Histórias

Separados pela religião, mas de mãos dadas na eternidade

Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, várias pequenas facções políticas e religiosas brotaram em toda a Europa. Na Holanda, a sociedade eram (e em algumas áreas, ainda são) divididas em diversos pequenos segmentos ou “pilares” conforme diferentes religiões ou ideologias, que operam separadamente da outra em uma forma não racial de apartheid. Essas divisão ficou conhecida por pilarização (verzuiling em neerlandês) e na Holanda, a divisão era principalmente religiosa, com católicos e protestantes que vivem, de forma eficaz em sociedades separadas.

Todos estes pilares possuem suas próprias instituições sociais: seus próprios jornais, redes de televisão, partidos políticos, sindicatos dos trabalhadores, escolas, hospitais, sociedades cooperativas, universidades, organizações escoteiras e sociedades poliesportivas. Algumas companhias só empregam pessoas de uma especifica religião ou ideologia. Isto resultou em uma situação onde muitas pessoas não tem contato pessoal com pessoas de um outro pilar.

Em 1842, JWC van Gorkum com 33 anos, um coronel da cavalaria holandesa, protestante e que serviu como embaixador na Província de Limburg, graças à sua posição, conheceu a jovem JCPH van Aefferden de 22 anos, que era católica e pertencente a uma das mais importantes famílias nobres da região. Por causa de suas diferenças sociais e acima de tudo, religiosas, tiveram todo tipo de oposição e problemas, mas mesmo assim decidiram se casar em 1842.

Ao longos dos próximos 38 anos, eles viveram um casamento conturbado por causa da oposição das famílias e da sociedade, mas o amor e o respeito um pelo outro falou mais alto, até a morte de van Gorkum em 1880 com 71 anos. Ele foi enterrado em um cemitério na pequena cidade holandesa de Roermond, um lugar onde a pilarização era levado muito a sério e o cemitério era dividido com um muro no meio com 2,5 metros de altura, separando as duas religiões e o coronel foi sepultado na seção protestante deste cemitério.

Van Aefferden faleceu oito anos depois, em 1888, e ela não poderia ser enterrada junto com o marido. Mas em vida, ela deixou um testamento com instruções muito claras, que após sua morte, ela não queria ser enterrada no mausoléu da família, mas sim, o mais perto possível de seu marido. A solução foi sepultá-la na parte católica e às duas lápides separadas pelo muro e pela religião, porém as lápides foram feitas altas e unidas por dois braços de concreto sobre o muro. As lápides são conhecidas por Het Graf met de handjes (A sepultura com as mãos). Foi uma solução elegante num conjunto de regras deselegantes e uma solução alternativa que sobreviveu a pilarização. Um grupo chamado Movimento Popular Holandês (NVB), se mobilizou por mais de um século, para acabar com essa segregação, e foram bem sucedidos e conseguiram mudar a cultura holandesa, em 1960.

Separados pela religião, mas de mãos dadas na eternidade
Túmulo de JWC van Gorkum
Separados pela religião, mas de mãos dadas na eternidade
Túmulo de JCPH van Aefferden

Fonte: 1 2

“Tudo o que o homem não conhece não existe para ele. Por isso, o mundo tem para cada um o tamanho que abrange o seu conhecimento”. – Carlos Bernardo González Pecotche

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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