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Woodstock, o eterno festival paz e amor (NSFW)

Woodstock, o eterno festival paz e amor
Anunciado como “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz e Música”

Woodstock Music & Art Fair (conhecido informalmente como Woodstock ou Festival de Woodstock) foi um festival de música realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969 na fazenda de 600 acres de Max Yasgur na cidade de Bethel, no estado de Nova York, Estados Unidos.

Anunciado como “Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música“, o festival deveria ocorrer originalmente na pequena cidade de Wallkill, mas os moradores locais não aceitaram, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma hora e meia de distância.

O festival exemplificou a era hippie e a contracultura do final dos anos 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um fim de semana por vezes chuvoso, para 400 mil espectadores. Apesar de tentativas posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música popular.

O evento foi capturado em um documentário lançado em 1970, Woodstock, além de uma trilha sonora com os melhores momentos. Entre os quase meio milhão de espectadores, mil e quinhentos quais eram jornalistas. Alguns, como John Dominis e Bill Eppridge, da revista Life, foram ao local somente para fotografar o festival.

História

O Festival de Woodstock surgiu dos esforços de Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Roberts e Rosenman, que entrariam com as finanças, colocaram um anúncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal (“Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes e propostas de negócios”). Lang e Kornfeld responderam o anúncio, e os quatro reuniram-se inicialmente para discutir a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a ideia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.

Ingresso do evento

Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares (aproximadamente 75 dólares em valores atuais), ou 24 dólares se adquiridos no dia.

Aproximadamente 186.000 ingressos foram vendidos antecipadamente, e os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200.000 pessoas. Não foi isso que aconteceu, no entanto. Mais de meio milhão de pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito.

Este influxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a via expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel em uma “área de calamidade pública”. As instalações do festival não foram equipadas para providenciar saneamento ou primeiros socorros para tal multidão, e centenas de pessoas se viram tendo que lutar contra mau tempo, racionamento de comida e condições mínimas de higiene.

Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, dado o número de pessoas e as condições envolvidas, houve duas fatalidades registradas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína, e a outra após um atropelamento de trator. Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero), e quatro abortos.

Satchidananda Saraswati, um professor religioso e guru indiano, fez a invocação da cerimônia de abertura em Woodstock

Ainda assim, em sintonia com as esperanças idealísticas dos anos 60, Woodstock satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público. Trinta e duas apresentações foram realizadas ao longo dos quatro dias de evento, entre elas: Santana, Grateful Dead, Janis Joplin, The Who, The Grase Band, Joe Cocker, Crosby, Stills, Nash & Young, Jimi Hendrix.

Alguns comentários do festival:

Conheci muita gente que participou de Woodstock. Se queixaram do som ruim, do excesso de pessoas, do cheiro de fezes e urina, mas que, maconhados, acabaram achando tudo bom. Mas o efeito real de Woodstock foi impor o rock às gravadoras”, escreveu Paulo Francis à Folha de São Paulo em 1989.

“No verão de 1969, eu estava morando perto de Woodstock, e minha amiga Susan conhecia um cavalheiro chamado Stanley, que era bruxo. Ele era amigo de todos os músicos que estavam vivendo em Woodstock na época (Bob Dylan, The Band, Paul Butterfield), e disse que conseguiria credenciais para que ficássemos nos bastidores se nós o levássemos de carro ao festival. Mas não conseguimos usar as credenciais porque a organização simplesmente abriu os portões e deixou todo mundo entrar.A chuva foi realmente importante para tudo que aconteceu, na minha opinião…

…Foi um temporal realmente forte, uns 15 centímetros de chuva. Muita gente estava despreparada para aquilo, e acredito que a chuva tenha sido um dos motivos para parte do que aconteceu – o pessoal tirando a roupa e tudo mais. Fomos até entrevistados, porque fomos praticamente as primeiras pessoas a ir embora do festival, na manhã de sábado. Tínhamos um bebê em casa, um cachorro conosco, e não havia comida. Mas foi maravilhoso… Tudo aconteceu porque a música era tão maravilhosa, todos aqueles grupos reunidos, tanto brilho.” Paula Rosen (26 anos na época)

“Quando estávamos a caminho de Woodstock, o amigo com quem eu estava viajando comprou algumas drogas, algum tipo de ácido, que nós tomamos imediatamente, para entrar logo no espírito da coisa. Como resultado disso, eu tive de passar o resto do final de semana tomando conta dele. Nós montamos a nossa barraca na encosta da segunda colina; lá embaixo, no sopé da elevação, estava estacionado um ônibus escolar pintado em múltiplas cores, em padrão psicodélico…

…O ônibus servia como quartel-general para o escritor Ken Kesey e os Merry Pranksters. Era fácil reconhecer Kesey lá de cima, porque ele era um sujeito grandalhão. O pessoal dele terminou ajudando muitas das pessoas que estavam sofrendo de falta de comida ou excesso de drogas. Todo mundo foi muito generoso. Todo mundo tratava os outros com carinho. Nunca vi tantos malucos reunidos.” Thomas Ellwanger (20 anos na época)

“Uma das coisas que se destacam é como era difícil se afastar da multidão. O lugar era um anfiteatro natural, e todas as barracas de comércio e os sanitários portáteis ficavam no alto da colina. Assim, chegava um momento em que todo mundo precisava subir até lá. A parte difícil era voltar e encontrar sua turma, no meio de toda aquela gente. Na verdade, era trabalho da turma encontrar você – o pessoal se levantava e acenava com os braços quando viam você se aproximar…

…Fomos como que bombardeados por todas as apresentações, pelos anúncios do locutor entre os números musicais é “hoje somos a terceira maior cidade no Estado de Nova York”. Víamos os helicópteros. Sabíamos que o festival havia se transformado em grande notícia. Eu mais ou menos esperava ser recebido como herói quando cheguei em casa. Mas meus pais estavam sentados na varanda e só disseram: “Bom que você voltou. Agora vá tomar um banho”. A reação deles é minha sobrevivência não me impressionou.” Doug Erdman (17 anos na época)

Joe Cocker se apresenta no domingo, 17 de agosto

“Eu tinha acabado de voltar do Vietnã, quatro meses antes (depois de 13 meses de serviço militar naquele país). Na estrada de terra que levava ao local do festival, percebi um sujeito que estava usando uma jaqueta do exército, uma espécie de camisa de soldado. Olhei para o lado e percebi a insígnia de sua unidade na manga. Era a 196º Brigada de Infantaria Leve, a mesma unidade em que eu havia servido. O sujeito e eu tínhamos combatido juntos. Ele voltou seis ou sete meses antes de mim. De repente, ele me olhou e disse: “Steve! Você sobreviveu”…

…No meio de toda aquela gente, todos aqueles rostos, lá estava justo aquele sujeito com quem eu tinha dividido uma trincheira. Foi uma experiência fantástica. Havia muita felicidade em torno de nós. Creio que foi por isso que decidi me dedicar ao serviço público. Escolhi minha carreira como uma maneira de redespertar aqueles pensamentos de criar uma comunidade melhor, aquela crença de que existem coisas pelas quais vale a pena lutar.” Steve Kochick (22 anos na época)

Os números do festival:

Artigo publicado originalmente em julho de 2016

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