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Sudd, os impenetráveis pântanos do Sudão do Sul

Sudd, que significa “barreira” é uma vasta extensão de planícies pantanosas na região central no Sudão do Sul, formada pelo rio Nilo Branco. A área que o pântano abrange é uma das maiores zonas úmidas do mundo, na bacia do Nilo, na África. A água que se origina no Nilo Branco leva quase um ano para chegar a essas terras pantanosas e seu tamanho é muito variável, com uma média de 30.000 quilômetros quadrados.

Na estação chuvosa, o Sudd pode estender-se por mais de 130.000 quilômetros quadrados, o equivalente ao tamanho da Inglaterra. Seus canais tortuosos e incertos e as grandes massas vegetais que bloqueiam a navegação fazem do Sudd um labirinto móvel. Antigamente, essa região era conhecida como Equatória.

O Sudd é drenado pelas correntes do Nilo Branco, ou seja, o rio Al-Jabal (Nilo do Monte) no centro e o rio Al-Ghazãl no oeste. Nessa planície alagada, o rio flui através de múltiplos canais emaranhados em um padrão que muda a cada ano. O papiro, a grama aquática e o jacinto de água crescem em tufos densos na água rasa, frequentado constantemente por crocodilos e hipopótamos. Às vezes, a vegetação emaranhada se liberta do que as prendem em terra, acumulando-se em ilhas flutuantes de densa vegetação de até trinta quilômetros de comprimento. Tais ilhas, em estágios variáveis de decomposição, eventualmente se separam.

O Sudd é considerado quase intransponível por terra ou por embarcações. Tufos grossos de juncos, grama, jacintos de água e outras plantas que preferem crescer na água, formam blocos de vegetação maciços que mudam constantemente de posição e bloqueiam canais até então navegáveis, criando uma rede de canais em constante mudança. Às vezes, não há nenhum canal em que um barco possa navegar, sendo impossível cruzar o pântano. Durante séculos, esta região impediu exploradores de viajar ao longo do Nilo.

Durante a estação das chuvas, os habitantes da região (Nuer) se refugiam em ilhas pantanosas. São pastores que migram de acordo com as estações. Procuram por água quando a chuva cessa e voltam a suas aldeias, em terrenos mais altos, quando a estação das chuvas seguinte se aproxima. Organizados em pequenos grupos familiares que vivem de pesca, agricultura e caça, eles fazem parte dos 250 milhões de africanos que povoam a savana guineense, uma área de 600 milhões de hectares, equivalente a 25 países – um vasto ecossistema maior do que metade do território do Brasil.

No final da década de 1970, começou a construção do canal Jonglei(Junqali), que foi planejado para ignorar o Sudd e fornecer um canal direto e bem definido para o rio Al-Jabal e fluir para o norte até a sua junção com o Nilo Branco. Mas o projeto, que esvaziaria os pântanos do Sudd para uso agrícola tiveram que ser interrompidos devido a guerra civil no Sudão do Sul. Em 1984, quando o Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA) cessou as obras, havia sido escavados 240 quilômetros de canais, num total de 360 quilômetros.

Uma das razões do projeto era também melhorar o abastecimento de água para o Egito. Quase metade da água do Nilo Branco é perdida nos pântanos através da evaporação e absorvida pela vegetação e pelos animais. Os benefícios do canal seriam compartilhados pelo Egito e pelo Sudão, com danos esperado no Sudão do Sul. As complexas questões ambientais e sociais envolvidas, incluindo o colapso das pescarias, a secagem de pastagens, a queda dos níveis de água subterrânea e a redução das chuvas na região, podem, no entanto, limitar o alcance do projeto em termos práticos. A drenagem do Sudd também é susceptível em desencadear efeitos ambientais comparáveis à secagem do Lago Chade ou à drenagem do Mar de Aral.

Fontes: 1 2 3

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