O cormorão, corvo-marinho ou biguá (no Brasil) é uma ave marinha cuja dieta consiste principalmente de peixes e frutos do mar. Por isso, são exímias na pesca e há muitos anos no Japão e na China os pescadores aprenderam a manter e treinar essas aves para ajudá-los a capturar peixes nos lagos e rios.
No Japão, essa pesca tradicional é conhecida com Ukai e mesmo ultrapassada, ela ainda é praticada em alguns lugares no país, particularmente no rio Nagara, em Gifu, onde a antiga arte tem uma longa história com mais de 1.300 anos e atualmente atrai turistas e curiosos do mundo todo.
A técnica consiste em amarrar um barbante na garganta dos cormorões para que eles não engulam o peixe capturado e assim, o pescador possa retirar o peixe da garganta do animal para que a ave saia atrás de mais peixes. A pesca é feita a noite em barcos de madeira, com três tripulantes, um pescador mestre e dois ajudantes que impulsionam o barco rio abaixo com longas varas de madeira. Eles usam as chamas do “Kagari-bi” (lanternas de fogo) que refletem na superfície do rio para atrair o peixe.
Embora seja uma técnica cruel, a pesca do cormorão tem o seu peso cultural na história e como requer muita habilidade, no Japão os pescadores mestres, os “usho” recebem um título e fazem parte da equipe oficial da “Imperial Household Agency of Japan” desde 1890, que é um título hereditário, passado de pai para filho.
No passado, era uma forma de pesca muito lucrativa, mas foi decaindo com o passar dos anos em virtude de novos métodos de pesca. As aves tem uma importância muito grande para os pescadores mestres de cormorão e são cuidadas e alimentadas com todo carinho, durante o ano todo, aguardando a temporada de pesca que acontece de maio a outubro.
Artigo publicado originalmente em maio de 2015
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