Animais & Natureza

O valioso sangue azul do caranguejo-ferradura

O límulo (Limulus polyphemus), também conhecido como caranguejo-ferradura é um dos seres vivos mais antigos que existem. Apesar do nome, nem crustáceos são, e esta espécie está mais próxima das aranhas, carrapatos e escorpiões que dos caranguejos propriamente ditos.

São representantes do mais antigo grupo animal que ainda vive sobre a face da Terra, os artrópodes merostomatas. Um fóssil vivo que habita nosso planeta há cerca de 445 milhões de anos, antes mesmo dos dinossauros. Este fóssil vivo literalmente sobreviveu às seis extinções em massa que dizimaram a fauna da Terra.

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Crédito da foto

Os caranguejos-ferraduras são normalmente encontrados no Golfo do México e ao longo das costas do Atlântico Norte (Baía de Delaware), para onde costumam migrarem ano após ano. Durante toda a primavera esses animais sobem, aos milhares, até as praias para desovar, durante as marés altas, nas noites de lua nova e cheia.

As fêmeas desovam em média 20.000 ovos por cova que cavam na areia da praia; as larvas eclodem após duas semanas. Adultos podem chegar a 51 centímetros de comprimento. Alimentam-se de moluscos, vermes e outros invertebrados. Seu habitat são as águas marinhas costeiras rasas, sobre fundos arenosos e lodosos.

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Uma variante japonês (Tachypleus tridentatus) pode ser encontrado em alguns mares, mas é considerada uma espécie sob risco de extinção devido à perda do habitat. Há ainda várias fazendas aquáticas onde o límulos são criados para ser posteriormente vendidos como comida.

Sua boca se encontra no centro que corresponde à área inferior do tórax. Um par de pinças que os ajuda a puxar a comida pode ser encontrado de cada lado da boca. O tempo de vida varia entre 20 a 40 anos. Límulos possuem a rara habilidade de regenerar seus membros perdidos, de uma forma similar ao que fazem as estrelas-do-mar. Esse atributo foi recentemente provado por Sue Shaller, do Serviço Americano de Vida Selvagem.

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Estes animais são extremamente valiosos como espécies para a comunidade de pesquisas médicas. Desde 1964 uma substância feita através do sangue (que é azul) dos límulos, chamada LAL (Limulus Amebocyte Lysate, em inglês) vem sendo testada contra endotoxinas bacterianas e na cura de várias doenças causadas por bactérias.

Um dos últimos estudos concentrou-se num péptido que os caranguejos ferradura elaboram e que inibe a replicação do vírus da imunodeficiência humana. Até mesmo astronautas da NASA testaram na Estação Espacial Internacional um dispositivo médico de alta tecnologia que usa enzimas primitivas de caranguejos-ferradura para o diagnóstico de doenças humanas.

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O segredo que torna o sangue do caranguejo muito útil para a indústria biomédica é baseado na simplicidade e eficácia do seu sistema imunológico. Uma verdadeira cascata de enzimas, que produzem coagulação quando encontram o material da maioria das bactérias na parede celular. E é que os caranguejos-ferradura vivem sob a constante ameaça de infecção em um habitat que pode conter bilhões de bactérias por mililitro.

O sangue do caranguejo-ferradura não só se tornou uma poderosa “arma medicinal”, como também é um grande negócio. No mercado mundial, um litro de sangue desse caranguejo tem um preço aproximado de US $ 15.000. Uma indústria que gera cerca de 50 milhões de dólares por ano nos EUA. Mas isso empalidece em comparação ao seu valor para a indústria farmacêutica.

Para obter o composto LAL, é necessário o sangue de cerca de 500.000 caranguejos por ano, que é extraído em torno de 100 mililitros, perfurando o pericárdio de seu coração primitivo. Durante o processo, 15% dos caranguejos morrem e os demais retornam à água, fazendo com que essa busca não se torne um risco à sobrevivência destes artrópodes.

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O sangue destas criaturas é azul, o que é um resultado da alta concentração de hemocianina cuprosa em vez da hemoglobinaferrosa encontrada, por exemplo, nos humanos. O fato de os límulos terem evoluído tão pouco ao longo desses 300 ou 400 milhões de anos é uma das razões que faz deste um animal tão diferente dos demais. Corre pouco risco de extinção, sendo usado em pesquisas cerca de 0,00001% de sua população.

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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