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Pedra em formato de carne de porco e repolho de jadeíta

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Este requintado exemplar de barriga de porco, cuidadosamente preparado com uma generosa camada de gordura e um brilho suculento, revela-se, na verdade, uma obra-prima esculpida em jaspe por um artista anônimo durante a dinastia Qing no século XIX. Batizada como “Pedra em Forma de Carne” e conhecida como ‘Rougamo‘, esta escultura, com apenas cinco centímetros de altura, tem sido o tesouro mais precioso do Museu do Palácio Nacional de Taipei, em Taiwan nos últimos duzentos anos.

A singularidade desta obra reside na notável semelhança da rocha com um autêntico pedaço de barriga de porco, destacando-se pelas camadas formadas pelo acúmulo de diversas impurezas ao longo do tempo. O habilidoso artesão aproveitou os ricos recursos naturais da pedra, esculpindo-a com uma precisão extraordinária para reproduzir até mesmo os poros, rugas e covinhas da pele. Posteriormente, a pedra foi tingida, conferindo-lhe uma aparência carnuda e irresistivelmente deliciosa.

O prato famoso esculpido em pedra, conhecido como ‘porco Dongpo‘ ou ‘barriga de porco assada‘, tem suas origens atribuídas ao poeta e artista chinês do século XI, Su Dongpo. A lenda narra que, durante a preparação de carne de porco cozida, Su foi interrompido por um velho amigo que o desafiou para uma partida de xadrez chinês. Absorvido no jogo, Su inadvertidamente deixou o ensopado cozinhar por um período prolongado, resultando na criação acidental da receita da barriga de porco Dongpo. Atualmente, esse prato é considerado uma iguaria na China.

A China, como o maior produtor e consumidor global de carne suína, oferece uma ampla variedade de pratos à base de porco, sendo a carne suína uma peça fundamental em sua culinária. A importância desse alimento é tão marcante que o governo chinês mantém grandes reservas estratégicas de carne de porco congelada, a serem utilizadas em períodos de escassez ou durante feriados, de maneira semelhante às nações que mantêm reservas estratégicas de petróleo.

Outra exposição notável no Museu do Palácio Nacional é o Repolho Jadeíta, uma escultura esculpida em pedra no formato de uma cabeça de repolho chinês, adornada até mesmo com a presença de dois insetos rastejando entre as folhas. Este é mais um exemplo impressionante do talento artístico dedicado à criação de obras únicas em pedra.

A arte de esculpir em jade e jadeíta remonta aos tempos pré-históricos e desempenha um papel proeminente na tradição artística chinesa. Ao longo dos séculos, o jade foi utilizado em uma ampla gama de criações, incluindo joias, esculturas de figuras e diversas outras formas artísticas.

A valorização extraordinária desses objetos esculpidos em jade se deve, em grande parte, à crença chinesa de que o jade representa pureza, beleza, longevidade e até mesmo imortalidade. Além disso, os escultores de jade apreciavam a pedra por seu brilho, cores vibrantes e tonalidades translúcidas.

A prática de esculpir jadeíta em formas de repolho ganhou popularidade durante meados e finais da dinastia Qing (1644 a 1912). No entanto, o tema relacionado a repolhos e insetos remonta a períodos ainda mais antigos, sendo rastreado até as pinturas detalhadas de insetos e plantas do final da dinastia Yuan até o início da dinastia Ming (séculos XIII-XV).

A escultura do Repolho Jadeíta foi originalmente exibida no Palácio Yong-he da Cidade Proibida, que servia como a residência da consorte do Imperador Guangxu, Lady Jin. Especula-se que esta peça foi um dote para a Consorte Jin, sugerindo que a brancura do repolho simboliza a castidade da noiva, enquanto os gafanhotos nas pontas das folhas representam a fertilidade. Este detalhe reforça a riqueza simbólica presente nas esculturas em jadeíta e sua conexão com valores culturais e históricos específicos.

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