Histórias

A descoberta da tumba de Tutancâmon

O egiptólogo e arqueólogo Howard Carter foi contratado por George Edwards, conhecido como Lord Carnarvon, para realizar escavações arqueológicas no Egito. Carter tinha a reputação de ser meticuloso em seu trabalho e de preservar integralmente todas as descobertas. As escavações de Carter financiadas por Lord Carnarvon duraram anos, e descobriram vários túmulos e objetos, mas nenhum que trouxesse dinheiro e fama.

Por recomendação de Carter, Lord Carnarvon conseguiu uma concessão do governo do Egito para fazer escavações no Vale dos Reis, mesmo que aquela área já havia sido escavada por outros arqueólogos por anos, e muitos diziam que estava esgotada. Em 1907, Theodoro M.Davis, descobriu naquela área, um sitio que continha artefatos funerários com o nome de Tutancâmon e alguns objetos de embalsamento. O local recebeu a designação KV54 e como sendo a tumba completa do menino rei.

Mas os estudos de Carter e seu instinto lhe diziam que o menino faraó era mais importante e não teria uma tumba tão desprovida de valores como a encontrada e que por aquela área havia mais coisas a descobrir. Em 1922, depois de já estar escavando por várias temporadas sem nenhum sucesso, Carnarvon informou a Carter que ele estava falido, e não poderia ir mais adiante com as escavações. Carter alegou que sentia estar perto de algo grande, e que se fosse preciso, venderia sua casa na Inglaterra para continuar as escavações e pediu então que Carnarvon pelo menos mantivesse a concessão para as escavações no Vale dos Reis. Carnarvon disse então, que poderia financiar as escavações apenas mais uma temporada, e se não fosse encontrado algo mais relevante, as escavações estariam terminadas definitivamente.

Havia várias frentes de trabalho nas escavações no Vale dos Reis, que não eram profundas, mas abrangentes, para poder alcançar todas as áreas daquela região e em 4 de novembro de 1922, ao explorar por baixo de uma construções que servia anteriormente de depósitos de escavações passadas, sua equipe descobriu um degrau talhado na rocha. Três semanas depois, a escada e um túnel que dava para uma parede lacrada, com selo real de 3.000 mil anos atrás haviam sido limpos.

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Em 26 de novembro de 1922, Carter acompanhado de Lord Carnarvon e sua filha de 21 anos, Evelyn Herbert, abriu uma pequena brecha no canto da parede lacrada e introduziu uma vara com uma vela acesa amarrada na ponta, e assim conseguiu olhar para dentro do espaço atrás da parede e posteriormente comentou: “No começo não consegui ver nada, um ar quente saía da câmara fazendo a chama da vela oscilar e enquanto meus olhos se acostumavam com a escuridão e com a luz fraca, detalhes de dentro da sala começavam a surgir lentamente da névoa. Animais estranhos, estátuas e ouro – por toda a parte o brilho do ouro.” Howard tinha acabado de descobrir a antecâmara da tumba de Tutancâmon, o menino rei que governou o Egito de 1332 até 1323 a.C. Tal tumba recebeu a designação KV62.

Mesmo que havia evidências na tumba funerária de tentativas de invasões por ladrões de túmulos no passado, a antecâmara surpreendentemente estava intacta, bem como a parede atrás desta que dava para a tumba de Tutancâmon. O túmulo estava abarrotada com milhares de objetos de valor incalculável, incluído o sarcófago  de 110,4 quilos de ouro puro que continham os restos mumificados do faraó e a máscara funerária de 11 quilos feita inteiramente de ouro e incrustada de pedras, como lápis-lazúli, cornalina, quartzo, obsidiana, turquesa e vidro.

Em 16 de fevereiro de 1923, a câmara mortuária foi aberta por Carter, mas somente em 12 de fevereiro de 1924 foi retirado a tampa de granito que lacrava o primeiro sarcófago e somente em 11 de novembro daquele ano, foi aberto o sarcófago que continha a múmia de Tutancâmon. Cada objeto da sepultura foi fotografado individualmente, registrado e catalogado por Carter e especialistas vindos de vários museus importantes na época, um processo que durou quase oito anos. Os itens encontrados na tumba foram todos carregados para o Museu Egípcio do Cairo exceto um dos sarcófagos que foi deixado na tumba.

Em torno da abertura do túmulo e de acontecimentos posteriores gerou-se uma lenda relacionada com uma suposta “maldição”, lançada por Tutancâmon contra aqueles que perturbaram o seu descanso eterno. O inanciador de Carter, Lord Carnarvon, faleceu a 5 de Abril de 1923, não tendo por isso tido a possibilidade de ver a múmia e o sarcófago de Tutancâmon. No momento da sua morte ocorreu na capital egípcia uma falha elétrica sem explicação e a cadela do lorde teria uivado e caído morta no mesmo momento na Inglaterra. Nos meses seguintes morreriam um meio-irmão do lorde, a sua enfermeira, o médico que fizera as radiografias e outros visitantes do túmulo. Para além disso, no dia em que o túmulo foi aberto oficialmente o canário de Carter foi engolido por uma serpente, animal que se acreditava proteger os faraós dos seus inimigos. Os jornais da época fizeram eco destes fatos e contribuíram de forma sensacionalista para lançar no público a ideia de uma maldição. Curiosamente, Howard Carter, descobridor do túmulo, viveu ainda durante mais quinze anos.

As fotos que documentam a descoberta do túmulo foram colorizados por Dynamichrome para a exposição “A Descoberta do Rei Tut“, em Nova Iorque em novembro de 2015. Réplicas dos objetos precisamente trabalhados e reproduções das câmaras, possibilitarão aos visitantes da exposição visualizar a descoberta da mesma forma como os arqueólogos às descobriram em 1922.

A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter, Arthur Callender e um trabalhador egípcio abrindo o santuário mais profundo e observando pela primeira vez o sarcófago de Tutancâmon – Janeiro/1924
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Leito funerário com laterais no formato de Mehet-weret, rodeada de oferendas e outros objetos na antecâmara da tumba real – Mehet-weret “A Grande Enchente”, a deusa que foi a primeira a emergir de Nun, o oceano primordial – Dezembro/1922
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Uma cama de leão dourado e outros objetos na antecâmara. A parede nos fundos e entrada da câmara funerária protegida por duas estátuas de madeira douradas – Dezembro/1922
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Uma variedade de réplicas de barcos muito bem conservadas – 1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Uma cama de leão dourado, entre outros objetos na antecâmara – Dezembro/1922
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Debaixo da cama do leão dourado na antecâmara tinha várias caixas e baús e uma cadeira de ébano e marfim que Tutancâmon usava quando era criança – 1922
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Um busto dourado da Vaca Celestial Mehet-Weret e ao fundo o cofre dourado dos vasos canópicos que continham os órgãos internos do faraó – 1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Conjunto de cofres dentro da câmera do tesouro – 1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Vasos de alabastro talhados na antecâmara – Dezembro/1922
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Em um laboratório improvisado na tumba do faraó Seti II no Vale dos Reis, próximo as escavações de Carter, os especialistas Arthur Mace e Alfred Lucas limpam uma das estátuas sentinelas – Janeiro/1924
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter, Arthur Callender e um trabalhador egípcio envolvendo uma das estátuas sentinelas para seu transporte – Novembro/1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Arthur Mace e Alfred Lucas trabalhando em uma carruagem de ouro do túmulo de Tutancâmon, fora do laboratório improvisado na tumba do faraó Seti II – Dezembro/1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Estátua de Anúbis representado como um chacal, na câmera do tesouro – 1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter, Arthur Callender e dois trabalhadores removendo a parede divisória entre a antecâmara e a câmara mortuária – Dezembro/1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Dentro do primeiro santuário exterior que guardava o corpo do faraó, encontraram um enorme manto de linho com rosetas de ouro que simula o céu estrelado – Dezembro/1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter, Arthur Mace e um trabalhador egípcio enrolando cuidadosamente o manto de linho que cobre o santuário – Dezembro/1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter, Arthur Callender e dois trabalhadores egípcios retirando cuidadosamente um dos santuários de ouro da câmera funerária – Dezembro/1923
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter examinando o sarcófago de Tutancâmon – Outubro/1925
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Howard Carter e um trabalhador examinando o sarcófago mais interno de ouro maciço – Outubro/1925
A descoberta da tumba de Tutancâmon
Máscara funerária de ouro maciço de Tutancâmon – Novembro/1925
A descoberta da tumba de Tutancâmon
O aristocrata inglês George Edwards Stanhoff Molynelix, quinto conde de Carnarvon, patrocinador das escavações, lendo na varanda da casa de Howard Carter, próxima do Vale dos Reis – 1923

Crédito da fotos: The Griffith Institute

Colorização: Dynamichrome

Fonte: 1

“Aprenda com o ontem, viva para o hoje, acredite no amanhã. O importante é não parar de questionar!”. – Albert Einstein

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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