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Seaweed House, as casas de algas da Ilha de Læsø

Na ilha de Læsø, localizada ao largo da costa da Dinamarca, existem casas com telhados feitos de algas marinhas. Estes telhados são de até um metro de espessura, e da maneira como eles pendem sobre as paredes, a casa parece estar vestido com um manto. Além do seu enorme tamanho, elas se parecem muito com palha, mas as algas marinhas são muito mais duráveis. Alguns desses telhados têm mais de 300 anos de idade. Eles são uma característica única da ilha de Læsø.

A prática de construir telhados com algas marinhas – na verdade, uma grama marinha chamada eegrass – remonta da Idade Média em que a ilha de Læsø foi uma próspera indústria na extração de sal. A ilha estava praticamente mergulhada em sal. As águas subterrâneas tinham mais de quinze por cento de sal, e durante os verões quentes e secos, eles cristalizavam naturalmente em grandes áreas por toda a ilha.

Seaweed House, as casas de algas da Ilha de Læsø
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Centenas de fornos de sal foram construídos na ilha, exigindo combustível constante para refinar o sal. Mas os recursos naturais finitos da ilha, alimentando centenas de fornos de sal, levaram ao desmatamento. Isso deixou os ilhéus sem madeira para construção, então eles construíram suas casas de madeira flutuante de antigos naufrágios e algas, que cresciam no mar ao redor da ilha e eram tão abundantes que acabavam enchendo as margens, por sobre as pedras e praias. Como as algas e a madeira eram impregnadas com água salgada, as casas de algas não eram susceptíveis à se estragarem com o tempo, permanecendo inalteradas desde o século 16.

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O desmatamento também teve um preço alto para a indústria salina que sem madeira, entrou em colapso. Sem árvores, para proteger contra o vento, as aldeias de Læsø acabaram envoltas em tempestade de areia. O ar tornou-se tão cheio de sal marinho que inibiu o crescimento de qualquer tipo de plantas, mesmo a grama.

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As eegrass têm longas folhas estreitas de cerca de um a dois centímetro de largura e até dois metros de comprimento. Os moradores as recolhem da praia e, uma vez secas, são juntadas e torcidas num formato de uma gota de dois metros, chamados de ‘vask’. Cada amontoado desses iam sendo colocados no telhado, onde a parte mais fina era enrolado numa viga e deixado cair até a beirada, onde ficava a parte mais grossa, depois, outra camada era colocada e a parte mais grossa ficava assentada na parte mais fina da camada anterior, e assim sucessivamente.

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Depois as algas no telhado eram comprimidas e por fim, pedaços inteiros de grama eram postos na cumiera, e as algas que caiam para fora do telhado eram aparadas. Normalmente, os telhados eram feitos em um dia, com a ajuda de toda a comunidade. Até 100 mulheres torciam os longos conjuntos de algas marinhas em forma de gota. Inicialmente, o telhado não era impermeável, mas o conjunto de algas no telhado era tão espesso que a água não penetrava na construção. Em cerca de um ano, o telhado se solidifica e torna-se à prova d’água e à medida que o telhado envelhece, a massa se torna sólida.

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Na década de 1930, uma doença atacou as algas da ilha, dificultando a manutenção dos telhados. Isso marcou o declínio deste tipo de cobertura. No final do século 18, havia 250 casas e fazendas feitas com telhados de algas, e atualmente existem apenas 19. Em 2009, iniciou-se um projeto para salvar as casas de algas de Læsø. Parte do projeto era ensinar os agricultores no sul da Dinamarca a colher e preparar as algas. Um depósito de algas marinhas foi criado para fornecer os materiais para os reparos das casas existentes e na construção de novas.

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Fontes: 1 2

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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