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Christiania, a cidade hippie da Dinamarca

Christiania, também conhecida como Cidade Livre de Christiania (em dinamarquês: Fristaden Christiania) é uma comunidade independente e autogestionada localizada na cidade de Copenhaga, Dinamarca, com cerca de 850 habitantes, cobrindo uma área de 340 mil metros quadrados, no bairro de Christianshavn na capital dinamarquesa Copenhague.

Entrada principal de Christiania | Crédito da foto

As Autoridades publicas consideram Christiania como uma grande comuna, uma área de um status único na medida em que é regulada por uma lei especial, a Lei de Christiania, a lei de 1989, que transfere partes da supervisão da área do município de Copenhague para o estado. Christiania tem sido uma fonte de controvérsia desde sua criação.

A Pusher Street ou rua dos traficantes, onde é proibido tirar fotos | Crédito da foto

Em 26 de setembro de 1971, no auge do movimento flower power, Christiania foi declarada cidade livre pelo jornalista Jacob Ludvigsen e um grupo de hippies e posseiros. Um artigo na primeira página do jornal alternativo Hovedbladet, o jornalista conclamou os leitores a “ocupar em definitivo a área proibida“, e a “construir uma nova sociedade do zero“. A área grande e a quantidade de invasores impediram que a polícia e governo conseguissem intervir em tempo. Nascia o mais famoso caso de “experimento social” de que se tem notícia.

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O comércio de cannabis foi tolerado pelas autoridades até 2004. Desde então, as medidas para normalizar o estatuto jurídico da comunidade levaram a conflitos, e as negociações estão em andamento. A antiga área recém abandonada de bases militares de Badsmandsstraedes Kaserne, localizada nas proximidades de Christianshavn, um subúrbio da capital dinamarquesa, foi ocupada em 1971 por alguns milhares de hippies, anarquistas, artistas e músicos, como uma forma de protesto ao governo da Dinamarca.

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Naquela época, muitas pessoas provenientes de diversas grandes cidades dinamarquesas sentiam-se traídas pelo governo, acreditando haver certo descaso quanto ao sistema habitacional por parte dos políticos e seus representantes. Os primeiros ocupantes da área que mais tarde viria a ser nomeada de Christiania tinham como ideal comum a rejeição a certos valores morais e convenções sociais e, principalmente, aos ideais capitalistas que assolaram a Europa no contexto pós-Segunda Guerra Mundial. Os habitantes de Christiania também queriam um espaço verde e aberto, para que pudessem criar seus filhos longe do crescente tumulto de Copenhaga.

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O espírito da comunidade de Christiania foi logo permeado por valores anarquistas e do movimento hippie, num contraste com a ideia original de ocupar a área como um mecanismo de defesa e refúgio.

Tentativas judicialmente legais feitas por órgãos estatais para a retirada dos habitantes de Christiania (tidos como “indesejáveis perturbadores da paz e da ordem” pelos outros moradores de Copenhague) fracassaram. Seus moradores passaram então a tratar Christiania como uma experiência social, até que o uso e o destino das terras fosse finalmente decidido. Em contrapartida, os ocupantes consentiram em arcar com as despesas de água e energia elétrica.

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Autodenominada “o pulmão verde de Copenhague”, graças à vasta área de vegetação virgem que abraça seus domínios, com um imenso lago, os atuais moradores de Christiania referem-se a si próprios como moradores de uma cidade livre, administrativamente independentes das autoridades nacionais. Moradores ainda mais formais tratam Christiania como uma Comunidade Autônoma.

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Christiania oferece uma infinidade de atrações artísticas e intensa vida cultural. A arquitetura individualista e pitoresca, bem como a planta da comunidade são as expressões e marcas de um estilo de vida alternativo lá representado. Todos os tipos de serviços passaram a ser introduzidos e oferecidos à população ao longo dos anos: desde a recolha de lixo e limpeza das ruas, até serviços de correio e escola.

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Em 1997, a cidade criou sua moeda própria, o Løn, usada somente em transações locais, bem como criou sua própria bandeira. Não há contratos de aluguéis nem propriedades de imóveis, de modo que cada um mantém uma relação muito pessoal com a casa a qual habita. A solução de conflitos e problemas comunitários é feita democraticamente e baseada em consenso geral, de modo que cada indivíduo possui responsabilidade na manutenção da ordem no âmbito da comunidade.

Não existe polícia, portanto reuniões e encontros de caráter diversos são organizados com o objetivo de se tomar decisões em favor da comunidade e de se propor intervenções quando se fizer necessário, podendo um membro receber como “Penalidade Máxima” a exclusão permanente da comunidade.

Comércio de haxixe | Crédito da foto

Não obstante, parte dos habitantes não pertencem integralmente à comunidade, e muitos trabalham inclusive além das fronteiras de Christiania, pagando impostos regularmente ao governo dinamarquês – e, ao mesmo tempo, parte à administração da cidade livre.

As chamadas “drogas pesadas” tiveram que ser proibidos em Christiania, devido ao cerco e difamação inferidos pelo governo dinamarquês. Já o consumo de drogas tidas como “leves” passou a ser tolerado dentro dos limites da comunidade há cerca de trinta anos pelo governo dinamarquês. Entretanto, em março de 2003, autoridades evacuaram a rua Pusher Street, a principal rua de Christiania, que se tornou conhecida como ponto de venda de maconha – uma atração turística –, e prenderam mais de 50 negociadores da erva.

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Christiania é considerada a quarta maior atrações turísticas em Copenhague, com meio milhão de visitantes anualmente. Os visitantes são bem-vindos para passear em Christiania e para comer e beber em cafés, restaurantes e bares da área.

Há música ao vivo e outros eventos ao ar livre, centros de meditação e um par de casas noturnas para se divertir. Numa das paredes da cidade poderá visualizar as quatro regras do local: “No to Hard Drugs, Rocker Badges, Weapons and Violence” (não às drogas pesadas, distintivos, armas e violência). Na saída de Christiania, há uma placa que diz: “Você está entrando na União Européia“.

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A alcunha “freetown” (território livre) soa como ironia: a construção de novas casas é proibida dentro dos limites de Christiania, e há muito tempo não há espaço para novos moradores. Interessados em aderir precisam esperar por um espaço vago em uma habitação já existente. A burocracia é maior do que se poderia esperar – um demorado processo de inscrição, seguido de entrevistas com inquilinos. A espera por uma vaga costuma demorar.

Na saída, o aviso “Você está entrando na União Européia” | Crédito da foto
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O lago e área verde preservado no centro de Copenhague | Crédito da foto
Muitas regras, poucas respeitadas

Artigo publicado originalmente em julho de 2015

Fontes:  1 2 3

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