Santa Cruz del Islote é uma pequena ilha de coral e uma das menores do arquipélago de San Bernardo, no departamento de Bolívar, a uma hora de distância da cidade portuária de Santiago de Tolu, na Colômbia. Tem um tamanho de apenas 10 mil metros quadrados, no entanto, é o lar de 700 pessoas e que pode aumentar para 1.200 quando as crianças que frequentam o ensino secundário no continente visitam as suas famílias. Isso significa que sua densidade demográfica é de 125.000 pessoas por quilômetro quadrado. O local é tão pequeno, que para “caber” mais gente, a igreja, o cemitério e o campo de futebol ficam na ilha vizinha.
Não há água corrente ou sistema de esgoto. A eletricidade circula por apenas cinco horas por dia a partir de um gerador e duas estações de energia solar, e a água fresca é despachada pela Marinha colombiana a cada três semanas. As mulheres lavam as roupas com água salgada em tanques feitos direto no mar e os homens se contentam em fazer a maior parte de suas necessidades no mar circundante.
Segundo a lenda, há cerca de 150 anos, um grupo de pescadores da cidade costeira de Baru, a cerca de cinquenta quilômetros, que procuravam novas áreas para pescar, quando se depararam com essa pequena ilha de coral. Como era tarde demais para voltarem, os pescadores decidiram acampar na ilha durante a noite e ficaram agradavelmente surpresos ao descobrir que a ilha não tinha mosquitos, uma raridade na área. A história conta que os homens dormiram tão tranquilos naquela noite que decidiram permanecer de vez na ilha.
Hoje, a ilha tem 115 casas, duas lojas, um restaurante, uma discoteca e uma escola, com doze professores que lecionam para 170 crianças, que estudam em dois turnos. Tudo isso em uma área do tamanho de um campo e meio de futebol. É a ilha mais densamente povoada do planeta. O espaço é tão limitado que muitas das estruturas se estendem sobre a água, apoiadas por meios artificiais. O único espaço desocupado é um pátio com cerca de metade do tamanho de uma quadra de tênis, que é frequentemente submersa durante as marés altas, e um pequeno pátio em frente a escola de três andares.
A maioria dos ilhéus são pescadores ou funcionários que trabalham em hotéis e resorts em ilhas próximas. Por muito tempo, a pesca era seu único meio de sustentação, mas nos últimos anos, a escassez de peixes está forçando os homens locais a encontrar trabalho em outro lugar. Agora, parte da economia local depende do turismo. A vizinha ilha de Múcura tem um resort de alto nível e oferece excursões de pesca, mergulhos ou recreação náutica, onde muitos dos moradores de Santa Cruz trabalham.
Apesar das dificuldades, os moradores descrevem a vida na ilha calma e pacífica, muito distante dos combates entre guerrilheiros, grupos paramilitares e o exército que assolou o continente colombiano. Na ilha não há violência ou crime, então as portas nunca são trancadas, e até as crianças são descritas como “dóceis” e “mais disciplinadas” pelos professores da escola. O gerador é ligado às sete da noite até as onze horas. Esta é a hora das novelas na televisão. Durante os grandes jogos de futebol, as pessoas juntam seus recursos para comprar combustível para que possam alimentar o gerador e assistir aos jogos na TV.
Durante os grandes jogos de futebol, as pessoas juntam seus recursos para comprar gasolina para que eles possam alimentar o gerador para assistir ao jogo na TV. Juvenal Julio Berrio, um instrutor de mergulho de 67 anos e bisneto de um dos fundadores originais da ilha, chama Santa Cruz del Islote de paraíso. “Vou viver o resto de meus últimos dias aqui. É uma vida gloriosa“, disse ele. Como o resto dos habitantes da ilha, Julio só partirá quando estiver morto, porque a ilha não tem espaço para um cemitério.
[…] Santa Cruz del Islote, a ilha que mora gente demais […]
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