Animais & Natureza

Os crocodilos que habitam as cavernas do Gabão

Em 2010, uma equipe de cientistas explorava uma floresta tropical no Gabão, quando se aventuraram entrando numa caverna. No interior sombrio e infestado de morcegos, os cientistas ficaram frente a frente com uma criatura aterrorizante, com grandes olhos brilhantes e escamas alaranjadas. Era um crocodilo.

Crocodilos raramente habitam cavernas, e esse encontrou insperado assustou muito os cientistas. Por sorte, a criatura ficou tão surpresa quando os homens e correu para a escuridão. Depois de explorarem mais de seiscentos metros de cavidades e túneis, os pesquisadores identificaram um total de vinte crocodilos vivendo em ambientes inóspito. Não havia luz dentro das cavernas, em todos os lugares havia excremento de morcegos e pouca coisa para comer. Eles também descobriram que alguns crocodilos estavam presos dentro de aberturas estreitas e poços profundos, sem nenhuma maneira de sair.

Os crocodilos que habitam as cavernas do Gabão
Crédito da foto

Inúmeras expedições às cavernas de Abanda foram realizadas em um esforço para entender melhor a origem desses crocodilos que habitam as cavernas. Os crocodilos da caverna de Abanda são uma espécie de crocodilos anões africanos (Osteolaemus tetraspis), encontrados em toda a África Ocidental e Central. Eles são as menores espécies de crocodilos do mundo, com um tamanho médio de 1,5 metros de comprimento.

O único jeito de entrar nas Cavernas de Abanda é através de poços com mais de sete metros de profundidade – os pesquisadores locais dedicados a estudar o fenômeno acreditam que, antigamente, existiam entradas no nível do solo, que acabaram fechadas por conta de deslizamentos, impedindo que os crocodilos escapassem.

Os crocodilos que habitam as cavernas, no entanto, têm muitas diferenças físicas com seus primos que habitam florestas e pântanos. Eles têm cabeças mais amplas, têm pouca visão e suas peles são de um tom alaranjado estranho. Os pesquisadores acreditam que anos rastejando sobre os excrementos de morcegos, descoloriram suas peles, da mesma forma que os fabricantes de couro tratam a pelo de crocodilo com produtos químicos para descorar a pele de sua cor naturalmente escura.

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Mas a diferença entre as espécies é bem mais do que superficial. Os pesquisadores descobriram que sua assinatura genética também é diferente de outras espécies, o que levou os pesquisadores a acreditar que os crocodilos de Abanda estão sofrendo mutações e estão se transformando lentamente em uma nova espécie.

Como esse tipo de mudança exige que centenas de gerações se acumulem em seus DNAs, acredita-se que os crocodilos se separaram milhares de anos atrás de seus parentes ao ar livre. “Talvez seja apenas a reprodução dentro de uma população muito pequena“, explica Olivier Testa, um dos cientistas que estudam os crocodilos: “Se você pegar 100 seres humanos e juntá-los por 1000 anos, eles começam a se modificar num processo de mutação, porque eles só conseguem se reproduzir entre si“.

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É difícil dizer por que os crocodilos escolheram morar dentro de cavernas. Talvez por gostarem de morcegos como alimentos, porque essa é a única coisa que os crocodilos conseguem comer, além de grilos e algas. Ocasionalmente, os crocodilos jovens podem deixar as cavernas para explorar o exterior através de várias aberturas, mas uma vez que eles atingem um certo tamanho, eles ficam presos dentro e passam o resto de seus dias em escuridão, alimentando-se de morcegos e rastrejando sobre o guano acumulado dos morcegos.

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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