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O enigma da Pedra do Frade

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Na costa pedregosa de Laguna, em Santa Catarina, um bloco vertical de quase oito metros de altura e cinco metros de diâmetro instiga pescadores, nativos e cientistas. A Pedra do Frade, no Morro do Gi, a 10 quilômetros ao norte do centro de Laguna, já deu origem a grandes histórias, incontáveis lendas, alguns estudos e especulações interplanetárias. Curiosamente equilibrado em três pontos sobre uma rocha à beira-mar, o monólito de 30 toneladas é encimado por uma pedra triangular que não parece ter surgido ali casualmente. E é justamente essa dúvida que faz germinar saborosas conjecturas.

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Entre os moradores da região, poucos são aqueles que não se arriscam a apresentar uma versão sobre como o monumento foi construído, quando, por quem e para quê. A lenda que mais convence os nativos e turistas é que foram os fenícios, que vindos do Oriente, puseram-na ali para servir de marco, por volta do segundo milênio antes de Cristo. Outra hipótese com grande quantidade de adeptos é a de que o monólito esconde um tesouro, depositado ali pelos jesuítas que chegaram no século 17 para converter os índios.

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A pedra vertical teria uma parte escavada e a de cima seria a tampa do rico baú rochoso, e muitos que acreditaram nessa versão, já tentaram mover a pedra triangular para ver se tinha realmente ouro dentro. Também existe a versão de que o obelisco tenha sido obra dos índios carijós, os habitantes da região antes da chegada dos portugueses, sendo um ponto de referência ou um monumento aos seus deuses.

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Ufólogos amadores especulam a possibilidade de o conjunto ter sido obra de seres extraterrestres, que dizem que o monumento parece um moal inacabado ou uma figura humana estilizada e junto com as ilhas das Araras, Tucurumim e dos Lobos, a pedra forma um quadrilátero que parece apontar para um campo de pouso, que se encontra atrás do monólito e ainda encontram alguma semelhança entre a Pedra do Frade e Stonehenge, o sítio arqueológico de Amesbury, na Inglaterra, que alegam que as as pedras são posicionadas de modo semelhante.

Acontece que Stonehenge é um monumento gigantesco da Idade do Bronze com utilidade conhecida – é uma espécie de sofisticado calendário pré-histórico que marca as estações e o início de cada solstício de verão, o dia mais longo do ano no Hemisfério Norte – e a Pedra do Frade, até onde se sabe, não serve para coisa alguma.

A ciência derrama um balde d’água fria nas divagações e pesquisadores dizem que a hipótese mais provável é a de que as pedras rolaram do monte e por puro acaso uma ficou sobre a outra. Ao longo de muitos anos foram talhadas pela ação dos ventos e da erosão.

Em 1996, o arqueólogo Rossano Lopes Bastos, do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, estudou a região do Morro do Gi, pois a Pedra do Frade era candidata a aparecer num catálogo turístico como sítio arqueológico. Ele rastreou tudo por ali e não encontrou nenhuma marca ou inscrição que pudesse ser caracterizada como obra de homens pré-históricos. “A pedra é apenas um monumento paisagístico“, sentenciou na época.

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Mas mesmo considerando que se trata de um conjunto rochoso trabalhado pela natureza, Bastos, como todo cientista prudente, não descarta a possibilidade de que muitos braços e suor tenham sido aplicados na empreitada. “É, no entanto, uma hipótese remota“, pondera. Nesse campo das probabilidades remotas, o arqueólogo nem sequer situa a suposição de que a rocha servia de marco do Tratado de Tordesilhas, como se chegou a difundir entre os moradores de Laguna. O verdadeiro marco fica a 17 quilômetros.

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Diante do enigma até agora não decifrado, a lenda que deu origem ao nome da pedra ganha espaço entre os mais crédulos. Conta-se que, num passado distante, durante uma tempestade, as pedras despencaram na direção dos frades e sábios que costumavam meditar no Morro do Gi e, antes de atingi-los, estacionaram na posição em que se encontram até hoje. Na ausência de uma conclusão científica, a lenda não deixa de encantar

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Adaptado do artigo publicado originalmente da Revista Terra, nº 7

Artigo publicado originalmente em julho de 2016

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