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Glowworms Caves, a caverna do céu estrelado

Waitomo Caves é um intrincado complexo de cavernas de mais de 40 quilômetros de extensão, que conta com cerca de 300 cavernas entre as cidades de Te Kuiti e Otorohanga, na região de Waikato, localizadas à cerca de 200 quilômetros ao sul de Auckland, na ilha Norte de Nova Zelândia. Os geólogos estimam que esse conjunto de cavernas começaram a ser formadas à cerca de 30 milhões de anos atrás, quando toda a região da ilha norte de Nova Zelândia ainda estava no fundo do mar. As principais cavernas são a Caverna de Waitomo, a Caverna de Ruakuri, a Caverna de Aranui e a Caverna de Gardner.

Glowworms Caves, a caverna do céu estrelado
Crédito da foto

A palavra “Waitomo” vem da língua Maori, onde “wai” significa água e “tomo“, significa buraco, portanto “Waitomo” pode ser traduzido como “água passando por um buraco“.  As cavernas já eram conhecidas pelo povo maori, mas foram exploradas pela primeira vez em 1887, quando o agrimensor inglês Fred Mace e o chefe maori Tane Tinorau adentraram a caverna numa embarcação, utilizando uma corda feita de fibras para não se perderam no complicado sistema de cavernas .

Também utilizaram velas como iluminação e chegaram até onde o fluxo de água emerge do subsolo, ficando maravilhados como o brilho cintilante vindo do teto, numa parte da caverna que ficou conhecidas por “Glowworms Caves“. Eles exploraram as cavernas muitas outras vezes, mas foi uma exploração independente que o chefe Tane descobriu a entrada do nível superior da caverna, que é agora a entrada atual.

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Em 1889, Tane Tinorau abriu a caverna aos turistas. Ele e sua esposa começaram a guiar pequenos grupos de visitantes através das cavernas por uma pequena taxa. Com o passar dos anos, viraram uma atração turística muito procurada, fazendo em 1904 o governo neozelandês ‘tomar’ a região das cavernas dos maoris, tornando-as um centro de turismo muito popular, com grupos de visitantes administradas por pequenas e grandes empresas, que guiam turistas pelas cavernas.

Das trezentas cavernas, apenas dez delas são abertas a visitação pública. Em 1990, as cavernas foram devolvidas a tribo maori local, que passou a receber uma porcentagem da receita gerada pelo turismo nas cavernas e participar na gestão das mesmas.

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O que fazem essas cavernas serem especiais, além da sua beleza natural, são uns vermes chamados “glowworms” (Arachnocampa luminosa), uma espécie bioluminescentes da ordem díptera, que são endêmicos da Nova Zelândia, que em sua fase larval emite uma luz brilhante para atrair suas presas na escuridão. Esse inseto vive exclusivamente em grutas úmidas e em zonas abrigadas das florestas, sendo chamados pelos maoris de “titiwai“, que significa “que reflete sobre água”.

A espécie foi primeiro descrita em 1871, quando exemplares foram recolhidos numa mina de ouro na região neozelandesa de Thames. Inicialmente pensava-se que seria aparentada ao vaga-lume europeu, mas em 1866 um professor de Christchurch demonstrou que era a larva de um díptero, não um coleóptero. A espécie foi designada como Bolitiphila luminosa em 1891, sendo renomeada como Arachnocampa luminosa em 1924.

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Em sua fase larval, essa espécie emitem uma luz azulada para atrair suas presas. A larva é brilhante e possui um corpo semitransparente de três a quatro centímetros de comprimento. O resultado do seu brilho é uma reação química que envolve luciferina e a luciferase (a enzima que reage com a luciferina gerando a bioluminescência), trifosfato de adenosina (ATP, a molécula da energia) e oxigênio, e que decorre em órgãos excretórios modificados no abdômen, designados como túbulos de Malpighi.

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A larva tece uma teia de seda no teto da gruta, com fios pegajosos que servem de armadilhas, e uma vez que pequenos insetos são atraídos pela luz, estes ficam presos nos fios das larvas. As larvas brilham para atrair as presas para os seus fios suspensos, talvez levando-as a pensar que se trata de uma saída para o exterior, já que o teto de uma gruta coberto de larvas pode parecer como se fosse um céu estrelado à noite. Uma larva esfomeada brilha com mais intensidade do que uma que tenha acabado de comer.

Quando uma presa fica enredada num fio, a larva puxa-a para cima ingerindo o fio e devorando-a. Há casos de canibalismo quando a densidade populacional é muito elevada ou quando os adultos se enredam eles próprios nos fios de seda quando emergem das pupas.

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As Arachnocampa luminosa adultas não se alimentam e vivem apenas alguns dias. Tanto os machos como as fêmeas brilham, mas não tanto como as larvas. O único objetivo dos adultos é acasalar, e, no caso das fêmeas, pôr ovos. Os insetos adultos são maus voadores, pelo que normalmente ficam da mesma área, dando origem a uma colônia. A fêmea põe cerca de 130 ovos, em grupos de 40 ou 50, morrendo pouco depois. Os ovos eclodem ao fim de uns 20 dias e o ciclo repete-se.

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A larva devorando uma presa | Crédito da foto
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Arachnocampa luminosa | Crédito da foto

Fontes: 1 2 3

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