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A curiosa história da Escada de Bruxa

A escada de bruxa é um talismã mágico utilizado na prática da bruxaria, composta por uma corda, cordão ou colar com nós, contas ou outros elementos entrelaçados.

Uma “escada de bruxa”, também conhecida como “corda e penas”, “escada de feitiços” ou simplesmente “corda de bruxa”, é uma prática enraizada na magia popular e bruxaria. Essa peculiar ferramenta mágica é confeccionada a partir de corda ou cabelo, elaboradamente entrelaçados com nós, e geralmente serve como componente central em rituais mágicos. Amuletos são habilmente amarrados ou trançados nos cordões, cada um carregando uma intenção mágica específica.

A eficácia da escada de bruxa reside na combinação do número de nós e na natureza dos encantos incorporados, ambos ajustados conforme a finalidade desejada do feitiço. Essa prática singular reflete a diversidade e a personalização inerentes à magia, onde a conexão entre elementos simbólicos e intenções mágicas desempenha um papel crucial na manifestação dos resultados desejados.

A curiosa história da Escada de Bruxa

A primeira escada de bruxa registrada foi descoberta em uma casa antiga em Wellington, Shropshire, que foi demolida em 1878. Durante esse processo, um espaço inacessível pelo interior da casa, localizado entre o telhado e o cenáculo, revelou seis vassouras, uma poltrona desgastada e uma intrigante “corda com penas tecidas”. As vassouras, apesar de seus cabos deteriorados, foram substituídas para possibilitar seu uso posterior. Já a cadeira e a corda foram cuidadosamente guardadas em um armazém.

A notável descoberta foi documentada e divulgada graças às investigações de antiquários locais, Abraham Colles e EB Tylor, no Folk-Lore Journal. O artigo inicial detalhou as respostas às perguntas locais, mas provocou uma série de cartas subsequente ao jornal, onde diversas opiniões foram expressas em relação à função da corda. Essas correspondências contribuíram para uma discussão ampla sobre o significado e o propósito das escadas de bruxa na cultura e prática mágica da época.

A curiosa história da Escada de Bruxa

Quando o folclorista americano Charles Godfrey Leland soube da descoberta em Wellington enquanto estava na Itália, iniciou uma investigação que revelou uma prática semelhante entre as bruxas locais, conhecida como “guirlanda de bruxa”. Esse item, feito de corda e adornado com penas pretas de galinha, era utilizado para lançar maldições. Cada nó era amarrado enquanto uma maldição era proferida, e a guirlanda era discretamente colocada sob a cama da vítima, buscando trazer má sorte.

A versão de Leland apresenta algumas diferenças em relação à encontrada em Somerset. Na “guirlanda de bruxa” italiana, as penas eram amarradas na corda em vez de trançadas, e a corda deveria ter os cabelos da vítima entrelaçados nela. As penas eram retiradas de uma galinha preta viva, uma a uma, e inseridas nos nós conforme eram feitos no cordão. Leland também descreve a inclusão de uma imagem de galinha ou galo (feita de algodão ou material semelhante) ao lado da guirlanda, sobre a qual uma cruz de alfinetes pretos era feita. O conjunto completo era então ocultado sob o colchão da pessoa alvo.

Leland afirmou que a maldição poderia ser desfeita ao encontrar tanto a galinha quanto a guirlanda e jogar tudo em água corrente. O enfeitiçado seria então conduzido a uma igreja durante a realização de um batismo, onde deveria recitar um feitiço específico antes de ser banhado em água benta, encerrando assim o malefício. Esses detalhes adicionam uma camada intrigante à compreensão das práticas mágicas e rituais supersticiosos associados à guirlanda de bruxa na Itália.

A curiosa história da Escada de Bruxa

O reverendo e estudioso Sabine Baring-Gould incluiu um artigo abrangente sobre a escada da bruxa em seu romance “Curgenven”, publicado em 1893. Segundo seu relato, a escada era confeccionada com lã preta, incorporando fios brancos e marrons. A peculiaridade residia na prática de amarrar, a cada cinco centímetros, penas retiradas da cintura de um galo. O criador da escada entrelaçava nela dores e outras aflições destinadas à vítima, conferindo-lhe um caráter mágico.

Após a elaboração desse artefato, a escada era lançada ao fundo do Lago Dozmary, situado em Bodmin Moor. A crença associada a esse ato peculiar era que, à medida que as bolhas ascendiam até o topo da lagoa, a maldição seria liberada. Essa representação pitoresca adiciona uma camada de mistério e simbolismo à prática da escada da bruxa, oferecendo uma visão fascinante das crenças e rituais supersticiosos da época.

Escada de bruxa na feitiçaria moderna

Uma interpretação moderna da escada de bruxa se manifesta como um colar de 40 contas ou um cordão com 40 nós, representando um exemplo contemporâneo desse talismã mágico. O artigo “The Witches’ Ladder” explica que, ocasionalmente, penas, ossos e outras pequenas peças são entrelaçadas no cordão, servindo como símbolos para potencializar o efeito mágico desejado. Em suas versões anteriores, a escada de bruxa consistia em uma corda ou cordão com três, nove ou treze nós.

A criação da escada de bruxa pode ser realizada progressivamente, uma seção de cada vez, ou de uma só vez. Independentemente do método escolhido, cânticos especiais são entoados durante o processo de elaboração para capacitar o talismã a seguir as instruções de seu criador. De acordo com o artigo, ao dar o último nó, toda a energia é direcionada para o cordão e seus nós, enquanto o criador visualiza o objeto do trabalho, consolidando assim o propósito da magia de cordão, magia de nó ou magia de corda.

A curiosa história da Escada de Bruxa

Após a conclusão, as contas ou nós da escada de bruxa proporcionam à bruxa uma maneira prática de se concentrar em cantos ou encantamentos repetitivos sem a necessidade de contar. Essa abordagem permite que a bruxa concentre sua vontade e energia no alcance do objetivo desejado, oferecendo uma ferramenta prática e simbólica dentro da prática mágica contemporânea.

Wiccanianos modernos atribuem uma variedade de usos à escada de bruxa, acreditando que qualquer intenção pode ser transformada em um feitiço mágico por meio desse talismã. Uma crença que perdura desde tempos antigos sugere que as bruxas lançavam feitiços de morte amarrando nós em um cordão e, em seguida, escondiam esse cordão. A única maneira de desfazer o feitiço, segundo essa tradição, era encontrar o cordão secreto e desatar cada nó.

Essa prática simboliza a ideia de que a energia e a intenção direcionadas aos nós são essenciais para a materialização do feitiço. Os wiccanianos modernos utilizam a escada de bruxa como uma ferramenta versátil que pode ser adaptada para diversos propósitos mágicos, refletindo a flexibilidade e a personalização presentes na prática contemporânea da bruxaria.

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Movido por uma curiosidade insaciável, ansiava por um espaço onde pudesse preservar as curiosidades singulares que encontrava em livros e na internet. Dessa busca, surgiu o Magnus Mundi em 2015. Julio Cesar, nascido em Blumenau e residindo em Porto Belo, litoral de Santa Catarina, viu seu desejo de compartilhar maravilhas peculiares tomar forma nesse site.

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