Criada em 1839 por Louis Daguerre (1787-1851), a fotografia moderna foi colocada à disposição dos investigadores policiais do departamento de Seine, em Paris, nos anos 70 do século 19. Alguns anos depois, em 1887, esse uso foi combinado ao método fotográfico de identificação criminal de Alphonse Bertillon.
Fundador da antropometria judicial, o criminologista estabeleceu as bases da ciência forense da atualidade. Assim, desde o final do século dezenove, com os avanços na documentação criminal, a Polícia de Paris acumula milhões de imagens de crimes em seus arquivos.
Em seu livro Seine de crimes (“Cena de crimes”, em tradução livre), lançado em janeiro pela Rock Editions, ele compila e tenta explicar cerca de cem imagens registradas entre 1871 e 1937 que supostamente melhor representam mortes, assassinatos, suicídios, acidentes e ataques da época.
“Analisar décadas de fotografias de cenas de crimes em Paris é, acima de tudo, uma forma de revelar a evolução das técnicas de investigação e as formas de se lidar com a criminalidade”, explica o autor no prefácio do livro antes de apresentar um breve resumo da história da prefeitura de polícia parisiense. “Além do óbvio interesse médico, essas fotografias testemunham tanto a selvageria humana quanto as vidas daqueles que vieram antes de nós”, acrescenta.
Apesar de algumas cenas famosas terem entrado no livro – o ataque ao Louvre de 1905 e oassassinato de Jean Jaurès em 1914 –, a maioria delas é de pessoas anônimas, muitas vezes assassinadas das formas mais terríveis. Conhecemos em detalhes a morte de um tal Julien Delahieff, “embrulhado em tecido e trancado em uma mala” em 1896; a de Madame Candal, “que amava gatos” e foi aparentemente espancada até a morte em 1914; ou a de Suzanne Lavollée, prostituta: estrangulada e mutilada brutalmente, ela teve as partes íntimas “cortadas” e “destruídas” em 1924.
Por causa da natureza por vezes difícil de certas fotos do livro, Philippe Charlier se questionou quanto à legitimidade de seu trabalho. “Essas fotografias são históricas, os casos estão arquivados e elas já têm bem mais que os 30 anos exigidos para poderem ser divulgadas para o público”, explica. “O problema que consideramos não é tanto pela questão legal, mas, sim, ética. Mesmo que seja permitido por lei publicar fotos desse tipo, será que é aceitável desrespeitar o sigilo médico e a privacidade [alheia]?”
Em resposta a essas perguntas, o médico-legista desenvolveu o “conceito de uma ‘ciência discreta’ que consiga respeitar as pessoas sem se privar de evoluir em direção ao progresso e ao conhecimento”. Ainda mais enquanto motivo para se ter hoje uma compreensão maior de métodos centenários utilizados pela criminologia parisiense – métodos que, segundo Philippe Charlier, quase não evoluíram de lá para cá.
Apesar de algumas cenas famosas terem entrado no livro – o ataque ao Louvre de 1905 e o assassinato de Jean Jaurès em 1914 –, a maioria delas é de pessoas anônimas, muitas vezes assassinadas das formas mais terríveis. Conhecemos em detalhes a morte de um tal Julien Delahieff, “embrulhado em tecido e trancado em uma mala” em 1896; a de Madame Candal, “que amava gatos” e foi aparentemente espancada até a morte em 1914; ou a de Suzanne Lavollée, prostituta: estrangulada e mutilada brutalmente, ela teve as partes íntimas “cortadas” e “destruídas” em 1924.
Por causa da natureza por vezes difícil de certas fotos do livro, Philippe Charlier se questionou quanto à legitimidade de seu trabalho. “Essas fotografias são históricas, os casos estão arquivados e elas já têm bem mais que os 30 anos exigidos para poderem ser divulgadas para o público”, explica. “O problema que consideramos não é tanto pela questão legal, mas, sim, ética. Mesmo que seja permitido por lei publicar fotos desse tipo, será que é aceitável desrespeitar o sigilo médico e a privacidade [alheia]?”
Em resposta a essas perguntas, o médico-legista desenvolveu o “conceito de uma ‘ciência discreta’ que consiga respeitar as pessoas sem se privar de evoluir em direção ao progresso e ao conhecimento”. Ainda mais enquanto motivo para se ter hoje uma compreensão maior de métodos centenários utilizados pela criminologia parisiense – métodos que, segundo Philippe Charlier, quase não evoluíram de lá para cá.
Em 30 de novembro de 1897, Xavier-Ange Carrara, 34 anos, produtor de cogumelos de Kremlin-Bicêtre, assassinou e ateou fogo ao corpo de Augustin Lamarre, cobrador de dívidas. Depois de assumir a culpa, o homem foi executado em 18 de junho de 1898 na Place de la Roquette, em Paris. Anatole Deibler, considerado o mais famoso carrasco francês, assumiu a tarefa e aproveitou a oportunidade para tomar um botão com uma cabeça de cavalo do casaco do assassino condenado.
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