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Shaolin Flying Monks Theatre’s, o templo dos monges voadores

Na encosta da montanha Songshan, perto da cidade de Dengfeng, na zona rural da província de Henan, no centro da China, encontra-se um local que desafia as nossas expectativas sobre templos com monges. No Shaolin Flying Monks Theatre’s, as tradicionais meditações, mantras e artes marciais são acompanhadas por algo ainda mais surpreendente: voar.

Não se trata de um templo convencional, mas sim de um anfiteatro com capacidade para 230 pessoas, onde os monges Shaolin podem realizar performances de voo. Além disso, o local conta com uma plataforma dedicada às artes cênicas. Foi projetado pelo estúdio de arquitetura Mailitis Architects, da Letônia, o templo possui um ventilador imerso em seu interior, criando um túnel vertical de vento que permite aos monges praticar skydiving indoor.

É compreensível que para nós, ocidentais, seja difícil compreender a conexão entre um túnel de vento e um templo budista. No entanto, de acordo com os arquitetos responsáveis pelo projeto, a ideia por trás dessa estrutura é contar a história do Zen Budismo e do Kung Fu por meio de performances artísticas e da própria imagem arquitetônica do edifício.

O templo foi projetado para representar dois símbolos de grande importância para os monges Shaolin: a montanha e a árvore. Ao combinar tecnologias modernas com elementos antigos, os arquitetos criaram uma estrutura única. A superestrutura de aço, cortada a laser, sustenta uma escadaria feita de pedras retiradas de uma pedreira próxima, incorporando assim elementos tradicionais na construção.

Essa combinação de elementos simbólicos e técnicas arquitetônicas modernas visa proporcionar uma experiência única e visualmente marcante, ao mesmo tempo em que honra as tradições e crenças dos monges Shaolin.

A montanha Songshan, uma das cinco montanhas mais importantes da China, é conhecida como o “Centro espiritual do Céu e da Terra” e é considerada sagrada para o povo local. Nessa região, encontra-se o Mosteiro de Shaolin, fundado em 527 por Damo, um monge indiano chamado Bodhidharma. O mosteiro está localizado em uma área florestal no sopé da montanha Shaoshi, daí o nome “Shaolin”, onde “Shao” refere-se à montanha Shaoshi e “lin” significa bosque.

Tradicionalmente, o local é considerado o berço do Zen Budismo e das artes marciais Kung Fu. Ao longo de mais de mil anos de história, os monges Shaolin absorveram os pontos fortes de outras escolas de artes marciais chinesas e transformaram o lugar em um dos santuários mais importantes do Kung Fu chinês. O Mosteiro de Shaolin é reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO, devido à sua importância cultural e histórica.

Reza a lenda que Damo, o monge indiano chegou à China e verificou que monges chineses eram fracos e incapazes de aprender suas técnicas. Um monge chamado Hui Ke, queria muito aprender e insistiu com o mestre indiano. Damo disse que só ensinaria ele se a neve que estava caindo fosse vermelha, ou seja, nunca. E assim, entrou para dentro de sua casa e deixou Hui Ke lá fora, na neve.

Este monge então pegou uma faca e cortou seu próprio braço e começou a caminhar em volta da casa, fazendo espalhar seu sangue. Quando o monge indiano olhou pela janela, viu a neve vermelha pelo sangue de Hui Ke, e achou que ele fosse digno de aprender suas técnicas e concordou em ensinar os clássicos movimentos do Kung Fu de Shaolin. Até hoje, em muitas apresentações, os monges Shaolin fazem o famoso cumprimento apenas utilizando um dos braços em homenagem a Hui Ke.

Créditos das fotos: Ansis Starks

Fontes: 1 2

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