadas, deixando um legado inspirador para admiradores e artistas.

Atração turística

Após a morte de Edward James em 1984, Plutarco Gastélum Esquer, um fotógrafo e índio Yaqui, assumiu a responsabilidade por Las Pozas, propriedade que James deixou de cuidar na década de 1980. Gastélum, o verdadeiro proprietário do terreno, supervisionava a construção do local quando James não estava no México. Diante do pesado ônus financeiro para manter Las Pozas, Gastélum vendeu partes do terreno inicialmente.

Em 1994, devido à legislação mexicana que considera qualquer hidrovia como propriedade federal, o terreno foi aberto ao público, resultando em sua designação como patrimônio cultural estadual em 2006. Em 2007, a Fundación Pedro y Elena Hernández, a empresa Cemex e o governo de San Luis Potosí adquiriram Las Pozas por cerca de US$ 2,2 milhões, estabelecendo a Fondo Xilitla. Essa fundação agora supervisiona a preservação e restauração do local.

Crédito das imagens: Wikipédia

Fonte: 1

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