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Monumento do Renascimento Africano

Construído para ser símbolo de orgulho de todo um continente, o Monumento do Renascimento Africano (em francês: Le Monument de la Renaissance africaine) gera controvérsia em seu país desde a sua inauguração, em 2010. Localizado no topo de uma das duas colinas de 100 metros de altura, chamadas Collines des Mamelles, no bairro de Ouakam, próximo à costa de Dakar. A Estátua de bronze, chama atenção de longe com seus 49 metros de altura, maior do que a Estátua da Liberdade ou que o Cristo Redentor, sendo a maior estátua fora da Ásia e de antigos países da URSS.

Abdoulaye Wade

O monumento foi inaugurado no aniversário de 50 anos da independência do Senegal da França. Simboliza a força dos povos africanos que obtiveram a liberdade ante os europeus e serve como instrumento de orgulho e autoafirmação africana. Ou ao menos é esse o seu proclamado propósito. Em sua base, estão duas inscrições semelhantes assinadas pelo presidente Abdoulaye Wade. A primeira: “Visitante africano ou estrangeiro. Se um dia não estiver às portas deste Monumento, pense em todos os sacrifícios que ocorreram na África na plurissecular escuridão, para impulsionar a Luz e a Liberdade”. A outra, intitulada “Mensagem à juventude”: “Jovem da África e da Diáspora, se um dia não estiver ao pé deste Monumento, pense em todos os que sacrificaram sua liberdade e sua vida pelo Renascimento da África”.

O monumento foi desenhado pelo arquiteto senegalês Pierre Goudiaby segundo uma sugestão apresentada pelo próprio presidente Wade, e construído por uma empresa da Coreia do Norte. O início das obras preparatórias deu-se no topo da colina em 2006, e a construção da estátua de bronze começou em abril de 2008. O plano original previa o fim da construção em 2009, mas vários atrasos fizeram com que fosse terminada em 2010, e em 4 de abril de 2010, no dia nacional do Senegal, foi inaugurada.

O polêmico monumento custou 27 milhões de dólares que a população dizia que poderiam ter sido gastos em saúde, educação ou para melhorar a vida das pessoas, uma vez que o país estava sofrendo com a crise econômica. Os cortes de energia na cidade eram frequentes, os preços dos alimentos não paravam de subir e inundações regulares deixavam um grande número de pessoas desabrigadas. Em vez de uma celebração de seu longo caminho para a liberdade, a estátua parece incitar um sentimento de fracasso.

Para piorar a situação, 94% dos senegaleses são muçulmanos e a mulher esculpida com pouca roupa revelando parte de seus seios e coxas e exposto junto a seu companheiro sem camisa, não é apreciado por muitos, que dizem ofender a cultura muçulmana. Outros criticam a obra por ter sido construída por coreanos, dizendo ser uma ironia uma estátua comemorando a liberdade e renascimento africano ter que ser construída por estrangeiros. Muitos apontam para que as características faciais das estátuas não ter semelhança com os povos africanos. Há até mesmo rumores de que a face masculina foi trabalhada para assemelhar-se ao presidente Wade, que perdeu as eleições em 2012, no poder desde 2000. A maioria concorda que a estátua de estilo soviético está fora de lugar, e representa o machismo de governantes autoritários africanos do que qualquer outra coisa.

Na época, o financiamento da obra foi baseado em um acordo controverso em que um empreendedor privado pagou a construção em troca de uma parcela lucrativa de terras do governo perto do aeroporto. Para tornar a questão ainda pior, o presidente Wade reivindicou direitos de propriedade intelectual da estátua, onde 35% dos lucros deveriam ser pagos a ele, mas mesmo o monumento ser um dos lugares mais visitados em Dakar, a receita gerada não era suficiente para cobrir os custos do funcionamento do lugar.

Fontes: 1 2 3

“Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem)

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