Histórias

O pão e a Revolução Francesa

O pão simbolizou a escassez e desigualdade social que impulsionaram a Revolução Francesa em 1789, onde a busca por igualdade, liberdade e fraternidade levou à derrubada do Antigo Regime.

A França, em 1790, era um estado absolutista (centralização de todo poder político nas mãos do rei) dominado por três grupos distintos: os nobres, o clero e o povo, este último nunca representado ou ouvido pelos demais. Os nobres e o clero católico ditavam o pensamento enquanto arrombavam os cofres públicos alheios às necessidades da população. Para suprir tamanho gasto e para enfrentar uma grave crise financeira, impunha-se a cobrança de pesados impostos ao povo.

A Tomada da Bastilha, gravura de um artista anônimo por volta de 1790, museu da Revolução Francesa.

Os opositores ao regime e à religião oficial eram encarcerados na fortaleza chamada Bastilha, um velho palácio construído em 1370, onde os canhões apontavam para o bairro operário. Tentava-se calar os inimigos do poder. Os franceses, em 14 de julho de 1789, cansados do desprezo dos governantes e diante da decadência econômica do país, invadiu e tomou Bastilha, representação máxima do poder na época. Depois de quatro horas de combate, os insurgentes tomaram a fortaleza e mataram o seu governador, o marquês Bernard de Launay, cuja cabeça foi mostrada por toda a cidade. Foi o marco do início da revolução francesa.

Jacques le Croquant
Jacques le Croquant

E, curiosamente, a indignação popular começou com protestos contra o aumento do preço do pão. Em agosto de 1788, metade do que um camponês recebia ia para comprar pão, um ano depois esse percentual havia aumentado para 80%. Restou ao povo, fazer seus próprios pães.

O governo não gostou disso, afinal o pão era uma forma de cobrar impostos, então criaram uma lei proibindo das pessoas possuírem fornos, rebolo e assar seus próprios pães e iniciou-se uma verdadeira caça as bruxas, atrás de pessoas que produziam pães. A uma frase atribuída a guilhotinada Maria Antonieta que num passeio, perguntou ao seu cocheiro, por que razão toda aquela gente parecia tão desgraçada. “Majestade, não há pão para comer“. Ao que Maria Antonieta respondeu: “Se não têm pão, que comam brioches“.

Algumas pessoas arriscaram suas vidas para fornecer pão ilegalmente para os camponeses mais pobres. O mais famoso desses heróis era “Jacques le Croquant” Ele e seus homens construíram fornos escondidos em colinas e florestas, arriscando suas vidas para ajudar os outros. Jacques le Croquant foi capturado em maio de 1794, no dia que completou seu 26º aniversário. Dois meses depois, em 28 de julho de 1794 a Revolução Francesa chegou ao fim.

Muitos desses fornos ilegais ainda existem na França, na comunidade de Dordogne. Há empresas especializadas em caminhadas com um percurso de 8 km por esses lugares, mostrando os fornos ilegais, vilas em ruínas e até mesmo um hospital templário, um passeio fascinante de 6 horas e uma verdadeira viagem ao tempo, contando a história da França.

Artigo publicado originalmente em maio de 2015

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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