O Salto do Bebê, também conhecido como “El Colacho”, é uma tradição espanhola profundamente enraizada que remonta a 1620. Anualmente celebrada em Castrillo de Murcia, uma encantadora aldeia no município de Sasamón, na província de Burgos, essa festividade é uma manifestação única que coincide com a celebração católica de Corpus Christi.
No cerne dessa celebração singular, homens vestidos como demônios, conhecidos como “Colacho”, exibem trajes vibrantes em tons de vermelho e amarelo, protagonizando uma cerimônia ousada e intrigante chamada “El Salto del Colacho” – o salto do diabo. Durante esse ato incomum, esses demônios saltam sobre colchões dispostos nas ruas, nos quais repousam bebês nascidos nos doze meses anteriores. Equipados com chicotes e castanholas enormes, os “demônios” realizam seus saltos, em um espetáculo que mistura tradição, simbolismo e teatralidade.
Antes do início do salto, os demônios provocam a plateia, aguardando a entrada dos bateristas “atabalero”. Esses músicos piedosos marcam o início do ritual, simbolizando a expulsão dos demônios e seu afastamento. Ao saltarem sobre os bebês, a crença é que esses “demônios” absorvem os pecados dos pequenos, levando consigo qualquer carga espiritual negativa.
A Irmandade do Santíssimo Sacramento de Minerva é a responsável pela organização dessa semana de festividades, que culmina no domingo seguinte ao Dia de Corpus Christi, quando o Colacho executa seus saltos ousados sobre os colchões posicionados ao longo da procissão que percorre a cidade.
As origens precisas dessa tradição permanecem envoltas em mistério, mas a crença subjacente é que o ritual purifica os bebês do pecado original, assegurando-lhes uma passagem protegida pela vida e guardando-os contra doenças e influências malignas. Vale ressaltar que, apesar da peculiaridade e do vínculo cultural, o Papa Bento XVI aconselhou os padres espanhóis a se distanciarem do “El Colacho”, enfatizando que a Igreja ensina que o pecado original é purificado pelo sacramento do batismo.
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