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Em busca do nirvana: A jornada espiritual em Borobudur

Borobudur é um antigo templo budista localizado na ilha de Java, na Indonésia. Construído no século 8 d.C. pelo arquiteto Gunadharma, representa a filosofia budista em uma estrutura imponente de 55 mil metros quadrados

No século 8 d.C., o arquiteto Gunadharma enfrentou o desafio monumental de projetar um templo na ilha de Java, Indonésia, que pudesse encapsular os princípios abstratos e simplificados do budismo. Importado por uma influente dinastia, a Sailendra, o budismo preconiza ensinamentos que exaltam a abstração e simplicidade.

Como representar tais conceitos em uma estrutura de pedra bruta? E, ainda mais desafiador, como esculpir, com pedras ásperas, o nirvana – o vazio total, o ápice da busca da alma na filosofia budista? Em meio à densa floresta javanesa, Gunadharma superou esses desafios, dando vida ao Borobudur.

Em busca do nirvana: A jornada espiritual em Borobudur

Para erguer essa obra-prima, 55 mil metros quadrados de rocha foram meticulosamente esculpidos. Num local específico da selva quente e úmida, que precisou ser limpo e nivelado para suportar o peso de uma estrutura de 200 metros por 4,5 metros de altura, emergiu o santuário. Borobudur assume a forma de uma imensa mandala, simbolizando a união celestial e terrena. À distância, sua aparência assemelha-se a uma pirâmide escalonada, mas é de perto que Borobudur revela toda a sua grandiosidade.

A base de Borobudur é meticulosamente composta por cinco terraços quadrados, cada milímetro esculpido para contar as narrativas dos conflitos humanos entre o Bem e o Mal no cotidiano. Como as páginas de uma história em quadrinhos, os entalhes levam os visitantes através de reis, dançarinas e guerreiros, criando uma trama visual que conduz a três terraços circulares no nível intermediário. Estes últimos revelam o universo espiritual, narrando eventos marcantes da vida de Buda, como sua iluminação sob uma árvore na Índia.

Em busca do nirvana: A jornada espiritual em Borobudur

À medida que os terraços ascendem, as plataformas tornam-se menores, introduzindo temas filosóficos nos níveis superiores. No topo de Borobudur, a surpresa aguarda os visitantes: três terraços circulares sem entalhes. Nestes espaços, 72 “stupas” abrigam grandes budas sentados em profunda meditação. No ápice do templo, uma stupa austera de 8 metros de altura e 15 de diâmetro simboliza o nirvana, desprovida de ornamentos.

Concluído em 792, Borobudur tornou-se o símbolo tangível da jornada em direção à iluminação. Peregrinos e monges circulavam pelos terraços em sentido horário, seguindo uma espiral imaginária em direção ao nirvana. Inspirados pelos intricados painéis esculpidos, enfrentavam apenas a ameaça dos vulcões circundantes, especialmente o Merapi, que fumegava de maneira desafiante no vale.

Em busca do nirvana: A jornada espiritual em Borobudur

Em 1006, o vulcão Merapi, outrora uma ameaça distante, tornou-se um agente de destruição para Borobudur. A erupção violenta sacudiu o templo, deslocando as cabeças de várias estátuas de Buda, enquanto rios de lava incandescentes e cinzas o encobriam. O santuário ficou enterrado sob a vegetação por 800 anos até ser redescoberto pelos ingleses em 1835.

Após a erupção, a Indonésia passou por transformações significativas. O islamismo e o domínio holandês substituíram as antigas crenças, deixando Borobudur como um monumento isolado espiritualmente. A restauração, iniciada em 1814 com a ajuda dos descendentes dos construtores, custou 25 milhões de dólares e envolveu 27 nações.

Em busca do nirvana: A jornada espiritual em Borobudur

Hoje, Borobudur permanece como um testemunho silencioso de antigas crenças em meio a uma Java predominantemente muçulmana. Com cerca de 1 milhão de pedras limpas, numeradas e catalogadas, o templo emerge das cinzas como um monumento único, desprovido de incensos, monges e oferendas. Na tranquilidade da floresta, Borobudur parece ter encontrado sua iluminação, transcendendo a materialidade e oferecendo uma perspectiva para além do mundo que o cerca.

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Artigo publicado originalmente em setembro de 2015

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Magnus Mundi

Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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