A Casa das Conchas de Salamanca

A Casa de las Conchas, ou Casa das Conchas, é uma atração curiosa em Salamanca, na Espanha. Este senhorial casarão construído entre finais do século 15 e inícios do século 16 tem uma fachada revestida de entalhes de vieiras, símbolo da Ordem Militar de Santiago, da qual foi chanceler o seu primeiro proprietário, Talavera Maldonado. A construção da casa começou em 1493, mas Maldonado não viveu para ver a sua conclusão. Após sua morte, a casa foi concluída por seu filho Rodrigo Arias Maldonado em 1517.

A característica mais notável da Casa de las Conchas é a sua fachada, uma mescla harmoniosa de elementos góticos, renascentistas e mudéjares, ornamentada com mais de trezentas conchas, que não só simbolizam a Ordem de Santiago, mas também os peregrinos que percorrem o Caminho de São Pedro, rumo a Santiago de Compostela. Além disso, a fachada ostenta o brasão dos Reis Católicos, bem como quatro janelas em estilo gótico, cada uma com um desenho distinto. O portal de entrada exibe o brasão da família Maldonado, enquanto na arquitrave são representados golfinhos, ícones renascentistas do amor, entrelaçados com elementos vegetais.

O motivo da escolha das conchas como elemento ornamental é um ponto que gera bastante debate. Alguns autores sugerem que pode ser um sinal de orgulho por parte da família Maldonado, em virtude de sua afiliação à Ordem de Santiago. Contudo, dado que a cruz de Santiago também é presente em outras partes da fachada, a inclusão de tantos elementos referentes à Ordem poderia parecer excessivamente repetitiva. Outros estudiosos apontam para a repetição das conchas, que são um símbolo nobre associado à família Pimentel, como uma expressão do amor que Dom Rodrigo Arias, filho de Rodrigo Maldonado, nutria por sua esposa Doña Juana. O brasão de Doña Juana é composto por barras e conchas, elementos que podem ser observados sob uma das janelas.

É plausível considerar que as conchas tenham sido adicionadas posteriormente, como parte do trabalho decorativo realizado por Rodrigo Arias no século XVI durante uma reforma. Vale mencionar que as conchas não foram esculpidas diretamente nas pedras, mas sim fixadas à parede por meio de ganchos de ferro. Esta abordagem, do ponto de vista construtivo, é mais razoável do que a escultura direta nas pedras, o que também pode sustentar esta teoria.

A torre, outrora uma imponente representação do poder nobiliárquico, erguia-se majestosamente sobre a cidade. No entanto, por esta mesma razão, foi parcialmente demolida, reduzindo-a a um terço de sua altura original. A casa envolve um pátio espaçoso em seu interior. As varandas que se abrem para este pátio são adornadas com parapeitos ornamentados, exibindo padrões de favo de mel e cestaria – um claro testemunho da influência islâmica. A cobertura é coroada por uma crista decorada com flores-de-lis e gárgulas. No centro do pátio, encontra-se um poço que, em sua época, assegurava o fornecimento de água potável.

A Casa de las Conchas é envolta por lendas duradouras. Uma delas afirma que sob cada concha existe uma moeda de ouro (ou uma onça de ouro, segundo algumas fontes) escondida. Outra narrativa disseminada sugere que a família proprietária do edifício escondeu suas preciosas joias sob uma destas conchas que enfeitam a fachada. Embora tenham registrado o valor escondido, não indicaram a concha específica. Aqueles que desejam desvendar o tesouro devem adiantar a quantia estipulada como garantia. Se encontrarem o tesouro, têm permissão para reivindicá-lo e receber de volta sua contribuição; caso contrário, perderão o dinheiro deixado como penhor.

A última família a residir na Casa de las Conchas foi a do administrador do Conde de Santa Coloma. Posteriormente, ela se tornou a sede do Colégio Menéndez Pelayo, que operou até a década de 1960. O conde de Santa Coloma, então proprietário da casa, a cedeu para a Câmara Municipal em regime de arrendamento em 1967, pelo valor simbólico de uma peseta de ouro, válido por 99 anos. Atualmente, a Casa de las Conchas abriga uma biblioteca pública.

Fontes: 1 2

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